Bloco reúne samba, Gandhi e música indiana: 'Maneira de celebrar a vida'
Mais do que um bloco de Carnaval, a folia do Bollywood, organizado pela comunidade indiana de São Paulo, é a maior festa indiana da América Latina e uma conexão entre as duas culturas. O desfile reuniu a cônsul da Índia no Brasil, a bateria da USP e até um ator famoso por interpretar Gandhi, o ativista indiano que lutou entre as décadas de 1920 e 1940 pela independência do país, pregando a paz, o fim da pobreza, o direito das mulheres e a harmonia religiosa e étnica.
O que aconteceu
A jornalista Florência Costa ajudou o marido, o jornalista indiano Shoban Saxena, a criar o bloco de Carnaval. Quando retornaram ao Brasil, em 2012, sentiam muita falta dos festivais de rua na Índia e resolveram criar com bloco. "Meu marido teve a ideia de montar o bloco para matar a saudade das músicas de Bollywood. O bloco é inspirado nas festas indianas, como casamento, festivais", explica Florência.
Diretora do Centro de Cultura da Índia no Brasil e uma das organizadoras do cortejo, Jothi Kiran Shukla, que está no Brasil há dez meses, diz o objetivo do bloco é conectar as culturas brasileira e indiana. "Os dois países têm uma herança cultural intensa e eles se interagem, como aqui hoje que a bateria da USP tocou samba e música indiana. Conseguimos conectar as pessoas", afirma Jothi.
Patrocinado pelo Consulado da Índia no Brasil, o bloco também arrastou diplomatas e Consul para o cortejo de Carnaval. A cônsul da Índia em São Paulo, Manisha Swani, que vive em São Paulo há um ano e meio, acompanha pelo segundo ano o bloco e diz que é uma iniciativa muito interessante essa fusão das duas culturas.
Estamos celebrando a diversidade, a vibração, essa é a nossa maneira de celebrar a vida. Eu acho que é uma iniciativa excelente trazer a Índia e o Brasil juntos com muita vibração, muita energia, porque na Índia também tudo é muito vibrante, assim como no Brasil Manisha Swani
Embaixador da Índia no Brasil, Suresh Teddy, viajou de Brasília a São Paulo para acompanhar pela primeira vez o bloco e ficou encantado com a festa. "É fascinante, fora de série, é uma conexão cultural entre Índia e o Brasil, juntos em uma mesma festa de rua", diz Teddy, comparando o cortejo aos tradicionais festivais de rua na Índia.
Protagonista há 21 anos de um monólogo no teatro sobre Gandhi, o ator João Signorelli participou pela primeira vez do bloco caracterizado como o personagem.
Hoje eu trouxe Gandhi para o Carnaval, os indianos têm um humor muito grande, adoram festa e Carnaval. Então, hoje o Gandhi veio para a rua. João Signorelli, ator
O contador Tajinderpal Singh, 29, vive no Brasil há cerca de um ano. Em conversa com Splash, ele contou que gosta do feriado brasileiro e costuma participar do Bloco Bollywood como forma de lembrar de sua terra natal.
Para o evento, ele escolheu usar um turbante que indica que é da religião Sikh. " "Na Índia não tem Carnaval e a minha religião não permite música e bebida, apenas músicas religiosas", explica o indiano
O casal Deborah Rai, 27 e Gurvin Singh Rai, 38, acompanham o bloco desde sua estreia no Carnaval, que aconteceu em 2016. "Sempre gostei de Carnaval e arrastei meu marido para o bloco porque ele é uma pessoa muito flexível apesar da religião", contou a brasileira.
Gurvin contou que sonha em levar a filha, de 2 anos, para conhecer o bloco em algum momento. "O bloco me ajuda a ficar mais perto da cultura indiana e posso dançar [músicas indianas]"
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