Scapin diz que essência do Carnaval se perdeu: 'Beira um desfile militar'

Cássio Scapin, conhecido por interpretar Nino no Castelo-Rá-Tim-Bum nos anos 90, criticou os desfiles das escolas de samba no Carnaval do Brasil. De acordo com o ator, atualmente eles estão muito organizados, competitivos e rigorosos, quando não deveriam ser.

O que ele disse

O Carnaval é a festa da desorganização. Antes enquanto você desfilava, você paquerava alguém, existia um flerte, mesmo que você fosse empurrado pelo chefe de ala, não fazia mal. Hoje beira um desfile militar, e isso me assusta Cássio Scarpin

Para o ator, a padronização dos desfiles é gigante, e isso faz com que a essência do Carnaval se perca. "Eu gostava quando era um pouquinho mais caótico. O Carnaval é para ser o inverso de tudo que é o nosso cotidiano, é o momento de libertação", defendeu o ator.

Me assusto um pouco quando vejo uma ala coreografada. A perfeição é linda, mas a humanidade é mais bonita. Se a gente relaxar um pouquinho, conseguimos retomar uma coisa muito importante: a humanidade do Carnaval

Transmissão dos desfiles na televisão. Cássio acredita que a disputa pelo prêmio e a cobertura televisiva influenciam a mudança no Carnaval. O ator enxerga isso como um prejuízo, já que as escolas precisam estar padronizadas para atingir um nível de apresentação esperado, com coreografias e execuções excelentes. "Isso não é Carnaval. Carnaval significa festa carnal, a festa da carne", completou.

Cássio vê um processo de retrocesso e pudor com corpos nus. "Um dia eu estava no camarote com a Regina Volpato e falei: "Você percebeu que tudo 'encaretou' um pouco mais? Tá todo mundo vestidinho, sunguinha larga, peito coberto, o que está acontecendo?. Eu acho que estamos 'encaretando', dando um passo para atrás do que a gente tinha conseguido". São essas coisas que acho que podemos repensar pro nosso carnaval"

Carnaval é sinônimo de pegação. "O Carnaval era o lugar em que a gente paquerava, onde você podia se apaixonar por 3 dias, e ficar procurando a mesma pessoa no bloco pra dar mais um beijo", comentou Cássio, que ponderou que precisa existir um limite entre a diversão e o abuso. "Temos que tomar cuidado. Precisamos equalizar como brincar um Carnaval, ser relaxado, divertido, paquerador, mas que tudo seja na sua medida e não seja abusivo", finalizou.

A paixão pela Mocidade Alegre. O ator foi destaque da Mocidade Alegre por 15 anos e parou por uma questão de agenda de trabalho. "Eu gosto de ir aos ensaios, de estar com a comunidade, de participar da criação e da energia que está acontecendo, então quando eu não podia fazer isso, eu não ia desfilar, mas eu morro pela mocidade, fico sempre na torcida e sempre acompanho os desfiles do camarote do Bar Brahma, quando não estou na avenida."

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.