Mocidade Alegre traz brasilidade de Mario de Andrade e desfile hipnotizante
A escola de samba Mocidade Alegre, campeã do Carnaval 2023, levou para a avenida o enredo "Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país", cujo tema conta a história do Brasil em conjunto com o escritor e poeta Mário de Andrade (1893 - 1945). A agremiação foi a terceira a desfilar na madrugada deste domingo (10).
A Mocidade Alegre foi fundada em 1967, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, e busca seu 12º campeonato.
O desfile desta noite foi uma homenagem à expedição feita por Mário de Andrade há exatos 100 anos, em 1924. A viagem tem como ponto de partida a capital paulista, a terra natal dele, e depois, com outros modernistas, parte em direção a um Brasil mais profundo.
São Paulo é retratada como uma cidade cinza. Há também uma "Ode ao Burguês", para mostrar como são os habitantes. O viaduto do chá e as engrenagens que mostram o desenvolvimento da cidade.
A ex-BBB Thelminha é musa da escola e desfilou na frente do carro abre-alas.
Depois de São Paulo, Mario visitou Minas Gerais. O estado teve sua arte barroca e cidades históricas representadas.
A ala das baianas estavam homenageando as obras de Aleijadinho. Elas estavam de cinza, pareciam ser de concreto.
A folia do nordeste, adorada por Mario de Andrade, ganhou destaque. Maracatu ganhou um carro próprio.
Para Recife, o frevo foi homenageado. Logo depois, houve ala de raízes africanas.
Sou dessa terra | Filho da garoa fina | Onde a dura poesia, me fez arlequim | Retalho de um delírio insano | Sagrado e profano, por tantos Brasis | Trilhando caminhos de crença e paz | Dourado é teu chão, oh Minas Gerais!; Eu vi no traço genial; A arte barroca, um dom divinal.
Trecho do samba, puxado pelo intérprete Igor Sorriso
Aline Oliveira, rainha de bateria, brilhou no sambódromo em um figurino luxuoso. A comissão de frente da escola foi comandada pelo coreógrafo Jhean Allex. Essa foi a segunda vez de Natália Lago como primeira porta-bandeira da agremiação, mas é a sua estreia ao lado de Diego Motta.
O samba enredo é fácil de decorar, assim, o público cantou junto.
A bateria (batizada como Ritmo Puro) foi comandada pelo Mestre Sombra, que tem mais de três décadas na agremiação. Solange Cruz Bichara Rezende é a presidente, e o carnavalesco que assina o desfile, Jorge Silveira.
A Mocidade Alegre já foi campeã do Grupo Especial do carnaval paulistano 11 vezes: em 1971, 1972, 1973, 1980, 2004, 2007, 2009, 2012, 2013, 2014 e 2023. Agora corre atrás de seu bicampeonato consecutivo.
O diretor e ator Pascoal da Conceição, que viveu o poeta Mário de Andrade na Avenida, contou ter experimentado um momento inesquecível durante o desfile da Mocidade Alegre, já na madrugada de domingo (11), no Sambódromo do Anhembi.
A escola me procurou para viver esse intelectual brasileiro que já falava de temas considerados atuais apenas hoje. É incrível poder contar essa história incrível.
"Faço Mário de Andrade para teatro e televisão desde 1988. Não sabia, mas fiquei sabendo que me pareço com ele. Então passei a ter essa espécie de obrigação espiritual de ajudar a manter a memória desse gênio da intelectualidade brasileira", afirmou o artista. Para quem não lembrou, Pascoal é o eterno Doutor Abobrinha do Castelo Rá-Tim-Bum, produção infantil da TV Cultura dos anos 1990.
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