Bonde dos Laranjinhas: garis recolhem 2 caminhões de lixo após bloco da Iza

Após a estreia do bloco da cantora Iza, no Carnaval de São Paulo, cerca de 100 varredores recolheram pelo menos dois caminhões de lixo deixado por foliões na avenida onde foi realizado o cortejo. É o chamado "Bonde das Vassouras" ou "dos Laranjinhas", como eles brincam entre si.

O que aconteceu

A cantora Iza desfilou com o seu bloco nas ruas de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, e arrastou milhares de foliões. Uma multidão ouviu a artista carioca, dona de hits como "Brisa" e "Dona de Mim", por cerca de quatro horas. NX Zero e MC Carol foram os convidados especiais do bloco.

Após a passagem do trio, que terminou por volta das 17h, sob um sol escaldante, o que se viu por ali foi um acúmulo de lixo deixado pelos foliões ao longo dos 500 metros de percurso. Garrafa pet, latinhas de cervejinha e até camisinha usada eram encontrados no chão.

Foi aí que entraram em ação os cerca de 100 varredores de rua, que tinham como missão recolher toda a sujeira.

O esquema de limpeza no Carnaval de São Paulo é complexo e exige planejamento. Funciona da seguinte forma: primeiro, o trio encerra o cortejo. Na sequência, policiais e seguranças ajudam a evacuar todos os foliões do local.

Atrás, está o Bonde dos Laranjinhas. Eles fazem inicialmente a varrição (seja com a vassoura tradicional ou elétrica). Um caminhão ajuda a sugar o lixo restante. Os garis que haviam varrido a avenida, voltam para o começo e fazem uma segunda varrição.

Passado todo este processo, um caminhão-pipa com água de reuso é utilizado na lavagem da via. Além da água, desinfetante. Nesta avenida, dois caminhões-pipa foram usados.

No final, quando há dispersão, a gente faz um multirão de limpeza, de ponta a ponta, e depois voltamos lavando a via, a maioria concentrada na avenida e uma parte do pessoal nas calçadas. O processo todo demora de 1 hora a 1 hora e meia.
Gustavo Valzachi Benatti, 36, gerente de operações

José Batista (à esq.), de 36 anos, e Armando Isídio (à dir.), de 60, trabalham juntos na limpeza de ruas após blocos
José Batista (à esq.), de 36 anos, e Armando Isídio (à dir.), de 60, trabalham juntos na limpeza de ruas após blocos Imagem: Gilvan Marques/UOL
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A reportagem, no entanto, percebeu que dois caminhões já haviam retirado o lixo do local em cerca de 30 minutos. Todo o material recolhido é direcionado a um centro de reciclagem.

José Batista, 36, trabalha há uma década na limpeza urbana. Mora em Parelheiros, no extremo sul da capital. Acorda às 4h para conseguir chegar pouco antes das 6h no trabalho.

Eu acredito que o nosso trabalho ajuda na organização do evento e faz com que o próprio folião fique mais à vontade no seu ambiente. O ponto principal aqui, hoje, é a limpeza. Sem nós, da limpeza, acho que dificultaria bastante a situação
José Batista

Armando Isídio, 60, trabalha como gari há 21 anos. Assim como o seu colega de trabalho, acorda ainda de madrugada para chegar à empresa, pontualmente. "Eu me sinto muito bem no meu trabalho. Só esperando a aposentadoria chegar", contou ele, rindo, ao UOL, entre uma conversa e outra.

Eles trabalham para uma empresa terceirizada, que recebeu a concessão da Prefeitura de São Paulo. Os garis recebem, em média, cerca de R$ 1.700 mais benefícios. São oito horas de trabalho.

Como funciona o cálculo de trabalhadores para blocos?

A capital paulista é atendida por seis empresas que ganharam a concessão da prefeitura por um determinado período. Cada uma delas atende uma região.

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Para o Carnaval, a Prefeitura de São Paulo prometeu pelo menos 16.700 agentes na limpeza de ruas, avenidas e praças após os desfiles.

As empresas calculam o número de trabalhadores que deve ser deslocado para o bloco de acordo com a estimativa de público. Se o número de foliões, diz Benatti, há outros trabalhadores de reserva ou que podem ser deslocados de um bloco para outro.

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