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Doações e rifas ajudam jovens atletas afetados pela pandemia

Jovens que participam do Drible Certo, instituto esportivo social que leva basquete para jovens das periferias de São Paulo - Arquivo Pessoal
Jovens que participam do Drible Certo, instituto esportivo social que leva basquete para jovens das periferias de São Paulo Imagem: Arquivo Pessoal

Rodrigo Bertolotto

De Ecoa, em São Paulo

27/04/2020 04h01

Até início de março, elas estavam em quadra arremessando para a cesta, agora estão em casa esperando uma cesta básica. As 380 crianças (e suas respectivas famílias) atendidas pelo projeto de basquete Drible Certo continuam a serem ajudadas mesmo nesse momento de paralisação esportiva e econômica por conta da pandemia.

"Além de passar por WhatsApp vídeos de nossos professores ensinando a fazer exercício em lugar reduzido, afinal, muitas famílias vivem em um cômodo só, a gente está indo em cada beco e viela para levar os mantimentos", conta Jones Rodrigues, fundador da ONG que aproxima a prática esportiva para bairros empobrecidos das zonas norte, sul e leste de São Paulo.

A iniciativa já arrecadou mais de 800 quilos de alimento e R$ 1.400, dinheiro que é usado na compra de comida no comércio local a preço de custo, para ajudar também a manter a economia popular.

"A gente já dava umas 30 cestas básicas em tempos normais para as famílias mais carentes, mas estendemos para as famílias em que pais e mães estão parados porque são trabalhadores informais ou autônomos", afirma Jones, que foi jogador de basquete semiprofissional com passagens por clubes como Paulistano, Ipiranga e Suzano.

Pelo Brasil todo, os projetos esportivos pararam para obedecer as regras do isolamento social, mas continuaram com seu propósito, também social, de proporcionar algum alívio para a parcela da população brasileira que vive na pobreza. Muitos atletas olímpicos, como o judoca Flávio Canto, o velejador Robert Scheidt e o nadador Clodoaldo Silva, estão levando adiante ações semelhantes.

Em outros países há iniciativas parecidas, como a da seleção portuguesa de futebol, que doou metade do prêmio pela classificação para a Eurocopa para os jogadores da liga amadora do país.

Auxílio urgente

O projeto que mais se destaca, por sua proporção, é o tocado por Ana Moser, medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta, em 1996. O Instituto Esporte e Educação tem 19 anos de existência e atende 5.000 alunos de 4 a 18 anos em núcleos no Estado de São Paulo e nos municípios do Rio de Janeiro e Recife. A ONG já arrecadou R$ 126 mil, com ajuda de empresas, entidades e pessoas físicas, e precisa mais auxílio para distribuir alimentos e kits de higiene e limpeza.

"Nós fazemos um trabalho social por meio do esporte. Nesse momento, as necessidades são mais urgentes. As crianças estão sem a merenda da escola, e os pais sem renda. Precisamos continuar com essa ajuda porque não se sabe como vai ser daqui para a frente. São famílias que ficam descobertas muito rapidamente", disse Ana Moser.

Crianças atendidas pelo Instituto Esporte e Educação, de Ana Moser - Divulgação - Divulgação
Crianças atendidas pelo Instituto Esporte e Educação, de Ana Moser
Imagem: Divulgação

Heliópolis, a maior favela de São Paulo, é um dos locais atendidos, com 900 famílias em situação de vulnerabilidade. Lá já foram distribuídas 144 cestas de alimentos e kits de higiene. "Nossos professores mapearam o comércio local, para ajudar também a atividade economia por lá", afirmou Celiane de Oliveira, que é coordenadora do instituto.

As iniciativas incluem até rifas, como a organizada por Gustavinho Lima, ex-ala e atual supervisor da equipe sub-19 do Corinthians. Ele colocou como prêmio a camiseta que o time usou no Campeonato Sul-Americano de 2019 para quem contribuir para ajudar os jogadores juvenis que ficaram sem contrato com a paralisação.

"Fiquei bem chateado quando os clubes começaram a cortar, afinal, a categoria de base devia ser a prioridade. Essa camiseta eu ia guardar como recordação, mas ela vai ser muito mais útil nesse momento difícil dos garotos", contou o ex-jogador. Até agora ele conseguiu arrecadar R$ 6.000 e contou com doações de outros itens esportivos para entrarem como premiação secundária na rifa. O sorteio é no próximo dia 30 de abril, quinta-feira.

Doações

Instituto Esporte e Educação - Para doar basta entrar no site https://iee.abraceumacausa.com.br/ com kits de higiene e limpeza (R$ 30 cada) e cestas básicas (R$ 50)

Instituto Drible Certo - contribuições na conta corrente 8839-0 da agência 6.850-0 do Banco do Brasil, em nome do Instituto Desportivo Educacional Drible Certo (CNPJ: 13.875.007/0001-07)

Rifa promovida por Gustavinho Lima - valor a depositar na conta 79193305-1 da agência 0001 do Nubank, em nome de Gustavo Santos Pereira Lima, CPF: 213221278-32

Ecoa tem uma lista permanente de instituições e iniciativas que estão arrecadando dinheiro, itens de higiene e alimentos para as populações em situação de vulnerabilidade e afetadas pela crise do coronavírus. Há gente precisando de ajuda no Brasil inteiro.