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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Política afasta Piquet da F-1 em São Paulo

Nelson Piquet e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Rondônia, em maio - Transmissão
Nelson Piquet e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Rondônia, em maio Imagem: Transmissão

Colunista do UOL

11/11/2021 16h34

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A política afastará Nelson Piquet do GP de São Paulo, neste fim de semana.

Este blogueiro apurou que o tricampeão da F-1, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), recusou os convites da organização da prova. O motivo, a ligação do GP com o governador Joao Doria (PSDB).

Bolsonaro e Doria são adversários ferrenhos e, não raro, trocam farpas publicamente. Nos últimos anos, a F-1 tornou-se um componente importante dessa relação tão conturbada.

Começou em junho de 2019, quando Bolsonaro abraçou o projeto de um autódromo no Rio de Janeiro, na região de Deodoro. Recebeu dirigentes da categoria em Brasília e chegou a dizer que as chances de a capital fluminense receber a F-1 a partir de 2021 eram de 99%.

Doria, que à época também se reuniu com executivos da categoria, desdenhou do plano. "Não é uma decisão política, emocional ou institucional. É uma decisão de negócio. A F-1 vai levar em conta esses argumentos, não há decisão tomada pelo período a partir de 2021", disse.

Nos meses seguintes, a F-1 esteve várias vezes no cardápio de provocações de lado a lado. Até que, há exatamente um ano, Doria anunciou a renovação do contrato de São Paulo com a Liberty Media até 2025.

O novo acordo teve direito a uma cereja no bolo, uma última alfinetada de Doria em Bolsonaro: a mudança do nome da corrida. A partir desta edição, a etapa brasileira da F-1 chama-se, oficialmente, GP de São Paulo.

Piquet conversou com os promotores do GP sobre sua presença na prova e até os últimos dias estava considerando vir a Interlagos. Mas mudou de ideia, com receio de que sua imagem, de alguma forma, fosse ligada a Doria.

Nos últimos meses, Piquet tem intensificado seu apoio a Bolsonaro, inclusive participando de eventos da agenda do presidente. O ponto alto foi ter dirigido o Rolls Royce presidencial para a cerimônia de hasteamento da bandeira do Brasil, no Palácio da Alvorada, no 7 de Setembro.

Vencedor do GP Brasil duas vezes, quando a prova acontecia em Jacarepaguá, Piquet sempre foi presença constante em Interlagos.

Em 2011, protagonizou uma cena inusitada: antes do GP Brasil, pilotando a Brabham do primeiro título mundial, tirou uma bandeira do Vasco do cockpit e a agitou para o público.

Procurada, a assessoria de imprensa do tricampeão informou que ele gostava de vir ao GP para reencontrar velhos amigos das pistas, como Lauda e Charlie Whiting, ex-colega dos tempos de Brabham. Ambos morreram em 2019. Sem eles no paddock, Piquet não teria se animado a viajar.

Piquet teria ao menos outra boa razão para estar em Interlagos: o líder do Mundial, Verstappen, é seu genro. Desde o ano passado, namora sua filha Kelly. Nos últimos dias, o tricampeão recebeu o holandês em sua casa, em Brasília. Nelsinho Piquet registrou a conversa nas redes.

Nesta quinta, Verstappen foi questionado sobre o encontro. "Ele não me deu conselhos porque não preciso de conselhos", disse.