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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ao confessar pulsão pedófila, Bolsonaro inaugura nova dimensão da repulsa

14.out.2022 - Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, participa de encontro com prefeitos de cidades de Minas Gerais ao lado de Braga Netto (PL), seu vice candidato na chapa, e Romeu Zema (Novo), governador de MG - Gilson Junio/Estadão Conteúdo
14.out.2022 - Jair Bolsonaro (PL), presidente e candidato à reeleição, participa de encontro com prefeitos de cidades de Minas Gerais ao lado de Braga Netto (PL), seu vice candidato na chapa, e Romeu Zema (Novo), governador de MG Imagem: Gilson Junio/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

16/10/2022 09h26

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A cientista política norte-americana Amy Erica Smith, que estuda o papel da religião na política brasileira, diz que, para os evangélicos, a preocupação com o cuidado das crianças, em termos da sexualidade, é importantíssima. Segundo ela, dentro do mundo evangélico esse é um assunto que desperta muita emoção. "De todos os assuntos políticos, esse é o que mais mobiliza", fala Smith.

Pois estamos prestes a descobrir se a confissão de impulsos pedófilos de Bolsonaro terá o impacto que deveria entre um de seus maiores grupos de apoio.

Em entrevista a um podcast amigável a sua candidatura, o atual presidente disse que um dia, durante um passeio de moto, ele viu algumas meninas de 14 ou 15 anos na rua, parou, tirou o capacete e foi ter com elas, momento no qual, segundo o homem de 67 anos, "pintou um clima".

Só "pinta um clima" com uma adolescente de 14 anos na cabeça de um senhor de mais de 60 anos no caso de ele ser um pedófilo. Não sendo, não pinta um clima.

Antes disso, em uma de suas lives, o atual mandatário já havia sexualizado uma criança que teria uns nove ou dez anos.

Deixemos para lá as insinuações de Bolsonaro de que as meninas estavam exercendo trabalho sexual e que ele, diante da suspeita, nada fez além de entrar na casa delas (elas não estavam, aliás. O que dizer do presidente, que, vendo algumas meninas arrumadas na rua, concluiu que eram trabalhadoras sexuais? Trata-se de uma mente absolutamente adoentada).

Mas vamos analisar a fotografia ampliada de Jair Bolsonaro.

Estamos diante de um candidato à reeleição que já foi formalmente acusado de racismo e de LGBTfobia.

De um candidato ligado a milicianos, a milícias, ao fascismo e ao nazismo.

De um candidato ligado ao que está sendo chamado de "o maior esquema de corrupção já visto" - o Bolsolão, ou orçamento secreto.

De um candidato cujo enriquecimento não é compatível com os cargos que ocupou e ocupa (Leiam "O Negócio do Jair", de Juliana dal Piva)

De um candidato que já fez apologia ao estupro, que exalta a tortura e torturadores, que acredita que homem é melhor do que mulher.

Estamos diante de uma pessoa com pulsão de morte, de extermínio e de destruição.

E, agora sabemos, de disposições pedófilas.

Quem, em nome de Deus, vota nisso?