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'Há algo de podre no reino da Dinamarca', diria Hamlet sobre o Flamengo

Essa confusão toda no Flamengo, que culminou na agressão covarde por parte do preparador físico Pablo Fernandez no atacante Pedro, não é um fato isolado.

Os ânimos já não deveriam estar amistosos há muito tempo entre eles para terminar em uma agressão.

O Gabriel Barbosa, depois da vitória do Flamengo sobre o Grêmio pela Copa do Brasil, negou que houvesse problemas no vestiário e disse que era "invenção da imprensa". Três dias depois acontece essa agressão, que é somente a ponta de um iceberg tenebroso.

Pedro fez muito bem em ir até a delegacia fazer um B.O. e passar por exame de corpo de delito. Foram identificadas algumas "lesões leves", como se três tapas e um soco causassem somente danos físicos para a vítima.

A direção do Flamengo agiu de forma madura ao conversar com os jogadores, que não queriam mais Pablo Fernandez trabalhando com eles, mas gostariam que o Sampaoli ficasse.

Jorge Sampaoli, depois dessa violência, soltou uma nota escandalosa dizendo que estava triste por dois colegas terem brigado. Ele não acolheu o Pedro, que foi vítima da agressão.

Sr. Sampaoli, uma briga só acontece quando duas pessoas se agridem. Quando só uma é violenta, é crime de agressão e lesão corporal. Não existiu briga porque o Pedro não revidou.

O Flamengo demitiu o agressor e está pensando em multar o Pedro, com razão, porque o atacante se negou a aquecer. Tudo resolvido? Não. Porque na manhã de hoje, Pedro não se apresentou para os treinamentos sem ter comunicado a direção e nem a comissão técnica e perdeu parte da razão.

Seus companheiros não gostaram da atitude e veio à tona que estavam incomodados com o egoísmo do camisa 9 quando entra nas partidas.

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Isso ficou claro na Arena do Grêmio, quando Pedro entrou muito mal, e também explica por que ele estava desesperado para fazer um gol, tendo comportamento "fominha".

O tamanho desse iceberg ninguém sabe ainda, mas garanto que é capaz de afundar um enorme "transatlântico" como o Flamengo.

Agora, as notícias são que o jogador quer sair, mas já poderia ter feito isso há um bom tempo e não quis, topando disputar posição com o grande ídolo da torcida, Gabriel Barbosa.

Em 2022, Pedro foi escolhido como o Rei das Américas, sendo o principal jogador da conquista da Libertadores mesmo não marcando na final.

De lá pra cá mudou o treinador, comissão técnica, Bruno Henrique voltou de lesão e tudo voltou como a ser como era, ou seja, ele perdeu espaço.

A direção do Flamengo já disse que não irá facilitar sua saída. Outro problema é que ele não pode mais jogar no Campeonato Brasileiro por já ter jogado mais de sete partidas. A Copa do Brasil também não porque já jogou pelo Flamengo.

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Muitos podem dizer assim: "Mas ele pode ser muito útil na Libertadores e na Sul-Americana", o que é verdade. Mas quem garante que o suposto time que o contratar irá adiante na competição? E se não for?

Aí Pedro ficará recebendo um enorme salário, somado com uma quantia bem alta da sua multa contratual, para ficar treinando até o final do ano.

A cada situação complicada o iceberg sobe um pouco mais, e o Flamengo está começando a se acertar. Tem grande possibilidade de disputar as finais da Libertadores e da Copa do Brasil, isso se não bater com tudo nesse iceberg e romper o casco de uma forma irreparável.

Pedro deveria ter se reapresentado, participado da reunião com todos, e colocado para fora os seus incômodos, e não simplesmente não ter aparecido sem avisar.

Mas Pedro é a vítima e precisa ser acolhido, assim como o Flamengo também deve dar total apoio psicológico ao atacante.

Ou seja: o ambiente interno não está tranquilo faz tempo e nem havia necessidade de uma agressão covarde para percebermos que "há algo de podre no reino da Dinamarca", como escreveu William Shakespeare na peça Hamlet.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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