Corinthians homenageia 'Diretas Já', mas ignora nós que estávamos lá
O Sport Clube Corinthians Paulista lançou, ontem (20), uma nova camisa comemorativa homenageando o dia do fantástico comício das 'Diretas Já'. Este evento, em 16 de abril de 1984, entrou para a história do Brasil ao reunir milhares de pessoas no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade de São Paulo.
Foi um dia incrível, com uma energia indescritível de esperança, expectativa e união, com a certeza de que aquele movimento seria o derradeiro para a queda da ditadura militar.
Representando a democracia corintiana, estavam eu, o saudoso Magrão (Dr. Sócrates foi acompanhado da esposa Regina à época), Wladimir (com a Rose) e Juninho (com Cláudia), como jogadores, e o Adilson Monteiro Alves, como líder de futebol e idealizador da democracia corintiana. Chegamos ao coração da capital paulista de metrô.
As pessoas nos viam e falavam "viva a democracia corintiana", mas ninguém pedia autógrafo porque o foco era o comício.
Foi um momento que está fortemente registrado não só na história do Corinthians, mas também na política brasileira e mundial.
A emoção de todos naquele momento estava muito forte, e nós, lá de cima do palanque, olhávamos para a frente e víamos um oceano de pessoas vestidas de verde e amarelo, querendo colocar fim àqueles longos 20 anos de uma ditadura militar sangrenta, cruel e perversa. Lutávamos para recuperar a nossa liberdade.
O Corinthians, ao tomar essa iniciativa de homenagear este grande dia, 39 anos depois, é simplesmente emocionante e merecido para o clube, os torcedores e, principalmente para nós que estávamos lá como jogadores.
Mas o atual presidente do Timão, Duilio Monteiro Alves, talvez ainda não tenha superado as minhas críticas à péssima gestão que tem feito.
Eu sei que sou crítico e entendo se você me ignorar, até porque te acho o pior presidente da história do Corinthians. Mas não convidar o Wladimir e o Juninho para participar do lançamento foi de uma insensibilidade absurda, Duilio.
Você era muito pequeno naquela época (tinha cerca de 9 anos). Talvez nunca tenha se interessado em saber como foi ou quem estava lá naquele momento, mas você poderia ter perguntado ao seu pai, Adilson Monteiro:
"Pai, quem estava no palanque no Vale do Anhangabaú naquele fantástico comício das Diretas Já, em 1984?"
Ele teria respondido assim:
"Meu filho, estávamos eu, Magrão, Casão, Wlá e Juninho."
Duilio, você sabe que é uma grande falta de respeito não convidar quem representou o Corinthians e o futebol naquele dia para o evento de lançamento desta nova camisa.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberConversei com a esposa do Wladimir e diretamente com o Juninho, e eles também não foram convidados para o lançamento.
Duilio, você ter ignorado o Wladimir e o Juninho não tem desculpa alguma. Você usa e abusa do nome da Democracia Corintiana e das manifestações de que nós participamos como se tivesse presente. A sua gestão se apoderou dos nossos feitos, do nosso movimento e das nossas atitudes para usá-las em seu favor.
Gostaria que a imensa torcida corintiana prestasse atenção nesse fato que tudo que o Duilio utiliza para fazer o marketing da sua chapa são eventos/feitos de que ele não fez parte alguma destas histórias.
A cada ato seu fica cada vez mais claro o quanto você é egoísta, arrogante e possui uma soberba enorme, Duilio.
Por que você simplesmente não respeitou a verdadeira história do Corinthians e nem a da política brasileira? Aquele momento é ensinado nas escolas.
Eu mesmo já participei de diversos debates, reportagens e documentários pelo mundo afora para falar sobre este dia mágico.
Mas para você pouco importa a relevância de quem realmente escreveu parte da história do Sport Clube Corinthians Paulista.
Bom, leitores! Foi um dia incrível. Independentemente de partidos políticos, todos queriam a mesma coisa.
Infelizmente, a emenda Dante de Oliveira, que aprovou a votação direta para presidente da República em meados dos anos 80, não passou e ficou muito, mas muito frustrados. Mas foi aquele movimento que mostrou que o povo não queria mais se sentir preso, assustado ou censurado. Queríamos ser livres!
Essa camisa será usada pela primeira vez amanhã (22), na Neo Química Arena, contra o líder Botafogo, pelo Brasileirão.
Quero mandar um grande beijo ao Wladimir e ao Juninho, que estiveram juntos comigo naquele dia, e, obviamente, um beijo especial para o Magrão, um grande amigo que sinto muitas saudades.
Deixe seu comentário