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Canal Curta! conta a história do genial Itamar Assumpção

Vamos falar sobre a arte musical em uma cena que surgiu no final dos anos 70, que foi um dos movimentos mais revolucionários da música brasileira, tanto que resistiu às gravadoras.

Não foi em nenhum momento para o lado comercial.

Estou falando da Vanguarda Paulista, que mostrou para os amantes do som muita gente espetacular, como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, banda Sabor de Veneno, banda Isca de Polícia e os vocais femininos espetaculares da Vânia Bastos, Suzana Salles, Tetê Espínola, Neusa Pinheiro, entre tantos outros artistas que fizeram parte desse movimento.

Estou entrando nesse assunto porque assisti no canal Curta! um documentário espetacular sobre o Itamar Assumpção e sua obra, chamado "Daquele Instante em Diante, que é imperdível.

Para mim, Itamar foi genial em tudo o que fez: na mistura de som, nas letras, nos arranjos, sem contar nas performances de palco junto com as incríveis backing vocal que davam o contraponto da voz grave do Itamar.

"O disco Beleléu de 1980, que foi o primeiro que considero uma obra-prima."

Itamar e a filha Anelis
Itamar e a filha Anelis Imagem: Glória Fluguel

Essa frase no documentário é da maravilhosa violonista, compositora e intérprete Tata Fernandes. O disco tinha arranjos de Itamar Assunção, arranjos de bateria de Paulo Barnabé, arranjos de percussão dos dois citados e improvisos da banda Isca de Polícia.

Penso exatamente como ela em relação a esse disco, que ganhei do próprio Itamar, porque ele mandava os CDs quando saíam para mim e para o Magrão (Sócrates).

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Além disso, adoro os vocais femininos tanto do Itamar como do Arrigo, porque surgiram todos juntos no festival estudantil de 1979 (foi a primeira vez que vi esses caras) e que as meninas do vocal cantavam tanto para Arrigo e a Banda Sabor de Veneno como para Itamar e a banda Isca de Polícia.

É incrível também a sua inteligência e seu ecletismo musical e as suas duas principais paixões que as filhas falaram no doc que ele ouvia todos os dias.

Bob Marley e Miles Davis que daí saía a base do seu som.

Eu e ele temos algumas coisas incomuns: ele ser da cidade de Tietê, que também vem toda a família do meu pai, e morar na zona leste, mais precisamente na Penha, onde eu nasci.

Com o tempo, a sua banda vai mudando até ele decidir tocar só com mulheres quando surgiu a banda As Orquídeas, com Tata Fernandes, Nina Blauth, Simone Sou, Lelena Anhaia, Georgia Branco, Adriana Sanchez, Simone Julian, Miriam Maria e Clara Bastos.

Assisti várias apresentações dele e do Arrigo Barnabé, que é um grande amigo, diversas vezes porque a Vanguarda Paulista é o movimento musical brasileiro que acho mais incrível e revolucionário.

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Sou fã e grande admirador de todos os envolvidos desse movimento porque surgiu tanta gente boa.

Foi muito gostoso ver os depoimentos das filhas, dos músicos, das meninas da banda Orquídeas do Brasil e principalmente da Suzana Salles, que é uma amiga muito querida, assim como a Vânia Bastos.

Conversei muito com o Arrigo Barnabé enquanto escrevia esse texto e alguns detalhes daquele momento e sobre o Itamar foi ele que passou.

"Embora nele a inquietude às vezes aparecesse como humor, daí se confundisse um pouco com a alegria, o contentamento, Itamar era noturno, noturno de noite de lua nova. Se para efeito comparativo pensarmos no Jorge Benjor, temos um Maracanã e sol, e em Itamar a noite sem lua. Com todas as suas peculiaridades", me disse Barnabé.

Itamar nasceu em 1949 e morreu em 2003.

Para terminar, dedico esse texto a toda família dele, todos os músicos que trabalharam com ele e principalmente a todas as mulheres que fizeram parte das bandas que formavam e que cantavam e performavam com ele em seus shows.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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