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Do Bronx critica UFC: "Uma hora eles vão ter que me dar um cara ranqueado"

Charles do Bronx comemora vitória sobre Will Brooks no UFC 210 - AP Photo/Jeffrey T. Barnes
Charles do Bronx comemora vitória sobre Will Brooks no UFC 210 Imagem: AP Photo/Jeffrey T. Barnes

Brenda Mendes

Do UOL, em São Paulo

12/11/2019 11h00

Com uma sequência de quatro finalizações e um nocaute consecutivo, o lutador brasileiro Charles do Bronx subirá no octógono no próximo sábado (16) e enfrentará o lutador americano Jared Gordon no card principal do UFC São Paulo. Em entrevista ao UOL Esporte, Do Bronx criticou e lamentou a escolha do UFC em seu próximo confronto.

Aos 30 anos, Charles vive uma ótima fase em sua carreira. Seu cartel de lutas no MMA carrega 27 vitórias, sendo 18 finalizações e 7 nocautes. Já no UFC, o lutador não perde desde 2018 e enfrentou grandes nomes do MMA, por isso seu próximo confronto está sendo muito questionado. O americano que Do Bronx irá enfrentar não é bem ranqueado e lutou para manter seu emprego no UFC há pouco tempo.

Sobre seu critério para topar este desafio, Charles lamentou a escolha, mas deixou claro que faz parte de seu trabalho: "Acho que quem realmente está me acompanhando está vendo que eu sempre estou pedindo um cara ranqueado e que esteja vencendo. Infelizmente o UFC não está me dando esse cara e eu não tenho como ficar esperando. Eu ganho dinheiro lutando, tenho que lutar. Já faz cinco meses que lutei minha última luta e eu quero lutar. Estou pedindo um cara ranqueado há tempos. Mas me chamaram para essa luta em São Paulo e eu aceitei".

"Queria muito um cara que estivesse na minha frente, mas o único que eles me deram foi esse. Graças a Deus ele aceitou vir lutar aqui no Brasil. Vou continuar e sei que na frente vai vir um cara ranqueado, isso vai acontecer. Uma hora eles vão ter que me dar um cara desse", declarou.

Apesar da insatisfação, Charles agradeceu seu adversário por topar a luta em solo brasileiro e anseia novos confrontos para o futuro: "Queria muito um cara que estivesse na minha frente, mas o único que eles me deram foi esse. Graças a Deus ele aceitou vir lutar aqui no Brasil. Vou continuar e sei que na frente vai vir um cara ranqueado, isso vai acontecer. Uma hora eles vão ter que me dar um cara desse"

Com 13 finalizações no UFC, Charles se consagrou com o título de maior finalizador de todos os tempos e mostra ambição por mais recordes na carreira: "Sou o maior finalizador da história do Ultimate, sou grato a Deus. Isso vem de um grande trabalho que estou fazendo há anos. O que eu quero para o meu futuro é ser campeão do UFC. Vai acontecer, eu vou quebrar outro recorde, que é o título de bônus. Eu quero quebrar recorde, eu acho que nasci para isso. É isso que eu quero, quero ser o maior de bônus, de nocaute, quero ser tudo".

"Quero ser campeão, a gente tem que sonhar alto, com pé no chão e na humildade sempre. Treinando e me dedicando, inovando e trazendo coisas novas. Eu vou disputar o cinturão e quando acontecer vou estar preparado", idealizou Charles.

O lutador relembrou a emoção do dia que se tornou o maior finalizador lutando contra o americano Christos Giagos: "Me tornei o maior finalizador da história do UFC em São Paulo, com minha família, minha equipe, meus fãs e meus amigos. Todo mundo me vendo, o ginásio em São Paulo vindo abaixo. Eu tinha toda essa pressão por poder me consagrar o maior finalizador da história, tinha tudo isso. A gente mostrou uma grande trocação na semana da luta, tudo o que envolveu, todo mundo falando que eu podia bater o recorde e ainda por cima em casa. Me deixou muito feliz e eu nunca vou esquecer desse momento".

Apesar de estar vivendo seu melhor momento, Do Bronx relembrou também os dias ruins que passou: "Eu cheguei em uma fase que tinha 18 lutas seguidas de MMA no Brasil, lutei contra todos os melhores que tinha naquela época. Jackson Pontes, Pikachu, Popó, eu peguei todos os caras que eram os lutadores do momento. Eu ganhei 16 lutas no Brasil, fui embora para os Estados Unidos, ganhei lá. Quando eu voltei e perdi, todo mundo saiu de perto de mim".

Mesmo enfrentando dias difíceis, Charles leva como uma lição de vida e deixa um conselho para os mais jovens: "A gente tem que colocar na nossa cabeça que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, ter muita fé em Deus, porque quando você está por cima, todo mundo é seu amigo, quando você perde, quando você tá por baixo é que você vê quem é quem. O que eu mais escutei na minha vida foi isso. Charles, nunca desista e eu não desisti".

Nascido nas periferias do Guarujá, Charles adotou o "Bronx" em seu nome como uma referência ao seu local de origem pelo desejo de levar a periferia por onde for: "Quero mostrar para todo mundo um moleque que veio da comunidade, que veio da favela. Quero mostrar que a gente pode, quem viveu na comunidade pode brilhar, pode chegar a muitos lugares. A molecada que mora dentro da comunidade pode acontecer e pode chegar. Isso é o mais importante".

Pensando em sua próxima luta, Charles treinou continuamente desde seu último confronto e se sente preparado. Sobre seu adversário, o lutador elogiou lutas anteriores, mas pretende manter seu estilo e não facilitar: "Ele é um cara que tem fibra, tem a mão pesada e é forte. É um cara que já fez lutas com nível alto. Vou andar para frente como eu sempre ando, como eu sempre faço nas minhas lutas, trabalhando também a parte de chão, sei que ele vai vir no mesmo estilo. Ele sabe a oportunidade que ele tem de me vencer, então eu vou trabalhar para ganhar. Eu quero fazer uma grande luta, uma grande vitória".