Fictossexualidade: talvez você já tenha se sentido como homem que viralizou
Você já se apaixonou por algum personagem de um desenho? Algumas pessoas não só se sentem atraídos como já se casaram nessas condições. O nome disso é fictosexualidade, quando pessoas sentem atração sexual por personagens fictícios.
Apesar de parecer algo fora do comum, isso está começando a se tornar mais frequente em alguns locais, como o Japão.
Um estudo feito em 2017 pela Associação Japonesa de Educação Sexual avaliou o comportamento de jovens entre 16 e 29 anos e concluiu que mais de 10%, entre homens e mulheres, já tinham se apaixonado por personagens de anime [desenho animado japonês] ou de games.
De acordo com o levantamento, as maiores taxas de fictossexualidade foram registradas entre mulheres universitárias.
"Fictossexuais surgiram quase ao mesmo tempo que a cultura otaku no Japão, entre os anos 1980 e 1990", disse Izumi Tsuji, professor de sociologia cultural na Universidade de Chuo e secretário do Grupo de Estudos da Juventude Japonesa, em entrevista à DW.
O termo otaku é uma gíria equivalente a "nerd" ou "geek" em inglês e descreve pessoas que amam animes e mangás (histórias em quadrinho).
Ainda de acordo com Tsuji, o surgimento da cultura otaku ocorreu no auge da economia japonesa e do poder de consumo no país. "Cerca de 20% dos jovens não faziam parte desse universo, e ainda assim elegeram a ficção e movimento otaku para fugir da realidade".
Fictossexualidade na prática
Talvez um dos maiores exemplos de fictossexualidade seja o japonês Akihiko Kondo. Em 2018, ele se casou com Hatsune Miku, uma artista fictícia criada em 2007, pela empresa Crypton Future Media. Para a cerimônia, ele utilizou uma boneca para representá-la.
Kondo disse que se apaixonou por Miku após vê-la em um programa de televisão japonês, e que a artista fictícia tem ajudado ele em momentos difíceis. "Nunca tive uma namorada, mas tive vários relacionamentos com personagens de animes e jogos de computador".
Por ter se casado com Hatsune Miko, Kondo foi chamado de "louco" e "esquisito" por colegas de trabalho e familiares que, inclusive, não foram à cerimônia de casamento.
O seu dia a dia inclui tomar o café da manhã ao lado de uma boneca de Hatsune Miku de tamanho natural. Depois, ele se despede e vai ao trabalho. Ao voltar, jantam juntos. Nos fins de semana, Kondo a leva para passear de carro.
Para tentar reduzir o estigma de quem se casa com personagens fictícios, Kondo criou a Associação dos Fictossexuais, com o objetivo de reunir indivíduos que mantêm esse tipo de relacionamento e de combater o preconceito.
*Com informações da DW
Deixe seu comentário