Pagu, Chanel, D'Arc: estas 15 mulheres feministas mudaram como vivemos hoje

Da Antiguidade Clássica às manifestações contra a PEC 181, as mulheres sempre tiveram de quebrar paradigmas para assegurar não apenas seu lugar ao sol, mas também direitos sobre seu corpo, sua sexualidade e sua intelectualidade. Elas são muitas ao longo dos tempos.

Universa decidiu contar aqui as lutas e obras de 15 delas.

Hipácia (ou Hipátia)

Matemática, astrônoma e uma das mais importantes pensadoras e pesquisadoras da Antiguidade, ela nasceu em 355 d.C, em meio ao caldeirão cultura de Alexandria - atual Egito. Foi professora e diretora da Academia de Alexandria e aplicava o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico. Era famosa por ser uma grande solucionadora de problemas, inclusive, matemáticos a consultavam frequentemente e iam à cidade só para ouvi-la falar. Também escreveu obras sobre álgebra, mecânica e tecnologia, mas essas se perderam no incêndio da Biblioteca de Alexandria. Infelizmente, teve uma morte brutal. Ela foi espancada e torturada por uma multidão de cristãos. Alguns filósofos consideram que a morte de Hipácia marcou o final da vida intelectual em Alexandria, outros creditam que seu assassinato foi o fim da Antiguidade Clássica.

Joana d'Arc

Santa, mártir, bruxa... A francesa ganhou diversos títulos, mas o mais importante deles foi o de guerreira. Ela tinha somente 17 anos quando convenceu um pequeno grupo de soldados a segui-la para a Guerra dos 100 anos (1337-1453) e salvar a França dos ingleses. Detalhe: era pobre e analfabeta. Em pouco tempo, ela obteve a autorização real para lutar contra a Inglaterra e seu exército já tinha cerca de 7.000 homens. Foi queimada na fogueira em 1431, aos 19 anos. Em 1920, foi canonizada pelo papa Bento 15 e virou padroeira da França.

Dandara

Não existem muitos dados sobre a vida da esposa de Zumbi dos Palmares. Sua figura é envolta de incertezas. Dizem que viveu no Brasil Colonial e foi descrita como uma guerreira valente, que dominava técnicas de capoeira e teria lutado muitas batalhas para preservar o Quilombo dos Palmares. Inclusive teria auxiliado Zumbi em estratégias e planos de ataque e defesa. Alguns relatos afirmam que Dandara suicidou-se em fevereiro de 1694, para não ter de voltar à condição de escravizada. Ficção? Realidade? O que vale é que essa figura virou símbolo da luta das mulheres negras. Sua história foi contada em um romance escrito pela cordelista Jarid Arraes, o "As Lendas de Dandara".

Maria Quitéria de Jesus

Nem todo mundo conhece a heroína brasileira que, em 1822, entrou para o exército nacional, o Batalhão dos Voluntários do Príncipe, vestida como homem e era chamada de soldado Medeiros. Muito hábil com armas, disciplinada e audaciosa, ela lutou a Guerra da Independência, combatendo os portugueses resistentes ao movimento disfarçada de homem. Nascida provavelmente em 1792 na Comarca de Nossa Senhora do Rosário, em Feira de Santana (BA), Maria Quitéria foi a primeira mulher a integrar uma unidade militar no País.

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Nísia Floresta

Nascida no Rio Grande do Norte, em 12 de outubro de 1810, a história da escritora está repleta de pioneirismo: foi a primeira educadora feminista do Brasil, a primeira mulher a publicar textos em jornais, também escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos indígenas e dos escravizados, entre eles está "Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens", primeira obra brasileira a falar sobre direitos das mulheres à instrução e ao trabalho. Nísia também fez parte da chamada Primeira Onda Feminista, movimento em que as mulheres lutavam por igualdade política e jurídica. Ela pertencia à elite nordestina e terminou sua vida na França. Hoje, Papari, a cidade em que nasceu, leva o seu nome.

Ada Lovelace

Antes de Alan Turing, existiu Ada Lovelace. Filha de Lorde Byron, ela nasceu em 1815, no Reino Unido, e é considerada a primeira programadora do mundo - e olha que, naquela época, não existia ideia de computador pessoal, hein? Ao lado do inventor Charles Babbage, Ada passou parte de sua vida realizando pesquisas relacionadas a números. Suas anotações foram publicadas tempos depois de sua morte. Na década de 1940, as ideias de Ada inspiraram Alan Turing no trabalho dos primeiros computadores modernos.

Marie Curie

Cientista polonesa naturalizada na França, ela acumula dois grandes títulos: foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em áreas diferentes (química e física). Mas, antes disso, precisou lutar pelo direito aos estudos. Marie nasceu dia 7 de novembro de 1867 e era uma excelente aluna na escola. Porém, foi impedida de seguir para o ensino superior por ser mulher. Então, ela buscou uma instituição de ensino clandestina que aceitava mulheres para se tornar uma das mais importantes cientistas do mundo.

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Pagu

Nascida em 1910, em São João da Boa Vista (SP), Patrícia Rehder Galvão foi escritora, poeta, tradutora, jornalista e musa do movimento modernista. Sua obra tratava da defesa da mulher pobre e criticava o papel conservador feminino na sociedade. Casada com Oswald de Andrade, eles militaram no Partido Comunista. Inclusive, foi a primeira mulher a ser presa por motivos políticos. Poucos anos depois, após participar da Levante Comunista, Pagu foi presa e torturada diversas vezes. Foi um total de 23 vezes.

Virginia Woolf

Ela não é só um dos grandes nomes da literatura modernista. Virginia revolucionou o mundo literário do século XX ao escrever sobre a mulher na sociedade. Também abordou a questão homoafetiva em seus livros - ela teve um romance com a escritora Vita Sackville-West em 1922. É considerada a maior romancista da língua inglesa, seus livros mais celebrados são "Mrs. Dalloway" e "Ao Farol". Ao lado do marido, Leonard Woolf, fundou a editora Hogarth Press. Foi também uma grande ensaísta. Para conhecer seu trabalho, uma dica é o livro "Profissões para mulheres e outros artigos feministas", da L&M Pocket.

Simone de Beauvoir

Dificilmente alguém não ouviu falar da "papisa do feminismo"! Publicado em 1949, "O Segundo Sexo" é citado em qualquer debate sobre gênero. Simplesmente porque o livro criou as bases do feminismo que conhecemos hoje. Simone mapeou as formas de opressão masculina, falou sobre patriarcado e inferiorização da mulher, questionou o casamento e por aí vai. Quando a obra foi lançada, chegou a ser chamada como "um atentado ao pudor". Levou mais de uma década para as mulheres entenderem a importância da publicação, mas foi baseada nela que vieram as reivindicações feministas dos anos 1960. Aliás, se você pode se divorciar hoje, agradeça a Simone.

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Katherine Johnson

Ela é conhecida como "computador humano" e sua história ficou famosa no filme 'Estrelas Além do Tempo'. Física, cientista espacial e matemática, ela contribuiu para o desenvolvimento da aeronáutica estadunidense e para a exploração espacial do País. Ela trabalhou na NASA em tempos de segregação, começou sua carreira lá na década de 1950. E Katherine ultrapassou barreiras do racismo e ficou conhecida pela precisão de seus cálculos na navegação astronômica informatizada. Foram décadas de liderança técnica na NASA. Entre suas conquistas estão o voo da Apollo 11, primeiro a pousar na Lua e os planos iniciais para a missão a Marte. Katherine foi tão importante para a NASA que ganhou um prédio em sua homenagem.

Coco Chanel

Todo mundo conhece essa célebre estilista que nos livrou do espartilho e das vestimentas pesadas. Nos anos 1920, Coco revolucionou a moda e quebrou paradigmas, transformando moda em libertação. A estilista produziu roupas confortáveis que se traduziam em liberdade feminina. Entre as bandeiras dela está a própria calça para mulheres. O comportamento de Coco também foi um exemplo de liberdade, pois ela teve vários namorados, mas não casou com nenhum deles.

Bertha Lutz

Aprovado em 1932, o direito ao voto feminino no Brasil tem influência direta de Bertha, uma bióloga e educadora brasileira que nasceu em São Paulo, em 1894 e é considerada uma das figuras mais significativas do feminismo. Filha do renomado médico e cientista Adolfo Lutz, foi uma das sufragistas mais famosas. Sua militância era inspirada nos movimentos feministas europeus. Ela também participou do comitê elaborador da Constituição, em 1934, que garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos. Ela mesma foi deputada e lutou por outros direitos femininos no trabalho, entre eles a licença de três meses para gestante.

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Leila Diniz

Defensora do amor livre e do prazer sexual feminino, a atriz é considerada símbolo da revolução feminina em no Brasil retrógrado dos anos 1960 e 1970. Em entrevista ao jornal "O Fluminense", Leila deu duas declarações que chocaram a sociedade da época: "Transo de manhã, de tarde e de noite" e "Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo". Aliás, foi depois disso que foi instaurado o Decreto Leila Diniz, uma censura prévia à imprensa. Ela também quebrou tabu ao aparecer de biquíni e grávida na praia.

Rose Marie Muraro

Outra significante voz do feminismo brasileiro, talvez a mais importante delas. Rose Marie foi uma intelectual que dedicou a sua vida pela luta à igualdade de direitos para as mulheres, tanto é que foi reconhecida pelo governo federal como Patrona do Feminismo Brasileiro em 2005, aos 75 anos. Escreveu mais de 40 obras sobre gênero, entre eles "A Sexualidade da Mulher Brasileira". Também foi traduziu muitos conteúdos estrangeiros sobre o tema. Ela morreu em 2014, aos 83 anos.

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