Sexóloga cristã ensina a 'ressuscitar o Lázaro' sem ferir princípios

Contos eróticos, vibradores e dicas de sexo oral são alguns dos assuntos nas redes sociais de Aline Calister —e que estão entre os temas comuns para a maioria das sexólogas. Aline, no entanto, se diferencia por um detalhe: ela fala sobre isso para mulheres cristãs.

Nos cursos que dá e nas dicas do perfil nas redes sociais, a sexóloga já ensinou técnicas como a da "Garganta Profunda" (para sexo oral) e "Ressuscita Lázaro" (para tirar o casamento da mesmice e apimentar a transa) —sem ferir os princípios religiosos, segundo ela.

Lázaro é um personagem bíblico que foi ressuscitado após quatro dias do sepultamento —na abordagem de Aline, o termo ganha outra conotação.

A psicóloga evangélica diz atender pessoas de todas as religiões e orientações sexuais na clínica, mas direcionou suas redes sociais para outras mulheres evangélicas por ter conhecimento sobre o tema.

"Muitas cristãs me procuram para o atendimento clínico justamente porque também sou, buscando alguém que as compreenda." Ela diz que mulheres a partir de 40 anos a buscam porque se sentem reprimidas no sexo.

Muitas vêm por falta de conhecimento, por repressão sexual na igreja, porque a mãe não falou, o pai não falou, a igreja reprimiu. É uma população mais adoecida emocionalmente e sexualmente.

Aline não está só na "missão": como ela, outras sexólogas cristãs fazem sucesso nas redes falando sobre relacionamentos sob a perspectiva religiosa.

'Sexo é sagrado'

Aline atende mulheres e casais interessados em apimentar a relação
Aline atende mulheres e casais interessados em apimentar a relação Imagem: Arquivo pessoal
Continua após a publicidade

Uma das imagens no Instagram de Aline mostra um semáforo. Ao lado dele, lê-se "Corpo. Alma. Espírito. Se uma dessas três áreas estiver no vermelho, então é uma prática que quebra princípios".

Em suas redes sociais, a sexóloga cristã deixa claro: o sexo é algo sagrado e criado por Deus. E o prazer é bem vindo —mas dentro do casamento monogâmico e sem pornografia.

Citando a Bíblia, ela diz: "Temos de amar a Deus acima de todas as coisas e amar o seu próximo como a ti mesmo. Não adianta amar o outro se você não se amar. Então, trabalho muito o empoderamento da mulher para depois ela transbordar na vida do parceiro, dentro desses comportamentos. Por isso, digo que é sem ferir princípios."

A presença de uma terceira pessoa na relação sexual e tudo o que, segundo ela, leva ao vício ou a uma imagem idealizada do sexo também não são o melhor caminho, na concepção religiosa de Aline.

Já os vibradores estão entre as principais dúvidas das seguidoras —e são um ponto de polêmica até entre outras sexólogas cristãs.

"Oriento o uso com algumas restrições. Algumas pessoas têm dificuldade de sentir o orgasmo, então precisam de algo a mais. Tem mulheres na menopausa, por exemplo, com dificuldade para se excitar. Há antidepressivos que também reduzem a potência do orgasmo. Nesses casos oriento usar o bullet ou o do ponto G", diz Aline.

Continua após a publicidade

Ir ao motel (que pode ser tabu para alguns) não é "proibido" —desde que o casal avalie se o ambiente é adequado às intenções dele.

Autoconhecimento e combate a abusos

Seguir princípios religiosos, segundo Aline, não deve impedir o combate a abusos —pelo contrário. Ela não deixa de lembrar, em seu perfil, que mulheres não são obrigadas a transar se não quiserem só porque estão casadas.

Para a sexóloga, também é importante apostar na educação sexual desde a infância. "Às vezes tomo minha filha de 1 ano e 5 meses como exemplo. Ensino sobre o corpo dela, os nomes corretos, porque apelidos são muito utilizados por abusadores."

Um dos reflexos da falta de educação sexual, segundo Aline, são os vários pacientes e seguidores, principalmente homens, que chegam até ela viciados em pornografia. A maioria deles começa a consumir na adolescência.

A primeira busca pelo pornô é, geralmente, para saber o que é sexo. E assim eles vão crescendo e tendo em mente que aquilo é o real. O trabalho é para mostrar a eles que o sexo real é diferente.

Continua após a publicidade

Por falar de sexo e religião (dois temas que levantam muitas discussões), Aline recebe xingamentos em suas redes frequentemente. "Muitos vêm com palavras horrorosas, outros dizem que não sou cristã", afirma.

"Por outro lado, muitas pastoras e líderes de casais das igrejas me seguem e me procuram para ajudar outras mulheres, e eu as oriento. Há muitas pessoas buscando informação."

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.