Gozar é fundamental? Obsessão pelo orgasmo pode tirar prazer do sexo
O orgasmo é o clímax do sexo, mas transar pensando apenas em atingi-lo pode fazer com que homens e mulheres desperdicem momentos prazerosos. A fixação em alcançá-lo, inclusive, pode impedir que ele aconteça.
Quando se começa uma relação sexual determinado apenas a atingir o orgasmo, a possibilidade de se decepcionar é grande. O clímax depende de entrega e desprendimento, o que também significa pensar no prazer do outro. Quando queremos o orgasmo a qualquer custo, só estamos pensando em nós mesmos.
E, se os parceiros não têm consciência de que a relação pode ser prazerosa independentemente de culminar ou não em um orgasmo, ambos correm o risco de tornar a transa tensa e desmotivadora.
O orgasmo deve ser visto como conquista e não obrigação. Se a pessoa fica na expectativa, inúmeras sensações prazerosas podem passar despercebidas. Isso diminui as chances de experiências satisfatórias, com ou sem orgasmo.
Foco errado
Podemos chamar de "fenômeno da cultura do orgasmo" a hipervalorização da resposta sexual como objetivo do sexo. A explicação pode ser atribuída aos aspectos socioculturais, pois muito se fala sobre como chegar ao ápice do prazer durante a transa.
Produzir expectativa sobre o gozo, no entanto, pode causar fracassos para a relação. O casal não consegue extrair prazer do sexo senão pelo orgasmo, e acaba deixando de lado o afeto, que deve ser levado em consideração durante o processo.
Especialistas concordam que a primeira coisa a fazer para se livrar da obsessão e curtir a relação sexual como um todo é entender que o prazer está além do clímax.
Infinitas formas de prazer
O orgasmo é uma das infinitas formas de prazer e defini-lo como a principal empobrece o relacionamento sexual. Todos são capazes de ter orgasmo, mas isso não significa que ele deve fazer parte de todas as atividades sexuais, obrigatoriamente.
Quanto maior a cobrança —sua ou do parceiro—, maior a chance de ficar distante dessa experiência. É comum mulheres se queixarem de não chegarem ao orgasmo na relação sexual sem saber que ele é o resultado de um conjunto de sensações prazerosas ao longo do encontro erótico.
Quanto mais estímulo, mais chances. E, se o orgasmo não for alcançado, está garantida uma relação sexual gratificante e com troca entre o casal.
Fontes: Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo); Ítor Finotelli Jr., psicoterapeuta sexual da Sbrash (Associação de Estudos em Sexualidade Humana); e Marcelo Toniette, psicoterapeuta sexual pela USP.
*Com matéria publicada em 12/06/2015
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