Ansiedade: por que adotar um hobby é importante para combatê-la?
Resumo da notícia
- O hobby tem um papel importante na liberação de substâncias como dopamina e serotonina, por isso ajudam quem tem ansiedade
- Um hobby é uma forma de lazer, um passatempo, uma distração, por isso deve ser algo que proporcione prazer
- As opções são várias: tricô, desenho, jogos, práticas como pilates e ioga, lutas, corrida, meditação, escrita, leitura, jardinagem, teatro, música
Um hobby funciona como uma válvula de escape para as tensões e preocupações do dia a dia, mas é uma medida imprescindível para quem tem algum quadro envolvendo ansiedade, de transtorno de ansiedade generalizada à sensação natural que atinge todo e qualquer ser humano em circunstâncias estressantes.
Ter um hobby pode ajudar a driblar os sintomas e a melhorar o humor. Trata-se de uma forma de lazer, um passatempo, uma distração. Assim, por mais que você goste de sua profissão, realizar algum tipo de hobby envolvendo trabalho não surte o efeito desejado. É preciso que, ao se dedicar a ele, você se desconecte totalmente de algum tipo de obrigação e entre num ritmo diferente.
Vale lembrar que ansiedade é um termo geral, usado para caracterizar distúrbios que causam angústia, medo, nervosismo e apreensão. Ela é uma reação natural a algumas situações da vida, como uma entrevista de emprego ou na véspera de exames de saúde. O problema acontece quando esses sentimentos são vivenciados de forma intensa e bastante frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional —transformando-se numa doença.
Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgadas em maio deste ano, 9,3% dos brasileiros —mais de 18 milhões de pessoas — apresentam sintomas de ansiedade, como distúrbios do sono e do apetite e dores musculares. Pesam nesse cenário, de acordo com especialistas, fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades. É possível que o próximo estudo da OMS divulgue estatísticas ainda mais alarmantes devido ao aumento de transtornos do humor durante a pandemia da covid-19.
Lazer traz bem-estar
O hobby tem um papel importante na liberação de substâncias como dopamina e serotonina, neurotransmissores reguladores do humor e que promovem a sensação de prazer e bem-estar.
As opções são várias: tricô, desenho, práticas como pilates e ioga, lutas, corrida, meditação, escrita, leitura, jardinagem, jogos interativos, jogos de tabuleiro, videogame, decoupage (decorar um objeto colando recortes de papel colorido), teatro, música etc. Ao escolher algum, é importante que a pessoa tenha algum interesse ou afinidade por ele. Caso contrário, só vai se transformar em um compromisso extra na agenda.
É importante ressaltar, entretanto, que pacientes com transtorno de ansiedade, seja qual for o tipo (fobia social ou transtorno de pânico, por exemplo), apresentam prejuízos significativos na qualidade de vida. Por isso, a escolha do hobby ideal pode, muitas vezes, não contribuir de uma maneira eficaz no tratamento.
Se uma pessoa com fobia social escolher uma atividade solitária, por exemplo, qual a sua relevância para o quadro? Os transtornos de ansiedade precisam de tratamento psicológico e psiquiátrico, sendo que alguns deles vão fazer uso de medicação. Conversar com o médico sobre as opções pensadas é uma ideia válida, pois somente em um contexto desses podemos pensar em hobby como momento ou atividade de relaxamento ou diversão.
Se pensarmos na ansiedade advinda de uma causa médica, ela precisa ser resolvida antes. Como a ansiedade é, na maioria das circunstâncias, antecipatória, pensar em um hobby que exija concentração e ao mesmo tempo propicie diversão pode ser uma boa alternativa.
Fontes: Diego Tavares, psiquiatra especialista em depressão e bipolaridade do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Fernando Gomes, médico neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente de neurocirurgia do HCFMUSP; Jader Carvalho Mioto, psicólogo do HM (Hospital Santa Mônica), em Itapecerica da Serra (SP); Kalil Duailibi, professor assistente da Universidade de Santo Amaro e professor titular do Instituto de Psiquiatria e Psicanálise da Infância e Adolescência, em São Paulo (SP); Lívia Beraldo de Lima Basseres, psiquiatra do Hospital Santa Paula, em São Paulo (SP); Luiz Scocca, psiquiatra pelo IPq-HCFMUSP e membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria); Silvia Cury Ismael, gerente de psicologia do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo (SP).
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