Quer reutilizar metal, vidro e plástico? Saiba esterilizar de forma segura

Ao escolher reaproveitar frascos de vidro, potes plásticos, latas de metal, você colabora com a preservação da natureza e economiza dinheiro.

Porém, para que essa iniciativa não prejudique sua saúde, afinal esses materiais estão sujeitos à contaminação por germes, fungos e bactérias, é necessário saber como esterilizá-los corretamente, ainda mais se a ideia é usá-los na cozinha.

Mas, atenção, nem toda embalagem é reutilizável, como as que submetidas a temperaturas altas ou produtos químicos decompõem substâncias tóxicas que podem ser ingeridas, ou que apresentem sinais de danos, como amassados, riscos, corrosões, ou ainda já tenham passado por excessivos processos de esterilização. Nesses casos, prefira descartá-las imediatamente.

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Outro cuidado importante é com a contaminação cruzada, em usar um mesmo recipiente para guardar diferentes tipos de alimentos, ainda mais estando eles crus.

O ideal é ter recipientes separados para carnes em geral; para verduras, frutas, vegetais, e outros para grãos e cereais.

Vidro deve ser bem fervido

A reutilização de vidros para armazenar alimentos só é indicada caso tenham tido essa função anteriormente. Do contrário, se era aproveitado para estocar substâncias químicas (xampus, perfumes, sabonetes líquidos), deve continuar apenas com essa finalidade, ou então limpo com água e sabão e descartado para reciclagem. Essa regra ainda vale para plásticos e metais.

Para guardar comida, é preciso antes esterilização, afinal detergente não tem ação bactericida:

Após lavar externa e internamente o recipiente com água e detergente, que retira eventuais etiquetas e cola e microrganismos superficiais, é preciso levá-lo à fervura por, pelo menos, 20 minutos, e a tampa também. Mas, o vidro tem que estar destampado na hora de esterilizar.

O vidro e a tampa podem ser fervidos dentro de uma panela preenchida com água, no fogão, ou então dentro de uma assadeira, também preenchida com água e no forno, a 160/180 ºC.

Para retirar os itens da água quente e não se queimar, utilize um pegador. Depois, deixe-os esfriar e secar naturalmente sobre um pano de prato limpo estendido em uma bancada higienizada e seca. O pano evita que o vidro quente estoure em contato com a superfície fria.

Atenção aos tipos de plástico

Muito sensíveis ao calor, plásticos, sobretudo os descartáveis, não devem ser esterilizados diretamente no forno ou fogão, para não derreterem e liberarem compostos prejudiciais à saúde. Mas plásticos de silicone, por exemplo, podem ser fervidos em panela, eles resistem a até 220°C. Para os demais, sendo reutilizáveis e de boa qualidade, teste os métodos a seguir.

Primeiro, verifique se o plástico pode ser submetido ao aquecimento, como do micro-ondas, e se contém na embalagem avisos ou instruções sobre esterilização.

Escolha recipientes de marcas conhecidas e livres de BPA (bisfenol-A), composto tóxico identificado pelo número 7.

Se o plástico puder ser aquecido (como o polipropileno, identificado com as letras PP ou número 5 dentro de um triângulo), depois de bem lavado com água e detergente, incluindo suas reentrâncias com uma esponja limpa, mergulhe-o em uma tigela com água, de preferência filtrada, e leve-o ao micro-ondas por um minuto e meio. O calor irá esterilizar sua embalagem.

Outra dica é cobrir recipientes de plástico em uma solução de um litro de água com uma ou duas colheres de sopa de água sanitária (5% a 10% de cloro líquido) por 30 minutos e enxaguar. Para desinfetar, eles devem ficar totalmente submersos e não haver formação de bolhas de ar.

Quanto à limpeza de copos e garrafas de plástico, deve ser realizada diariamente, com água corrente e detergente neutro, com a ajuda de uma esponja de lavar louças para a superfície externa e escova de mamadeira para alcançar o fundo. Esfregue todos os cantos e enxágue.

Sobre a secagem, use um pegador ou outro utensílio para retirar peças imersas em água e depois arrume-as —com as mãos limpas— viradas sobre um pano limpo ou escorredor, para que sequem naturalmente. Garanta que não restem resquícios de água no fundo das peças.

Plásticos que não forem destinados para o armazenamento e transporte de alimentos, podem ser higienizados apenas com água e sabão, como é o caso das garrafas PET, cuja reutilização é indicada apenas para confecção de artesanatos variados, como vasos de plantas e brinquedos.

Metal não deve soltar nada

Para reaproveitar latas de metal para alimentos, elas não podem soltar tinta nem verniz. Isso é comum de ocorrer caso os recipientes sejam submetidos à fervura, ou ao vapor, fazendo com que essas substâncias, que são tóxicas, comecem a descascar, derreter ou exalar cheiro. Nessas situações, bem como se a lata apresentar ferrugem, ou qualquer avaria, melhor descartá-la.

Latas de metal não devem ser esterilizadas no micro-ondas, para evitar incêndios e explosões. Mas, para exterminar germes e bactérias e serem utilizadas, precisam, sim, passar pelo calor.

Limpe a lata com sabão neutro e água e enxágue. Em seguida, examine o metal com cuidado para garantir que você tenha removido todos os vestígios de sujeira e sabão. Latas com relevos em linhas e dobras podem demandar uma limpeza com esponjas ou escovas de mamadeira.

Depois, submerja a lata de metal em uma panela preenchida com água e leve ao fogo alto, suficiente para ferver, mantendo o recipiente por cerca de 15 a 20 minutos lá dentro.

Por fim, jogue a água fora e com um par de luvas limpas remova o metal escaldado de dentro da panela. Coloque-o sobre uma superfície limpa e resistente ao calor e depois seque-o bem com um pano de prato novo e esterilizado. A lata sempre deve ser guardada fechada e seca.

Em se tratando de garrafas de alumínio usadas no dia a dia, se você costuma consumir água, café, chá ou leite nelas, sua limpeza deve ser mais intensa e frequente.

Água fervente pode ser usada, mas é importante caprichar na lavagem mecânica e, uma vez por semana, aplicar uma mistura de 1 litro de água com 2 colheres de sopa de bicarbonato e esperar por algumas horas. O bicarbonato também pode ser usado na higienização de utensílios, como tábuas e talheres.

Fontes: Bruno Galvão, biomédico e professor de microbiologia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Edvânia Soares, nutricionista pós-graduada em vigilância sanitária, da clínica Estima Nutrição (SP); e Luna Azevedo, nutricionista pela Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).