Como socorrer animais vítimas de queimadas? Voluntário explica
Resumo da notícia
- Com as queimadas que já consumiram 15% do bioma este ano, animais ficam desalojados e feridos no Pantanal
- Voluntário conta sobre atuação de ONGs e explica procedimento para quem se depara com animais silvestres feridos
- A regra é interferência mínima e só em caso de animais debilitados
- Pessoas inexperientes devem acionar socorristas ou voluntários especializados
Com mais de 150 quilômetros de extensão, a MT-060, mais conhecida como Rodovia Transpantaneira, é tida como um ponto turístico do Mato Grosso por atravessar um dos mais célebres biomas brasileiros, o Pantanal. Mas quem percorre a estrada desde o começo deste ano, especialmente a partir de abril, depara-se com um cenário desolador que nada lembra a vegetação verde e de planícies alagadas do imaginário acerca do Pantanal.
A estrada agora é uma paisagem hostil, quase que de "cena de filme, aquela coisa meio com névoa, que você não sabe se está vendo ou se é só uma miragem", como descreve Ilvano Martins, voluntário habilitado em perícia e gestão ambiental e também atual presidente da Fundação Ecotrópica.
Os incêndios na região, que a esta altura já consumiram mais de 15% do bioma, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atingiram proporções anormais este ano, com um número de focos de calor que não via-se há 22 anos.
Enquanto a flora local é devastada, fundações como a que Ilvano preside tentam resgatar e prestar socorro aos animais feridos, que cercados pelo fogo procuram abrigo na transpantaneira. Segundo ele, tornou-se comum encontrar as mais diversas espécies locais ao longo da rodovia com ferimentos pelo fogo, intoxicadas pela fumaça ou famintas e desidratadas. Nestes dois últimos casos, o procedimento é providenciar água e alimento no próprio local e deixar que o animal encontre, sozinho, seu caminho.
"A regra é não interferir na vida do animal, a menos que ele esteja precisando de socorro e tenhamos condições de prestar", explicou Martins.
Nesses casos mais graves, os brigadistas ou voluntários que prestam ajuda ao longo da estrada levam o bicho até um dos pontos de acolhida para prestar atendimento mais especializado. Além disso, também foram criados nichos (ou ilhas) de alimentação que permitem que os animais comam sem a observação humana e sintam-se menos estressados.
Por isso, a orientação de Ilvano Martins é que pessoas que se deparam com os bichos feridos ao longo da estrada só se habilitem a prestar socorro se tiverem experiência ou formação na área. Caso contrário, o melhor a ser feito é condicionar o animal para o tratamento, mantendo-o à vista, anotando em que trecho da estrada (ou de outra localidade) está e contatando as equipes competentes para prestar socorro. "Essa é a melhor referência que a pessoa pode ter, vai dar condição para que a gente possa fazer o tratamento", conclui.
Todo esse atendimento aliado à segurança dos voluntários só é possível graças ao preparo e treinamento das equipes que atuam na região - além da Ecotrópica, a Ong Ampara e a força-tarefa montada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA) também têm tido um papel importante no resgate dos animais.
O presidente da Ecotrópica relembra ainda a regra de ouro para quem atua no resgate e cuidado desses animais atingidos pelas queimadas.
Na missão árdua de quem se voluntaria a salvar vidas no Pantanal, o cuidado com a integridade física é elemento chave, já que trata-se do socorro de animais silvestres, que não aceitam contato humano, e que muitas vezes estão famintos, feridos e sob situação de estresse.
"Em primeiro lugar é a segurança de quem está na área, em segundo a segurança da operação, e em terceiro a possibilidade de prestar um bom socorro", finaliza.
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