5 animais do Pantanal que correm risco de extinção com as queimadas
Resumo da notícia
- Fogo no Pantanal aumenta risco de animais em extinção presentes na região
- Onça-pintada é um dos símbolos do Pantanal que está em risco com as queimadas
- Voluntário conta quais são os maiores desafios ao tentar salvar os animais
Na última publicação do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado em 2018 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Pantanal era, em termos comparativos, o bioma com menos espécies ameaçadas no país. Mas o alerta da situação que se agrava ano a ano na região já estava lá: o texto afirmava que a expansão da agropecuária coloca cada vez mais em risco a fauna local, já que influencia diretamente no habitat dos animais.
Por isso, mesmo que ainda apresente um número razoável de exemplares de diversas espécies selvagens, a tendência é de declínio, como também apontou o relatório Planeta Vivo 2020, publicado pela WWF no início de agosto.
O alerta veio no momento em que a degradação mascarada do bioma ganhou contornos mais nítidos: o Pantanal pega fogo desde o início do ano, e até agora uma região correspondente a cinco vezes a cidade de São Paulo, maior capital do Brasil, já foi atingida pelas chamas. As queimadas por causas naturais são comuns na região, mas outros fatores, como as queimadas ilegais, contribuíram para os índices de incêndio recordes deste ano, segundo o ambientalista e presidente da Fundação Ecotrópica Ilvanio Martins.
"Isso decorre também de uma cultura, uma tradição de queimadas, que acontecem mesmo que haja uma proibição legal por meio de um decreto estadual vigente que determina a proibição dessa prática até outubro, que é quando começa o período de chuvas mais regulares", afirma.
Ilvanio é um dos voluntários que atuam na linha de frente no resgate e tratamento dos animais vítimas das queimadas. Ele conta que todas as espécies são afetadas de alguma forma: morrem atingidas diretamente pelo fogo (como tem acontecido principalmente com os rastejantes que não conseguem se locomover rapidamente), acabam intoxicadas pela fumaça ou ainda são desalojadas pela perda do habitat e passam fome e sede.
Entre os resgatados com vida, de acordo com ele, os mais recorrentes são os mamíferos de grande porte, como as as antas, os veados e até as onças-pintadas. Os veados campeiros foram, inclusive, citados como exemplo no relatório da WWF entre os animais pantaneiros que sofrem com a degradação do ambiente.
As fotos desses bichos que o presidente da Ecotrópica, outros voluntários e até fotógrafos, jornalistas e habitantes locais se deparam ao longo da Transpantaneira tomaram noticiários e redes sociais nas últimas semanas. Conheça, abaixo, algumas dessas espécies que já apareciam como vulneráveis no Livro Vermelho e que agora são ainda mais ameaçadas pela tragédia no Pantanal.
Onça-pintada
A chegada do fogo no Parque Estadual Encontro das Águas preocupou ecologistas e o governo mato-grossense no início de setembro. Isso porque, entre outros animais, o parque abriga a maior concentração de onças-pintadas do mundo, considerada o maior felino do continente americano. Além da ameaça pela destruição de seu habitat, a onça-pintada também acaba sendo alvo de caçadores que se interessam pela venda da pele do animal.
Ariranha
Parte da família das lontras, a ariranha é um animal típico da América do Sul, mas que já se encontra extinto em diversos países e até em outros biomas brasileiros, como na Mata Atlântica. A poluição das águas é um dos fatores que ameaçam a espécie e, assim como a onça-pintada, ela também é alvo de caça. Além de figurar como espécie vulnerável na publicação da ICMBio, a ariranha também consta na lista vermelha de animais ameaçados de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (conhecida pela sigla do inglês IUCN).
Tamanduá-bandeira
Maior dentre as quatro espécies de tamanduás, o tamanduá-bandeira já está extinto em diversos países da América Central e do Sul, e por isso também foi parar na lista vermelha da IUCN. O National Geographic destacou que as queimadas são as principais responsáveis pela ameaça à espécie, já que o animal é frequentemente vítima de queimaduras e também sofre com a perda de seu habitat.
Anta
O vídeo de um homem emocionado e indignado ao encontrar uma anta morta pelas queimadas no Pantanal foi uma das imagens da tragédia no bioma que viralizaram em setembro. Já quase extinta na Mata Atlântica, as maiores populações da espécie conhecida como anta brasileira localizam-se agora na Amazônia e no Pantanal, mas em ambos biomas encontram-se ameaçadas pelas queimadas e pela caça. Há mais de vinte anos a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) acompanha e coleta dados sobre a espécie para evitar sua extinção.
Arara-azul
Recém-saída da lista da IUCN de animais ameaçados de extinção, a arara-azul é definitivamente uma das espécies mais afetadas pelas queimadas no pantanal neste ano. No meio de agosto, o fogo atingiu o maior santuário de araras azuis do mundo, a Fazenda São Francisco do Perigara, a 150 km de Cuiabá, que concentra 15% de toda a população livre dessa ave. A destruição das árvores que abrigam seus ninhos (no Pantanal, 90% dos ninhos estão em árvores manduvis) e das palmeiras que fornecem seus alimentos é uma das maiores preocupações de ecologistas.
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