Cachorros e gatos reconhecem donos em chamadas de vídeo? Saiba a resposta
Resumo da notícia
- Quem já tentou se comunicar por vídeo com o bicho de estimação provavelmente ficou em dúvida se foi, de fato, reconhecido ou não
- A notícia ruim é que ainda não há uma resposta cravada para esse questionamento
- No entanto, pesquisas na área e a percepção de veterinários indicam que o elemento decisivo nessa experiência é a voz
- Por isso, ao tentar se comunicar por vídeo com seu pet busque utilizar telas maiores e solte a voz!
- Mas atenção: as chamadas de vídeo podem ser estressantes e gerar confusão nos cães e gatos, é preciso moderação e alguns cuidados
Chamadas de vídeo para participar de reuniões, aulas e até para comemorar aniversário à distância viraram rotineiras durante este ano de pandemia. Apesar de não substituírem a troca de um encontro presencial, em muitos casos elas servem também para amenizar a saudade dos amigos e familiares. Mas será que esse método funciona até mesmo com nossos amigos de quatro patas?
Quem já tentou se comunicar por vídeo com seu cachorro ou gato pode relatar as mais diversas reações: desde latidos e grunhidos até o mais frio silêncio, sem nenhum esboço de reconhecimento. Caso esteja se perguntando se, afinal de contas, eles entendem que aquela pessoa dentro da tela é seu amado dono, a resposta pode ser meio desanimadora: não há uma certeza cravada sobre o assunto.
Mas é possível fazer algumas suposições baseadas especialmente em estudos sobre a relação de pets com a televisão e na experiência de veterinários que trabalham na área. Uma pesquisa de 2016 da University of Central Lancashire, na Inglaterra, revelou que mais do que as imagens que estão sendo exibidas, o que de fato atrai os cachorros em vídeos são os sons emitidos.
Isso porque a relação dos pets com as imagens é muito diferente da nossa: eles enxergam em paletas de cores mais restritas, não têm o mesmo senso de profundidade que os humanos e conseguem perceber movimentos com muito mais precisão e agilidade - por isso preferem ver vídeos em que há muito movimento do que uma longa e pausada narrativa.
Além disso, os cães e gatos conseguem receber estímulos vindos das telas, mas não necessariamente interpretam o que está sendo exibido ou constroem um raciocínio sobre aquilo, como explica a oftamologista veterinária Débora Galdino, que concluiu seu doutorado em Clínica Cirúrgica na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. "Eles não têm essa capacidade cognitiva, pelo menos ainda não foi comprovado que tenham. Podem ligar uma coisa a outra por repetição, mas não por cognição", conta.
Tanto Débora quanto Marcelo Quinzani, Diretor Clínico do hospital veterinário PetCare, concordam com os pesquisadores britânicos de que o estímulo decisivo para os animais quando assistem a um vídeo - seja ele um filme na televisão ou uma chamada de vídeo com seus donos - são os sons que escutam. A veterinária usa como exemplo, inclusive, os pets que ficam cegos e ainda assim conseguem identificar os tutores: se a visão fosse decisiva no processo de reconhecimento, isso não seria possível.
Por isso, se você quer ter alguma chance de ser reconhecido pelo seu pet em uma ligação de vídeo, invista nos instintos que estão aos seu alcance: a imagem e principalmente o som, já que o olfato, tão importante para eles nas relações cotidianas, não adianta de muita coisa nesse contexto.
Apesar de a imagem ter um papel meio secundário nessa história, Quinzani dá ainda algumas dicas de como potencializar as chances de sucesso da experiência. "Provavelmente eles podem se beneficiar de telas maiores para poder identificar os seus tutores, sempre associados aos movimentos e ao som das vozes", destaca, alertando ainda que "imagens muito complexas, com várias pessoas juntas e fundos com muitas informações podem prejudicar o reconhecimento visual".
Além disso, é preciso estar atento para não expor os bichinhos a uma situação cansativa e estressante. Os gatos, por exemplo, são adaptados para situações de baixa luminosidade e por isso as telas de celulares e televisão não são tão atrativas para eles quanto são para humanos, explica o veterinário do PetCare.
A dica de Débora é que a experiência seja realizada em um lugar aberto em que o cachorro ou gato possa ir para outros ambientes caso sintam-se desconfortáveis. "Tudo depende do contexto de onde o pet se encontra. Se ele estiver sozinho isso pode ser ruim. Se ele estiver com outros membros da família talvez ele não se sinta tão frustrado assim, pois tem outras pessoas que conhece e que se identifica por perto. Isso tem que ser avaliado caso a caso", finaliza Marcelo Quinzani.
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