Proibido de montar palco, Me Beija Que eu sou Cineasta faz baile em teatro
Mesmo proibido pela prefeitura do Rio de montar seu palco na Praça Floriano, na Cinelândia, o bloco Me Beija Que eu sou Cineasta não deixou de fazer o seu Carnaval. O grupo que há 14 anos reúne profissionais do cinema, da cultura e admiradores das artes em geral foi acolhido pelo Teatro Rival, também na Cinelândia, e fez um baile com direito a marchinhas, sucessos da música brasileira e de trilhas sonoras do cinema.
"Este ano estamos com a campanha "Me respeite". Respeite a minha cor, minha sexualidade, meu axé, minha individualidade", explicou Natara Ney, uma das organizadoras.
Antes de subir no palco, onde tocaram com bateria e guitarra, a banda fez um pequeno cortejo apenas com percussão e instrumentos de sopro pela praça Floriano, enquanto os foliões iam chegando aos poucos. O baile reuniu seguidores antigos e estreantes, todos com duras críticas à gestão do prefeito Marcelo Crivella.
"Adoro o bloco, é um clássico do Carnaval. Essa atitude da prefeitura foi ridícula. Não dá pra brincar de Carnaval com um prefeito intolerante. Não dá nem pra ter cidade. Mas o Carnaval é uma festa do povo”, disse a montadora de cinema Mariana Penedo, 38, que sai no Me Beija desde o primeiro ano.
A médica Mônica Lanksznevr, 44, vem todo ano conferir o bloco. Este ano, ela trouxe o marido, o filho e amigos que vieram do Paraná para o Rio curtir a folia. "Adoro o bloco, o repertório, o clima. A iniciativa do Rival de acolher o pessoal foi fantástica", avaliou.
A produtora de cinema Priscila Reis também conhece o bloco desde os primeiros anos. Para ela, o baile no Rival tem um significado especial. "Essa situação nos trouxe para dentro de um templo, um lugar histórico para a cultura do Rio. O que queremos dizer é que esta atitude da prefeitura foi um tiro no pé. Não adianta bater, vamos resistir”, garante.
A digitalizadora e astróloga Isadora Machado, 28, veio curtir o Me Beija pela primeira vez, mas é frequentadora assídua do Teatro Rival e aprovou a atitude do espaço: “Carnaval é um ato político. É muito importante ter a resistência”. O ator Ronaldo Mourão, 47 anos, também fez sua estreia como folião do bloco, mas não deixou de lado as críticas ao prefeito. “Ele deixou a cidade às moscas, desorganizados e sem estrutura. É uma estratégia para dizerem que o carnaval deixa tudo uma bagunça e depois acabarem com ele”, apontou.
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