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Blocos de rua

Depois de multidões, largo da Batata vira opção tranquila no pós-Carnaval

Sara Puerta

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/02/2018 18h40

Despedindo-se do Carnaval 2018, o largo da Batata, um dos principais circuitos da festa nas últimas semanas, recebeu o bloco estreante Xuca Feita.

Marcado para começar às 11h, o trio elétrico foi comandado por DJs mandando funk e música pop. A festa começou a ferver mesmo por volta das 14h, quando o largo ficou tomado, tornando se um grande baile funk, mas ainda numa proporção menor comparado aos últimos finais de semana.

O local se tornou uma opção para quem não queria se enfiar no meio da multidão, como a que tomava a avenida 23 de Maio no mesmo horário, com os trios da cantora Claudia Leitte e do Baiana System, ou os que desistiram de chegar lá, como comentou o organizador do Xuca Feita, Bruno Motta.

Tati Angel, foi uma das foliãs que escolheu o largo para finalizar o Carnaval. "Nem sabia que bloco estaria aqui, mas queria um lugar com menos multidão, um pouco mais tranquilo".

Natália Torino, veio com um grupo da Atlética dos cursos de Biologia e Biomedicina da USP, que também foi atraído pelo Xuca Feita, por ser uma opção menos lotada.
"Fui em seis blocos ao todo nesse Carnaval. Estamos cansados, mas ainda dá pra aproveitar mais, porém sem multidão."

As amigas Michelle Felix, Tainá Daniel e Monique Gomes, que trabalham em uma loja dentro da estação Faria Lima do metrô, criaram uma estratégia para curtir o Carnaval: já trazem as fantasias, maquiagem e acessórios. "Faz um mês que estamos vindo todo sábado para o largo. Muitas vezes a loja fecha por conta da interdição dentro da estação e aí já vamos para a rua", contou Michelle.

Para elas, foi o melhor Carnaval de São Paulo em todos os anos, pela organização e por considerar os homens mais respeitosos, com mais brincadeiras e menos assédio.

Lucas Pereira, morador de rua, chamou a atenção da galera, fazendo coreografias e pelo requebrado. "Para mim, o Carnaval aqui é como uma festa de aniversário, que, em 19 anos, nunca tive. Ganho abraços e sorrisos".

O fundador do bloco, Bruno, comemora a realização do Xuca Feita, independente da lotação. Ele também organiza o Boca de Veludo, que atraiu mais do dobro da expectativa de público, e é voltado para a música eletrônica. "Queria um bloco que abrisse para outros ritmos e a música pop. É assim que é o Carnaval de São Paulo, diversidade de público, opções e músicas. São vários circuitos acontecendo ao mesmo tempo", comemora.

O Xuca Feita também tem uma pegada de conscientização sobre o uso da camisinha e a prevenção das DST's. Além disso, como o próprio nome diz, levam a orientação sobre o processo de limpeza anal, a chamada xuca, distribuindo higienizadores íntimos descartáveis.

Foliões curtem o Bloco do Apego na região do largo da Batata, em São Paulo, neste sábado de pós-Carnaval - André Lucas/UOL - André Lucas/UOL
Foliões curtem o Bloco do Apego na região do largo da Batata, em São Paulo, neste sábado de pós-Carnaval
Imagem: André Lucas/UOL

Bloco do Apego

Na Rua Fernão Dias, nas imediações do largo da Batata, acontecia pelo segundo ano o Bloco do Apego, como uma festa paralela ao Xuca Feita e ao Rindo à Toa, da banda Falamansa, que acontecia na Faria Lima.

A fundadora Cristina Naumovs o define como um "bloco para os amigos e amigos dos amigos", já que ele é considerado de "bairro", não possui cordas ou separações " Somos contra as pulseiras VIPs, e vai continuar assim. No ano passado foram quase 3 mil pelas ruas, um público inesperado, mas muito satisfeito", conta.

Às 16h, quando o carro iniciou o desfile, uma multidão de pessoas fantasiadas, chuvas de glitter e confetes seguia o bloco, ao som de brasilidades e axé.

Ivani Cordeiro, 71, que mora em um prédio em frente à concentração do bloco, estava participando pela segunda vez. "Amo Carnaval, ainda mais quando é só descer o elevador, na porta de casa", disse a aposentada, que estava acompanha do namorado de 54 anos.

Paulo Cristiano, que se intitula um "romântico Incurável", morador de Pinheiros, foi atraído pelo nome. "Sou da turma do Apego, esse papo de 'pego e não me apego', para mim não funciona. E para completar, não me considero trouxa!", brincou.