"Carnaval pode tirar o Rio da crise", diz subsecretário de Grandes Eventos
Ex-secretário estadual de Cultura, Ruan Lira ocupa, desde dezembro, a Subsecretaria de Grandes Eventos e é o interlocutor das conversas entre as escolas de samba e o governador Wilson Witzel em busca de soluções para viabilizar os desfiles das agremiações da Marquês de Sapucaí e da Estrada Intendente Magalhães (onde se apresentam as divisões inferiores). Com impossibilidade de investimento por conta do regime de recuperação fiscal, o Estado do Rio de Janeiro tenta, a exemplo do que conseguiu em 2019, parcerias com empresas privadas por meio de leis de incentivo culturais. Nesta entrevista exclusiva à coluna, o subsecretário relata como estão as negociações.
Em que pé está a possível colaboração do governo do estado para as escolas de samba?
O governador já sinalizou que, como no ano passado, iremos usar os incentivos fiscais para fomentar e suprir o montante que a prefeitura deixou de dar. Infelizmente, a atitude da prefeitura massacra o Carnaval - parece que eles não gostam da festa. Nós, ao contrário, entendemos que o Carnaval é investimento, pois é o momento em que entram cerca de R$ 5,5 bilhões na economia do estado e R$ 4 bilhões no da prefeitura. Então, é um absurdo que a prefeitura não cumpra seu papel. O Carnaval, queiram ou não, é o nosso maior ativo cultural e o nosso maior evento. Ele pode ajudar o estado do Rio de Janeiro a sair da crise financeira que encontramos. Estamos negociando com o setor privado, inclusive com a Light, que patrocinou no ano passado e esperamos ter boas notícias em breve. Ano passado fechamos praticamente no dia do desfile e este ano ainda temos pouco mais de um mês. Sei que o quanto antes fecharmos, será melhor para as escolas.
Qual o valor que vocês esperam fechar com os patrocinadores?
Estamos buscando para todas as escolas de samba, de todas as ligas, e também para o Carnaval de rua. O patrocínio dos blocos está fechado e divulgaremos em breve qual é a empresa. Estamos correndo para as ligas das escolas de samba e esperamos, minimamente, captar os mesmos R$ 15 milhões do ano passado. Porém, gostaríamos de chegar a R$ 25 milhões, para englobar todas as ligas e aumentar a verba das escolas do Grupo Especial. Não estamos medindo esforços para conseguir essa captação pela lei do ICMS e conseguir viabilizar, além dos desfiles, os ensaios técnicos, que hoje estão sem verba e ainda dependentes da conclusão da reforma do Sambódromo.
Como está a recepção da iniciativa privada às tentativas de patrocínio?
Estamos dialogando diretamente com o setor privado, que tem dado credibilidade ao governo do Estado, que conseguiu reduzir despesas e aumentar investimentos, pagando os salários dos funcionários em dia. Investimos 100% dos recursos da lei de incentivo à cultura - o que não acontecia há muitos anos. Isso nos credencia e com isso temos dialogado com as empresas. Não é fácil por conta dos prazos e dos valores, mas as coisas estão caminhando e estamos abrindo portas. Tenho muita esperança de que conseguiremos salvar o Carnaval do Rio de Janeiro.
As escolas precisam terminar seus desfiles e o financiamento, quanto mais cedo chegar, melhor para elas. Você trabalha com algum prazo-limite para concluir essas negociações?
Eu seria leviano se colocasse um prazo porque depende de outros fatores. Se dependesse de nossa vontade, já estaria resolvido. Mas tenho convicção de que vamos resolver em um tempo melhor do que no ano passado. Não precisaremos passar pelo sufoco que passamos. Gostaríamos de ter fechado em novembro do ano passado, mas por conta de todo impasse com a prefeitura sobre a administração do Carnaval, não conseguimos. Esperamos finalizar tudo na primeira quinzena de fevereiro.
Desde que assumiu, o governador Witzel se interessou pelo Carnaval e sempre destacou o fato de que os desfiles envolvem cidades de toda a região metropolitana. Sabe-se que o governo do estado hoje não tem condições de investir verbas públicas. Mas, para 2021, há alguma perspectiva de algum investimento vindo do próprio governo estadual? Ou, se não, como antecipar essas parcerias público-privadas para que a subvenção saia com maior antecedência?
Infelizmente o estado não pode investir por conta do regime de recuperação fiscal. Depois que tiver saído, sim, o governo tem interesse em dar um aporte porque vê o Carnaval como prioritário para a economia fluminense, que gira de forma avassaladora.
Esse é um ano de eleições municipais. Na perspectiva de mudança de governo municipal, ainda há o interesse de retomar, com um futuro prefeito, as negociações para que a administração do Sambódromo passe para o governo do estado?
Sem dúvidas. O governo do estado tem um interesse em proporcionar um Carnaval de qualidade, que seja bom para a cidade e o estado. Temos totais condições para, juntamente com a prefeitura, de cuidar desse ativo. Gestores passam, mas as instituições ficam. A prefeitura do Rio tem a obrigação de cuidar do Carnaval e o governo do estado quer ser um parceiro.
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