Império Serrano chega com carros incompletos na concentração e assusta fãs
Rebaixada do Grupo Especial no ano passado, a Império Serrano deverá atravessar a Sapucaí correndo riscos de uma nova queda no Carnaval de 2020. A escola, uma das mais tradicionais do Rio, chegou nesta sexta-feira (21) à concentração da Avenida Presidente Vargas com alegorias inacabadas — com estruturas de ferro e madeira à mostra, sem qualquer revestimento — enquanto componentes e torcedores relatavam problemas com fantasias através das redes sociais.
Informações publicadas durante a tarde e a noite do primeiro dia de desfiles da Série A, grupo ao qual a Império pertence atualmente, dão conta de que as fantasias da bateria e camisas de diretoria, que deveriam ser entregues à equipe da Verde e branco, tiveram a entrega completamente atrasada. Havia temor de que as roupas dos ritmista sequer chegassem, o que não ocorreu: logo que eles começaram a receber os figurinos, novos comentários na web trouxeram algum alívio aos mais aficionados pela agremiação de Madureira, na zona norte do Rio.
A derrocada do Império está relacionada a uma crise que não começou em 2019. No ano anterior, em 2018, a escola apresentou um desfile sobre o China e, além de elementos visuais medianos, encerrou a apresentação dois minutos antes do tempo mínimo de desfile — o erro é considerado primário nos bastidores, uma vez que as alas finais, incluindo a bateria, poderiam ter permanecido mais tempo na pista e garantido o cumprimento da exigência. A falta fez com que o Império acabasse rebaixado, cenário que só mudou graças à virada de mesa que garantiu a permanência da Grande Rio.
Na temporada passada, ainda entre a elite carioca graças, o Império tentou se reerguer: abriu mão de compor um novo samba para apresentar uma releitura de "O que é, o que é", sucesso na voz de Gonzaguinha. Quis ousar ainda mais e colocou o casal de mestre-sala e porta-bandeira para dançar em cima de uma alegoria — estratégia que, assim como a trilha sonora, não funcionou. O rebaixamento veio tão rápido que a presidente, Vera Lúcia, deixou a Praça da Apoteose às pressas antes do fim da divulgação das notas.
Agora, o Império vive o desafio de encerrar a primeira noite de desfiles da Série A contando a história do enredo "Lugar de mulher é onde ela quiser!", do carnavalesco Juninho Pernambucano. Os problemas, no entanto, se agravaram de um ano para cá: em setembro, quando o samba-enredo foi escolhido, a própria presidente Vera Lúcia, que se dedica há anos pela escola, pegou o microfone da quadra para afirmar que sua obra favorita havia perdido e que ela se afastaria da agremiação. A declaração e o anúncio da canção vencedora criaram uma briga generalizada no local, escancarando a desunião da comunidade.
Resta saber o que o destino — e os jurados — reserva para a escola na Quarta-feira de Cinzas. Se não conseguir se manter na Série A, o Império passará a desfilar na Estrada Intendente Magalhães, no bairro do Campinho, onde se apresenta a Série B. A Coluna do Leo Dias e o mundo do samba esperam que algo tão grave não aconteça.
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