Quem brilhou mais?

Luxo e grandiosidade colocam Dragões, Império e Mancha como favoritas do primeiro dia de desfiles

Do UOL, em São Paulo Ricardo Matsukawa/UOL

O que é preciso para ser campeã do Carnaval? Grandiosidade. Luxo. Capricho. Samba na ponta da língua e na ponta dos pés. E incendiar o sambódromo.

Foi isso que Dragões da Real, Império de Casa Verde e Mancha Verde mostraram no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial de São Paulo. As três escolas saíram do Anhembi credenciadas à luta pelo título.

A Dragões, escola que vem "batendo na trave" nos últimos anos, causou o primeiro momento de arrebatamento da noite, com muito bom gosto no visual, um belíssimo conjunto de alegorias e fantasias. Além de uma alegria que contagiou o público.

A atual campeã, Mancha Verde, teve seu desfile atrasado por conta de um carro da Dragões que se prendeu a um fio da rede elétrica e não conseguia ser retirado da dispersão. Mas quando pisou na passarela do samba mostrou a que veio.

Com um visual luxuoso e imponente, assinado pelo sempre minucioso Jorge Freitas, a escola evoluiu com alegria pelo Anhembi. Ponto negativo ficou por conta da difícil compreensão do enredo.

Completando o trio poderoso da noite, a Império de Casa Verde chamou a atenção pelo desfile altamente competente e tecnicamente perfeito —que costuma ser sua marca.

Por conta do atraso nas apresentações, a azul e branca acabou sendo prejudicada. Afinal, o seu carro abre-alas, com muitos efeitos especiais e uma iluminação especial, foi projetado para desfilar durante a noite. Mas isso não foi capaz de abafar o brilho da apresentação da escola, que apresentou belos carros alegóricos e um dos melhores conjuntos de fantasias da noite.

Veja o que mais aconteceu no primeiro dia de desfiles no Anhembi.

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Veja destaques do 1º dia em SP

Dragões, Império e Mancha Verde estão entre as favoritas

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Barroca contra a escravidão

Após 15 anos fora do Grupo Especial, a Barroca Zona Sul abriu o primeiro dia de desfiles em São Paulo com um enredo engajado, homenageando a líder quilombola Teresa de Benguela.

Com um samba considerado um dos melhores de São Paulo, a escola pisou na avenida determinada a se manter na elite do Carnaval paulistano.

A agremiação apresentou o enredo "Benguela... A Barroca Clama a Ti, Tereza" e contou a história da escrava que veio de Angola e foi levada ao Mato Grosso, onde comandou o histórico Quilombo do Quariterê, que existiu entre 1730 e 1795.

A apresentação da Barroca Zona Sul provavelmente será lembrada como uma das mais engajadas do ano, com uma crítica contundente à escravidão. A escola fez um desfile com alegria e inventividade, mas teve problemas com harmonia e evolução no fim. Precisou correr para terminar dentro dos 65 minutos regulamentares.

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Tom Maior com Marielle presente

A vereadora Marielle Franco, morta em 2018, voltou a ser lembrada no Carnaval, desta vez pela Tom Maior, segunda escola a desfilar no Carnaval de São Paulo —a vereadora já havia sido homenageada pela escola campeã do Rio no ano passado, a Mangueira.

A Tom Maior mostrou um enredo politizado, intitulado "É Coisa de Preto", no qual destacou os artistas e as personalidades negras que contribuíram para o desenvolvimento do Brasil.

Os carnavalescos buscaram dar um novo significado para a frase "é coisa de preto", que já foi muito usada de forma pejorativa.

A letra destacou a "herança que a mordaça não calou", com destaque para personalidades bastante conhecidas e outras nem tanto das artes, do esporte, da política e da sociedade. Falou, ainda, da importância da representatividade e do orgulho de ser negro.

Entre as personalidades homenageadas, o sambista Mussum, também conhecido por ter feito parte do grupo humorístico "Os Trapalhões", foi lembrado na bateria. Os integrantes vieram vestidos de verde e rosa, celebrando as cores da Mangueira, escola do coração de Mussum, assim como a madrinha e a rainha de bateria.

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Dragões da Real ri à toa

Terceira escola a pisar na avenida, a Dragões da Real entrou determinada a lutar por seu primeiro título no Carnaval de São Paulo —no ano passado, a escola ficou em segundo lugar.

A agremiação levou humor e felicidade para o Anhembi, em um desfile que homenageou os Doutores da Alegria e impressionou com fantasias luxuosas, alegorias grandes e bem acabadas.

O problema foi na hora de tirar os carros alegóricos da dispersão. O abre-alas acabou ficando preso na fiação elétrica e atrasou o desfile da Mancha Verde, que viria na sequência. Levou uma hora para a escola alviverde conseguir entrar no Sambódromo.

O samba da Dragões caiu no gosto do público e, nas paradinhas da bateria, o Sambódromo cantou junto com a escola, que contou a história do humor no mundo, indo das festas da antiguidade grega até a resistência dos humoristas ao regime militar brasileiro, personificada por nomes como Henfil, Millôr, Jaguar e Ziraldo.

O desfile marco a despedida da rainha de bateria, Simone Sampaio, que passou nove anos à frente dos ritmistas e decidiu deixar o posto em prol da renovação da escola.

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Mancha Verde luxuosa luta pelo bi

Atual campeã do Carnaval de São Paulo, a Mancha Verde defendeu o título apostando no velho ditado futebolístico "em time que está ganhando não se mexe". Novamente, a escola apostou na minúcia e no capricho do carnavalesco Jorge Freitas, em um desfile marcado pelo luxo.

Com o enredo "Pai! Perdoai, Eles Não Sabem o que Fazem!", a agremiação falou de atos condenáveis dos homens de várias eras, tendo a religiosidade e Jesus Cristo como panos de fundo.

O público, como era esperado, cantou e vibrou junto. Nas arquibancadas, bandeirões verde e branco e sinalizadores agitaram a passagem da escola, que precisou esperar mais de uma hora para entrar na avenida, depois que um dos carros da Dragões da Real ficou preso em um fio da rede elétrica na dispersão.

Além disso, o problema com a Dragões fez com que os cronômetros da avenida não funcionassem. Integrantes da Liga SP tiveram que controlar o tempo de desfile com cronômetros em mãos.

Pelo 14º ano na Mancha Verde, Viviane Araújo brilhou, no posto de rainha, com fantasia luxuosa toda vermelha, representando a maldade. "Sou a antagonista, representação da vaidade, do mal que crucificou Jesus", explicou antes de entrar na avenida.

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O amanhecer com a Tatuapé

O primeiro dia de desfiles já estava com uma hora e meia de atraso quando a Acadêmicos do Tatuapé pisou na passarela do samba. Com o enredo em homenagem à cidade de Atibaia e o dia amanhecendo, foi difícil empolgar o público.

Mas a escola, que busca o tricampeonato —depois de vencer em 2017 e 2018—, fez um desfile correto, com um samba afiado, carros bonitos e fantasias caprichadas.

A escola da zona leste preparou para 2020 o samba-enredo "O ponteio da viola encanta... Sou fruto da terra, raiz desse chão... Canto Atibaia do meu coração" e fez uma ode à vida no campo. Entre outras características da cidade, que fica no interior de São Paulo, alambiques, comidas típicas, animais e uma casa representando a Fazenda Paraíso, uma das primeiras construções do local.

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Paulo Guereta/Photo Premium/Folhapress

Tigre guerreiro viaja ao Líbano

Tricampeã do Carnaval de São Paulo, a Império de Casa Verde entrou no Anhembi com dia claro e despontou como forte candidata ao título com um desfile marcado por animação, fantasias luxuosas e carros alegóricos que usaram e abusaram da tecnologia.

Neste ano, a agremiação da zona norte optou por homenagear o Líbano com o enredo "Marhaba Lubnãn" ("Olá, Líbano", em tradução livre), desenvolvido pelo carnavalesco Flávio Campello. A escola —que tem o tigre como seu símbolo— aproveitou que o Brasil abriga uma grande comunidade libanesa para explorar a rica história do país árabe, incluindo suas tradições e suas lendas.

A Império fez um desfile rico em detalhes, cores, texturas e tecnologia. Seu primeiro carro, "O Império Marítimo", que representava o mar Mediterrâneo, trouxe enormes cavalos-marinhos e outras criaturas que se moviam, bem como telões que reproduziam imagens do mar. Sereias usando o hit do Carnaval, o tapa-mamilo, eram os destaques das laterais do carro, que tinha 70 metros de altura.

Já o último carro da agremiação mesclou efeitos de luzes com um grupo de tigres animatrônicos.

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Ricardo Matsukawa/UOL

Chove chuva na X-9

Já eram mais de 8h da manhã quando a X-9 Paulistana encerrou a primeira noite de desfiles no Anhembi. Apesar da previsão de chuva para a noite de sexta, o tempo ficou firme durante quase todo o tempo —a água começou a cair momentos antes de a escola da zona norte pisar na passarela do samba.

Com o enredo "Batuques para um Rei Coroado", a X-9 uniu ritmos persuasivos de várias regiões e religiões do país e promoveu um mergulho sonoro e estético pelo samba, xaxado, forró e maracatu, além de explorar as festas do Divino e de são João.

A opção da escola por cores cítricas e fluorescentes, além de fantasias mais leves e sem tantas plumas, criou um espetáculo colorido na avenida.

A agremiação apresentou também fantasias e carros espelhados. Juju Salimeni foi a rainha de bateria.

A X-9 teve também um problema em uma de suas alegorias, que vinha em duas partes acopladas. A conexão entre elas se quebrou no meio do desfile, obrigando os integrantes a empurrá-las separadamente.

Depois disso, carro alegórico teve dificuldade de passar pela avenida da forma correta, evoluindo de forma irregular e por vezes se chocando contra as grades laterais do Anhembi. O problema pode custar pontos para a X-9 em quesitos como evolução e alegoria.

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