Carnaval no RJ: Minidesfiles tem famosas, emoção de idosos e 5 mil sambando
Era para as escolas de samba estarem desfilando pela Marquês de Sapucaí neste último final de semana de fevereiro. Mas com a suspensão dos desfiles no segundo ano consecutivo devido à pandemia de covid-19, o jeito foi improvisar a festa em outro formato e endereço. Na noite de ontem, as seis primeiras escolas do Grupo Especial se apresentaram com número reduzido de componentes pela pista de shows da Cidade do Samba, onde se localizam os barracões das agremiações.
Apresentado por Milton Cunha, o chamado Rio Carnaval 2022 serve de prévia do que as escolas preparam para os desfiles oficiais, remarcados para a segunda metade de abril.
Baianas, ritmistas, casais de porta-bandeiras e mestres-salas, passistas, musas, além da comissão de frente comandaram o show, organizado pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), para cinco mil pessoas. Todos os ingressos foram vendidos.
Sem máscaras
Em todas as escolas, as baianas e a ala de velha guarda abriram os cortejos, logo após as comissões de frente. Muitos se emocionaram de ver os idosos desfilando. "Eles foram alvo de comentários preconceituosos de autoridades durante a pandemia. Vê-los aqui desfilando, sorridentes, é lindo demais", disse a turista capixaba Manuela Peres.
Foi exigida a apresentação de comprovante com pelo menos duas doses de vacina. Mas, por ser em local aberto, o uso de máscaras não foi obrigatório. A reportagem do UOL constatou que máscara no rosto era raro de se ver.
"É a primeira vez que estou vindo a um evento com muita gente desde o começo da pandemia, tirei a máscara só pra comer algo", contou o advogado João Paulo Aguiar, destoando da maioria.
Viviane grávida
As escolas foram apresentadas pelo ex-carnavalesco e comentarista da TV Globo Milton Cunha. Sabrina Sato, rainha da Vila Isabel, e Viviane Araújo, do Salgueiro, grávida de três meses, estavam acompanhadas de seus respectivos maridos - o ator Duda Nagle e o empresário Guilherme Militão.
"Duda veio com Sabrina, Vivi com Militão... Gosto de ver isso, os maridos acompanhando as rainhas", disse Milton, que adiantou uma nova edição dos minidesfiles para 2 de dezembro, quando se comemora o dia nacional do samba.
Viviane estava vestida com um colant vermelho justíssimo. Foi a rainha que mais arrebatou o público.
Os fãs pararam-na várias vezes para tirar fotos e perguntar se ela prefere menino ou menina. "Não estou preocupada com isso", disse.
Sabrina, com seu carisma, marca sua volta à Vila Isabel. "Tô muito feliz, na Vila me sinto em casa. É como se eu nunca tivesse saído, porque meu coração está aqui", disse a apresentadora.
Ausência da noite, o presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, não compareceu por esta viajando. Mas deixou um vídeo gravado, no qual resumiu o evento como uma prévia da Sapucaí. Após se apresentar no palco central do local, a bateria descia para a avenida aonde boa parte do público aguardava ansiosa.
Destaques da noite
Quem abriu a noite foi a Imperatriz Leopoldinense, com o enredo "Meninos, eu vivi... Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine", uma homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues, que fez história em carnavais emblemáticos no Salgueiro e na Mocidade. A cantora Iza abrilhantou à frente da bateria. Será sua estreia no grupo Especial. Uma queima de fogos marcou a volta da escola de Ramos à elite do Carnaval carioca.
Em seguida, veio a São Clemente, com enredo "Minha vida é uma peça", uma homenagem ao humorista Paulo Gustavo, morto de covid-19 no ano passado. O samba, apesar de bem cantado pelos componentes, não empolgou tanto durante a apresentação de 40 minutos.
O ponto alto da noite foi a Unidos de Vila Isabel, com outro enredo-homenagem, dessa vez ao seu baluarte maior, o cantor Martinho da Vila em "Canta, Canta, minha gente! A Vila é de Martinho!". Um sacode que animou a todos, já antevendo o que a agremiação promete fazer em abril, quando vai encerrar as apresentações.
Com um samba fraco, Portela passou sem cantar forte, como é de costume da escola de Madureira. O som da tradicional águia foi ouvido vindo do barracão ao fundo. Em abril, trará um enredo com apelo africano em "Igi Osè Baobá".
Com o chão "mais quente", veio a Acadêmicos do Salgueiro com sua "Resistência", sobre os valores da negritude no país. E, encerrando a primeira noite de mini-desfiles, a Beija-Flor de Nilópolis, na mesma pegada, com o enredo "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor". Ao término, o público foi atrás, como acontece na Sapucaí.
Festa generalizada
O prefeito Eduardo Paes suspendeu, em janeiro, o carnaval de rua na cidade e adiou os desfiles das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí e na Intendente Magalhães. Dessa forma, os desfiles na Sapucaí foram remarcados para os dias 19 e 20 de abril (Grupo de Acesso) e 21 e 22 (Grupo Especial); e no dia 29 o desfile das campeãs.
A medida da Prefeitura, devido ao avanço da variante ômicron no primeiro mês do ano, desagradou a vários foliões. "Me diz o que você tá vendo aqui que não podia tá sendo feito na Sapucaí, é absurdo não terem peitado os desfiles em fevereiro. Covardia com os sambistas. Tá tendo festa em tudo que é lugar", opinou a portelense Nora de Paula.
Hoje, as outras seis agremiações prometem a continuação da festa: Paraíso do Tuiuti, Unidos da Tijuca, Estação Primeira de Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel, Acadêmicos do Grande Rio e Unidos do Viradouro.
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