Prefeitura de SP e blocos não entram em acordo e ânimos ficam exaltados
A audiência pública realizada hoje entre representantes da Prefeitura de São Paulo e líderes dos blocos de rua da cidade para definir o destino das agremiações em 2022 acabou sem acordo. Os líderes dos blocos pediram segurança e infraestrutura para desenvolver os seus desfiles a partir do feriado do dia 21 de abril.
"Viemos pedir somente o apoio de vocês para quem quer fazer a festa. Sem opressão, brigas e ajudando acontecer", pediu um dos estimuladores culturais. Além dos desfiles das próximas semanas, as agremiações também pediram a realização de um Carnaval de blocos no segundo semestre de 2022.
A mesa foi composta por representantes das áreas de cultura e segurança urbana, bem como da CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) e subprefeituras do município. Antes de começar a plenária, os representantes dos blocos protestavam com cartazes que diziam: "Carnaval de rua livre" e "Respeite nosso tambor".
Temas como opressão policial, falta de infraestrutura e de legalização da Prefeitura para os desfiles foram abordados pelos representantes.
Da parte da Prefeitura participaram a secretária Municipal de Cultura, Aline Torres; secretária Municipal de Segurança Urbana, Elza Paulino de Souza; e o secretário Municipal das Subprefeituras, Alexandre Modonezi.
Zé Cury, líder do fórum aberto dos blocos, declarou: "Nós precisamos descobrir quem é o canal? Com quem os blocos devem falar? É com a prefeitura, com as secretarias? Nós sabemos fazer carnaval muito melhor que qualquer político que fique aqui por quatro anos. Nós somos o carnaval."
"A gente já comeu bomba cadastrado e a gente já apanhou não cadastrado. A gente só quer evitar que a polícia bata na gente. A impressão de hoje é muito ruim, porque se negam ao diálogo. O Carnaval vai existir, o Estado é obrigado a gerir", indicou Marco Ribeiro, coordenador do bloco Fua.
Nós organizamos nossa comunidade. Queremos a garantia que a gente não vai levar spray de pimenta nos olhos, não vamos apanhar e ter nossos instrumentos quebrados por exercer nosso direito constitucional
Rose Almeida, do bloco Fua
O que diz a Prefeitura
Já Alexandre Medonezi disse ser impossível que os blocos saiam em 10 dias, mas indicou que "ninguém quer impedir nada e nunca quis impedir" o Carnaval de rua na capital do estado.
"Desde 2017 a prefeitura decidiu que o carnaval é livre e democrático. Nunca impedimos que blocos saiam. A cidade sempre acolheu o Carnaval. O Carnaval de rua se tornou o maior evento da cidade. Não é uma questão de proibir mas de como fazemos isso. Temos que agir com responsabilidade", disse o secretário.
"Ninguém falou de impedir ou perseguir. Nunca teve perseguição no carnaval. Não existiu impedição de bloco em momento algum. É impossível que esteja pronto em 10 dias, as licitações precisam ser feitas, é preciso ter contratos. O que eu posso pedir a vocês e que vocês reflitam sobre as dificuldades e os riscos que podem ter em colocar um carnaval em 10 dias na rua", acrescentou.
A secretária Municipal de Segurança Urbana falou também sobre a inviabilidade e a insegurança de organizar um desfile de blocos em apenas 10 dias.
"Nós queremos o carnaval como todos vocês, só que desse lado precisamos pensar muito no lado da segurança, principalmente na preservação da vida. Esse é o nosso compromisso na segurança pública", disse Elza Paulino.
Sem acordo
Após os discursos, no entanto, os representantes dos blocos disseram ainda assim não concordar:
"O Carnaval de abril é uma realidade, quer vocês queiram quer não. A gente quer um compromisso para não judializar o bloco, não criminalizar, não bater, não quebrar instrumento", devolveu uma líder carnavalesca.
Após diversas manifestações, os representantes da Prefeitura abandonaram a planaria alegando falta de diálogo por parte dos blocos.
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