Saída de blocos causa divergência e parte desiste de evento em SP
O Carnaval de blocos em São Paulo ainda não ganhará as ruas no próximo feriado. Pelo menos não no seu modelo tradicional. Cerca de 95% dos blocos cadastrados pela prefeitura não terão desfiles nos próximos dias alegando falta de tempo, dinheiro e infraestrutura. Parte deles, já havia desistido antes mesmo de qualquer debate sobre o feriado desta semana.
"Nós apoiamos o Carnaval livre, mas também somos conscientes. Não dá para um cara colocar um bloco grande na rua, que sobreponha o direito de outro cidadão. Então é preciso organizar e nesse sentido apoiamos o que decide a prefeitura, no que diz respeito da necessidade de uma organização mínima pra fazer o Carnaval de rua com segurança", declarou Pedro Anacleto, presidente do Ocupa Carnaval de Rua de SP, que representa parte dos blocos paulistas.
Liderados pelo Ocupa, um dos órgãos responsáveis pela organização das agremiações, algumas lideranças se encontraram na tarde de hoje com o objetivo pensarem em uma data para a festa no ainda no segundo semestre deste ano.
Na ocasião, os líderes sugeriram o dia 9 de julho e 7 de setembro como possíveis datas para os desfiles e agora a ideia é conversar sobre o tem com a Secretaria Municipal de Cultura.
Ainda no encontro, as lideranças carnavalescas propuseram a atualização do projeto de lei 01-00298/2016, do vereador Nabil Bonduki (PT), que prevê maior infraestrutura e cuidado para o Carnaval de rua.
A ideia do grupo é incluir temas atuais no texto do da PL. O grupo diz ter o apoio do vereador Elizeu Gabriel (PSB), da bancada Quilombo Periférico, e de nomes do PT e MDB.
Divergência de opiniões entre os blocos
Atualmente existem 7 grupos que lideram os blocos carnavalescos. Nesse momento, todos tem como ponto de convergência a liberdade dos blocos de desfilarem tanto agora, como no segundo semestre.
No entanto, as lideranças discordam em diferentes pontos, como o cancelamento total do Carnaval em 2022 e, caso haja uma folia fora de época, qual é a data ideal. Existem agremiações que não desfilarão em nenhuma data neste ano, bem como existem as que vão sair tanto na próxima semana e as que preferem um momento no segundo semestre.
Entre os blocos que não desfilarão em nenhuma data deste ano, alguns líderes apontam que a "prefeitura venceu pelo cansaço" é que "já não tem mais clima para fazer Carnaval".
O que diz a prefeitura
A prefeitura da cidade de São Paulo, através de um encontro realizado na última semana com a liderança dos blocos, se diz a favor do diálogo sobre possíveis desfiles no segundo semestre.
Já para um Carnaval de rua para a próxima semana, a prefeitura considerou inviável a realização da festa, uma vez que é preciso de tempo para a organização e que sem isso, o evento se tornará um risco para a segurança dos foliões.
"Nós queremos o Carnaval como todos vocês, só que desse lado precisamos pensar muito no lado da segurança, principalmente na preservação da vida. Esse é o nosso compromisso na segurança pública", declarou Elza Paulino, Secretária Municipal de Segurança Urbana, no encontro realizado há uma semana.
Blocos resistem
Alguns blocos seguem com a ideia de ocupar a rua. Em conversa com o UOL, Marco Ribeiro, do bloco do Fuá disse que saíra às ruas do Bixiga na próxima semana — mas não informou o local exato por medo de repressão policial.
O carnavalesco contou que entende que para os blocos maiores é preciso de grandes estruturas para viabilizar o desfile, mas para o tamanho do seu bloco isso não é necessário e, por isso, ele vai desfilar. Marco também contou que a ocupação da rua é um direito de qualquer cidadão e cabe à Prefeitura organizar isso.
Ivanete Antônia, presidente do bloco das Coleguinhas, da região do Jardim das Flores, na zona sul, afirmou que saíra às ruas. "Eu vou ocupar as ruas, sem medo de ser feliz, no próximo dia 21". A líder informou que não solicitou nenhuma liberação na subprefeitura da região e torce para que seus instrumentos não sejam confiscados.
"Quero acreditar a livre manifestação de sair na rua ainda é um direito e que não pode bater em ninguém. Que não pode haver opressão e repressão", declarou Marco Ribeiro.
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