Colorado do Brás tem acidente e componente desloca o joelho em desfile
A Colorado do Brás foi a segunda escola de samba de São Paulo a desfilar na primeira noite do grupo especial. Fundada em outubro de 1975, ela passou 25 anos no Grupo de Acesso, antes de voltar ao especial em 2019. Agora, ela faz uma homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus.
A escola tem como samba-enredo em 2022 "Carolina, A Cinderela Negra do Canindé", e conta a história de uma das primeiras autoras negras no Brasil, considerada uma das mais importantes do país. O samba é de autoria de Thiago Sukata, Turko, Rafa do Cavaco, Claudio Mattos, Maradona, Valêncio, Luan e Thiago Meiners, interpretado por Chitão Martins.
A escola sofreu problemas técnicos na iluminação do abre-alas. Alguns refletores falharam e não iluminaram os queijos que carregavam destaques.
Uma componente da Colorado do Brás foi retirada da avenida carregada. A equipe médica colocou uma tala no joelho da foliã e a levaram de ambulância da dispersão da avenida. Segundo um dos organizadores da escola, a componente deslocou o joelho enquanto desfilava.
A homenageada
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, em Minas Gerais, e 14 de março de 1914. Ela viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, e sustentou a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Tal história é destaque no Abre-Alas da escola, todo feito de papelão justamente como uma forma de fazer referência à história de vida de sua homenageada.
Carolina foi descoberta com auxílio do jornalista Audálio Dantas, homenageado no último carro da Colorado do Brás.
Ela ficou mais conhecida pelo livro "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada", em que conta sua própria história na favela do Canindé e as suas observações da vida paulista contrastante. Publicada em 16 idiomas, ela também é lembrada por obras como "Casa de Alvenaria", "Pedaços de Fome" e "Provérbios", além de poemas, contos e marchas de carnaval.
Muitos de seus escritos foram encontrados, organizados e publicados de forma póstuma, ou seja, após a morte, que ocorreu aos 62 anos, em 13 de fevereiro de 1977. Na ocasião, ela foi vítima de insuficiência respiratória.
Segundo o carnavalesco André Machado, que veio vestido de morador de rua e abriu o desfile ao lado de Vera Eunice, filha da homenageada, a proposta da escola é "convocar a população de rua, mendigos e desabrigados a fazer uma homenagem a Carolina Maria de Jesus, que veio a São Paulo em busca de seu sonho, e conseguiu".
Para Vera, o desfile não deixou a desejar:
Já vivi várias homenagens a Carolina, mas essa foi muito grande. A escola retratou bem a vida da Carolina e não deixou passar nada, da fome e da tristeza que passamos aos altos e baixos. Minha mãe teve tempos de glória e de ostracismo, tivemos tempo de muita forme e muita fartura. Ela morreu na miséria.
Vera Eunice, filha de Carolina Maria de Jesus
O desfile da Colorado relata toda a história de superação de Carolina Maria de Jesus, filha ilegítima de um homem casado e que precisou interromper os estudos no segundo ano. Mesmo assim, ela já havia aprendido a ler e a escrever, e o gosto pela literatura nunca a abandonou.
Um dos destaques da escola foi Camila Prins, primeira rainha de bateria trans do Carnaval de São Paulo.
"São 22 anos de carnaval e ainda é um sonho, não acredito que está acontecendo. Fiquei anos presa no armário e agora sou a primeira rainha trans. Eu me sinto muito honrada", destacou a influenciadora em entrevista ao UOL.
A importância é muito grande. Vou representar todas as meninas trans no Brasil e no mundo. Eu me sinto vencedora e sinto que, hoje, todos no meio do samba me respeitam.
Camila Prins, rainha de bateria da Colorado do Brás
No quarto carro da Colorado, Carolina de Jesus surge em cima de um grande castelo, que sai de dentro de um livro, para representar a superação da autora e sua vitória através das palavras.
Um dos trechos do samba-enredo destaca justamente tal transformação:
"Lá vou eu pra batalha, não tinha o que comer
Fiz verso e poesia retratando meu viver
Quando cheguei em São Paulo sem rumo, nem renda
Falei de justiça pra que o mundo entenda"
*colaborou Bruno Morato, de São Paulo
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