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Com Paolla, Grande Rio desmistifica Exu e desfila aos gritos de 'é campeã'

Paolla Oliveira é a rainha de bateria da Acadêmicos da Grande Rio - Zô Guimarães/UOL
Paolla Oliveira é a rainha de bateria da Acadêmicos da Grande Rio Imagem: Zô Guimarães/UOL

Do UOL, em São Paulo*

24/04/2022 04h09Atualizada em 24/04/2022 13h58

A Grande Rio entrou hoje na Marquês de Sapucaí com uma importante missão. O objetivo da escola era desmistificar o senso comum sobre Exu, uma das entidades mais louvadas das religiões de matriz africana. Parece que funcionou. Aos gritos de "é campeã", a escola encerrou sua apresentação sendo creditada ao título inédito.

Com o samba-enredo "Fala, Majeté! Sete chaves de Exu" a escola de samba carioca quis criar consciência sobre a bondade e poder da entidade, além de lutar contra o preconceito que religiões de matriz africana sofrem no Brasil.

"Nosso enredo busca quebrar esses estereótipos negativos que são ligados à figura e ao poder de Exu", declarou o carnavalesco Gabriel Haddad em entrevista ao UOL.

Para ajudar na missão, como é de praxe, a agremiação de Caxias contou com a poderosa presença de diversos famosos. A começar pela rainha de bateria, Paolla Oliveira. Toda de vermelho, a rainha de bateria foi representando a magia das pomba-giras.

A atriz foi acompanhada do namorado, Diogo Nogueira, portelense que desfilou com a Grande Rio para acompanhar a amada.

Os ex-BBB's Gil do Vigor, Camilla de Lucas e Pocah também desfilaram. As atrizes Monique Alfradique e Mônica Carvalho foram como destaques de chão, assim como Gil que celebrou suas origens pernambucanas com a fantasia "no frevo do amor".

Como foi o desfile

Na comissão de frente a representação de Exu em cima de um globo terrestre que se erguia perante aos jurados levantou o público presente.

O abre-alas trouxe uma grande encruzilhada com barcas de Exu e assentamentos. Depois, um terreiro e casas de prostituição e bares além de mercados municipais mostravam lugares significativos para a manifestação da entidade.

A rainha de bateria Paolla Oliveira brilhou e os ritmistas vieram representando gira do malandro conduzidos pelo mestre Fafá.

Com muitas paradinhas a ponto de conseguir ouvir o canto da escola, o samba rendeu bastante. Já é considerado um dos mais bonitos da história da escola e também da safra deste ano.

O quinto carro da escola provavelmente será a grande imagem que fica do Carnaval de 2022. Uma escultura gigante de um bate-bola, uma pessoa mascarada com muitas cores trouxe alegria e leveza para o enredo que poderia ser aparentemente difícil de se compreender.

Ao término a escola pede o combate à intolerância religiosa e se credencia ao inédito título na história da agremiação de Caxias.

Explicando Exu

Tanto para a Umbanda, quanto para o Candomblé, Exu é quem faz a comunicação entre os humanos e os orixás. Entre os fiéis, é Exu quem é chamado para abrir os caminhos, superar dificuldades e chegar aos objetivos. No entanto, por ser representado com roupas pretas e usar um tridente, aqueles que não conhecem confundem sua imagem por algo ruim, que se assemelha à maldade.

Assim, os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad focaram em mostrar que, mesmo com tantos mistérios e diferentes interpretações, a verdade sobre Exu é que ele também é uma coisa boa e está presente na vida de todos.

Estamira Gomes de Sousa, ex-catadora de um lixão que teve a vida retratada no documentário "Estamira" (2004), serviu de fio condutor para a narrativa do enredo da Grande Rio. É por meio dela que acontece a "comunicação" com Exu. A mulher morreu em 2011, de infecção generalizada, e lidou com distúrbios mentais durante a vida.

"Em uma cena do documentário, ela aparece pegando um telefone no lixão e diz: 'Alô, Exu! Fala Majeté!'. A partir daí veio a conexão de Estamira com Exu".

"Não é uma palavra que tenha sentido único, ela tem diversas possibilidades, assim como a energia e figura de exu, que abre diversas possibilidades para a gente. A gente utilizou no título do enredo 'Majeté', porque é algo que pede para falar, e Exu é esse falatório, esse pronunciamento, esse movimento. Então é uma forma de dizer: 'Fala, Grande Rio!", explicou Haddad.

*colaborou Valmir Moratelli, do Rio

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