Rosas de Ouro valoriza a ciência e faz piada com Bolsonaro em desfile
A Rosas de Ouro foi penúltima escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi na segunda noite do grupo especial. A agremiação terminou em 7º lugar no Carnaval 2020, e agora briga pelo título com um samba-enredo sobre a cura. E sobrou até para o presidente Jair Bolsonaro (PSL)
A agremiação falou sobre rituais e caminhos para curar todos os males do mundo, através da fé, da ciência e da magia. A proposta é promover uma espécie de ritual de renovação para o público, sobretudo após dois anos de isolamento social durante os períodos mais graves da pandemia da covid-19.
O samba-enredo intitulado "Sanitatem", palavra em latim que significa cura, tem 11 componentes, e também exalta a música e seu aspecto de cura:
Entenda que o samba também tem o dom de curar
Vem celebrar é festa no terreiro
Tem identidade meu batuque curandeiro
Saudade de te abraçar
Para o carnavalesco Paulo Menezes, a Rosas de Ouro volta para o Anhembi com um enredo de comemoração após dois anos difíceis.
"A escola fala de fé, esperança e magia, contando a forma que o homem encontrou para curar a si mesmo e ao próximo. Esse é o momento de comemorar."
Ponto alto
Coube a uma brincadeira com o presidente Jair Bolsonaro a polêmica do desfile. O líder do Executivo foi retratado em um carro em que virava jacaré depois de tomar a vacina.
A passagem é uma referência a uma declaração dada por Bolsonaro ainda em dezembro de 2020, quando o país estava longe de viver uma situação tranquila com a pandemia.
"Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu", falou o presidente na época.
Surpresas da plateia
Um dos destaques do desfile é que a coreografia de Helena Figueira, responsável pela comissão de frente, deixou espaços para que os componentes da escola pudessem abordar pessoas do público e convidá-las para participarem.
Isso aconteceu com pessoas aleatórias da plateia aceitando o desafio para vestirem uma fantasia e também passarem pela avenida, brevemente, junto à escola.
Rainha vê desfile como forma de homenagear vítimas da covid
De volta ao carnaval, Ana Beatriz Godói, rainha de bateria da Rosas de Ouro, comemorou retorno da festa e disse que "esse é o momento de celebrar a vida". A musa teve covid-19 e perdeu pessoas próximas para a doença.
Para a sambista, estar na avenida é uma forma de homenagear os amigos que se foram. A agremiação da Brasilândia fala sobre a cura no seu enredo e Beatriz considerou que esse é um tema que chega no momento certo.
"Esse enredo clama o que a gente precisava o tempo todo, a vacina a cura das pessoas", contou para UOL.
A fantasia da musa, composta por mais de trinta e cinco mil cristais, representa a deusa Ganga, que segundo Ana Beatriz, é uma entidade hindu procurada por quem precisa de cura.
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