Rasgador de notas que parou apuração de SP há 10 anos está preso por roubos
Talvez você não se lembre que a Mocidade Alegre foi a campeã do Carnaval de São Paulo de 2012, mas provavelmente vai se lembrar da confusão durante a apuração das notas há dez anos. O título da escola acabou ofuscado por um tumulto durante a apuração, quando um integrante de outra agremiação invadiu a mesa da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo e rasgou os papéis com as notas dos jurados.
Tiago Tadeu Faria foi o responsável pelo caos na apuração do Carnaval de São Paulo daquele ano, mas, dez anos depois, o nome dele carrega outro peso. Ele é considerado um dos líderes do "novo cangaço" no estado e está preso desde 2020 acusado de ser um dos chefes de uma quadrilha de ataques a bancos. A polícia o considera um dos maiores criminosos de roubo a banco do Brasil.
A quadrilha seria o responsável pelo roubo de R$ 2 milhões da agência do Banco do Brasil de Botucatu (SP), em julho de 2020. É também é investigada pelas explosões e roubos a bancos em Ourinhos (SP), em maio de 2020, quando foram levados R$ 50 milhões, e em Bauru (SP), em fevereiro de 2018. Os ataques levaram pânico e terror às cidades paulistas.
Antes de ser preso, Tiago mantinha um perfil no Instagram onde ostentava carros importados e seu físico de atleta. Em paralelo às atividades criminosas, ele se apresentava como dono de uma academia na zona norte de São Paulo. O perfil, hoje fechado, soma quase 20 mil seguidores e tem a seguinte frase: "Todos morrem, mas nem todos vivem."
Tiago, também conhecido como o Gianecchini do crime, está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), unidade de segurança máxima onde estão os criminosos mais perigosos do PCC (Primeiro Comando da Capital). Em agosto do ano passado ele tentou fugir da unidade com outros dois presos, mas acabou detido pela tropa de choque do sistema prisional.
Em fevereiro deste ano foi divulgado o resultado do julgamento realizado em novembro e Tiago foi condenado a 53 anos, dois meses e dez dias de reclusão em regime fechado. Ele estava preso preventivamente desde setembro de 2020.
O que mudou no Carnaval?
A confusão em 2012 aconteceu depois que a seleção dos jurados do Carnaval sofreu mudanças naquele ano. Foi aberto concurso público para o cargo, o que causou a insatisfação de alguns integrantes de escolas de samba.
Antes do início da apuração, houve uma reunião entre os diretores das escolas para discutir a substituição de última hora de um jurado, que teria se sentido mal às vésperas da primeira noite de desfiles. A mudança desagradou alguns diretores, mas o consenso ao final da reunião foi de que as notas do jurado substituto não seriam descartadas.
Depois do ataque do rasgador de notas do Carnaval em 2012, a apuração em São Paulo passou a acontecer sem torcida. Em 2013, ano seguinte à confusão, apenas dez representantes de cada escola, previamente cadastrados, tiveram acesso ao Anhembi no dia da decisão. Cada um deles recebeu uma pulseira com o emblema da agremiação que representava.
Além disso, a partir de 2013 a Liga SP providenciou cópias para as notas dos julgadores. As vias ficam separadas em duas urnas, uma no sambódromo —para a apuração— e outra em um batalhão da Polícia Militar.
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