Quadra lotada, emoção e Paolla: a comemoração do 1º título da Grande Rio
Depois de bater na trave em quatro campeonatos, a Grande Rio soltou o grito de "é campeã" que estava entalado na garganta. Ontem, a escola de samba se tornou a campeã do Carnaval do Rio em 2022 e atraiu uma multidão que lotou a quadra da agremiação no centro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A Rua Piratini, onde fica a quadra, precisou ser interditada e ruas de acesso ficaram com trânsito congestionado. Para entrar, as pessoas tinham de enfrentar muita fila, mas nada que tirasse a alegria dos torcedores e componentes da tricolor. Na rua, eles já cantavam o samba da escola que levou para Avenida o enredo "Fala Majeté! Sete chaves de Exú".
Ao entrar por volta das 19h, a equipe do UOL encontrou uma quadra lotada e pessoas à espera da Bateria Invocada do mestre Fafá, que gabaritou as notas dos jurados. No palco, era anunciado que 150 mil latinhas de cerveja estavam disponíveis para o público porque "a festa ia até amanhecer".
Não era por menos, a escola de samba foi vice-campeã em 2020, último Carnaval antes da pandemia, e precisou esperar dois anos para pisar na Avenida novamente e fazer um desfile sem erros.
Emocionado, o intérprete Evandro Malandro foi abraçado por amigos quando chegou à quadra. Em bate-papo com UOL, ele destacou que o desfile desconstruiu preconceitos. "O Carnaval serve para desmitificar preconceitos, a Grande Rio veio para mostrar que Exu não é nada disso que falam. Exu é amor. O grito de campeã estava entalado há mais de 30 anos. Fizemos um desfile bonito. Foi merecido", disse.
Já o carnavalesco pontuou que a agremiação também possui uma função educativa. "Alegria imensa, sensação indescritível. Vencer falando de Exu é uma alegria ainda maior. A Grande Rio é uma associação educativa que pauta debates na sociedade", explicou Leonardo Bora.
"Primeiro título da escola, nosso primeiro título e logo sobre Exu. Exu vem acompanhando a gente há tanto tempo. E eu queria que ele fosse campeão. Tivemos a honra de ser. Agradeço a escola e a comunidade", completou o carnavalesco Gabriel Haddad.
A porta-bandeira Taciana Couto, que fez parceria com Daniel Werneck na Avenida, também celebrou a conquista. "Emoção indescritível. A minha ficha não caiu 100%. Sou apaixonada pela entidade. Tê-lo como enredo foi de extrema importância. Você vê pessoas evangélicas e católicas entendo mais de Exu após o desfile da Grande Rio", contou.
Quem também marcou presença foi a rainha de bateria Paolla Oliveira, que saiu dos estúdios da Globo, onde grava uma nova novela, e foi direto para a quadra da Grande Rio celebrar com a comunidade. Acompanhada do namorado, Diogo Nogueira, ela sambou, foi aplaudida e reforçou a importância de falar sobre o preconceito para "fazer as pessoas pensarem" durante o Carnaval.
"O enredo foi lindo e está quebrando, historicamente, o jejum de uma escola que estava sempre ali, batendo na trave. Espero que seja o primeiro de muitos", disse em conversa com UOL.
Vitória é resposta a ataques de ódio
A coreografa da comissão de frente Beth Bejani, parceira de Hélio Bejani, relembrou ataques que a escola sofreu após mostrar parte do desfile durante os ensaios técnicos de semanas atrás. As mensagens diziam. Por isso, para ela, a vitória é uma resposta aos preconceituosos.
"Desmistificar o preconceito contra Exu foi o mais importante. Depois do ensaio técnico, a gente começou a receber ataques, mas também uma rede de apoio muito maior que dizia que a gente precisava vencer por todas as pessoas que não conseguiam dizer quais é sua própria religião. É preconceito, é inaceitável", refletiu.
A comissão de frente da Grande Rio gabaritou as notas do júri, além de ter recebido prêmios da crítica especializada e ter sido destaque no exterior. O ator Demerson D'Alvaro representando Exu foi um dos momentos mais comentados dos desfiles.
"Saiu melhor do que a gente imaginava. A gente ensaiou muito e se preparou muito, mas agora é só felicidade. A gente não imaginava a repercussão, mas sabia que a energia na comissão era muito forte", contou.
Respeito entre as religiões
Muso da escola, David Brazil conversou com o UOL sobre a emoção de estar presente nesse primeiro título da agremiação. "Maravilhoso, um ano em que realmente nós merecemos, foi tudo perfeito, tudo 10. Todas as escolas estavam maravilhosas, mas a minha estava perfeita, tudo lindo", disse.
Ao falar sobre a conquista, que tantas vezes bateu na trave da escola caxiense, o apresentador exaltou o "grito entalado na garganta". "Saiu no ano mais que merecido, [o ano da] volta do Carnaval, a volta da alegria, da saúde, depois do mundo passar por uma pandemia tão horrível, tão triste, vem essa alegria, a vacina, a saúde e o campeonato. Tudo maravilhoso, só gratidão a Deus", continuou.
De família evangélica, David pregou o respeito entre as religiões. "Eu sou de família evangélica, criado na Assembleia de Deus, mas a graças a meu Deus, eu tenho respeito por todas as religiões. Tá na feliz na igreja? Amém. Tá feliz na macumba? Amém. O meu Deus é o Deus do amor, não do xingamento, da intolerância. Os intolerantes que lutem, amor", finalizou.
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