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Exu da Grande Rio celebra vitória: 'Um cala boca na intolerância religiosa'

Demerson D"alvaro viveu Exu na Sapucaí pela Grande Rio  - Divulgação Riotur
Demerson D'alvaro viveu Exu na Sapucaí pela Grande Rio Imagem: Divulgação Riotur

Filipe Pavão

Do UOL, no Rio

27/04/2022 08h00

Todos os caminhos do samba levam a Duque de Caxias. A cidade na Baixada Fluminense é o berço da Grande Rio, escola que celebra seu primeiro título de campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2022, após terminar a apuração no topo da tabela ontem.

Exaltando Exu, o mais "humano" dos orixás, a agremiação reuniu uma multidão em sua quadra para agradecer à entidade e cantar até a voz acabar o samba-enredo que ditou o ritmo da conquista.

E se Exu é sinônimo dessa vitória, o responsável por levar o orixá à Passarela do Samba não poderia ficar de fora da festa.

Demerson D'Alvaro foi o responsável por representar Exu ao público na Marquês de Sapucaí logo na comissão de frente da Grande Rio. O ator acabou se tornando um dos destaques da escola, que tem Paolla Oliveira como rainha de bateria.

Rouco de tanto comemorar, ele conversou com o UOL sobre como foi a preparação para representar Exu na comissão de frente da agremiação. "Vem desde junho de 2020. Foi um trabalho árduo, estudado. Tudo o que foi para a Avenida foi uma forma de exaltar Exu. Muita gente acha que Exu é o diabo, mas não é. O diabo é o ser humano. Então, foi a forma de mostrar quem é Exu", explicou.

O astro da noite também comentou a repercussão internacional do desfile. Sua foto foi parar na BBC de Londres. "Como diz uma gíria da macumba, eu sou o cavalo, eu sou o instrumento apenas. Quem apareceu não foi o Demerson, não foi a Grande Rio, foi Exu, um orixá de matriz africana. Foi um cala boca na intolerância religiosa", disse.

Demerson D'Alvaro entre os coreógrafos da comissão de frente, Hélio e Beth Bejani - Filipe Pavão/UOL - Filipe Pavão/UOL
Demerson D'Alvaro entre os coreógrafos da comissão de frente, Hélio e Beth Bejani
Imagem: Filipe Pavão/UOL

Ele ainda explicou como foi a experiência de ficar a dez metros de altura durante performance na comissão de frente coreografada por Hélio e Beth Bejani. "Ficar a 10 metros na primeira semana, foi difícil. Na segunda semana, foi mais ou menos. Depois, foi tranquilo", contou.

Criado por mãe evangélica, Demerson aprendeu a respeitar às diferentes religiões dentro de sua família. "Eu sou criado por mãe evangélica, avó macumbeira, tia testemunha de Jeová, tia budista? Busque aprender, busque saber o que é. Um amigo meu me falou que a mãe dele perguntou 'quem é Exu' para ele. É disso que eu quero saber", finalizou.

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