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De Ludmilla a Clara Nunes: artistas que já foram intérpretes no carnaval

Ludmilla, Elza e Clara Nunes já foram intérpretes de escolas de samba - Reprodução/Instagram
Ludmilla, Elza e Clara Nunes já foram intérpretes de escolas de samba Imagem: Reprodução/Instagram
Lívia Venaglia e Bruno Laurato

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/10/2022 04h00

Na última quinta-feira (20), a cantora Ludmilla foi anunciada como a segunda intérprete do carro de som da Beija-Flor de Nilópolis. A artista foi convidada diretamente por Neguinho da Beija-flor, intérprete oficial da escola, e se disse honrada em fazer parte da ala musical da agremiação.

Essa será a primeira vez da cantora puxando samba-enredo. Ao assumir o microfone da Beija-Flor, Ludmilla seguirá os passos de outras grandes cantoras da música popular brasileira que já emprestaram o seu talento para as escolas de samba e soltaram a voz na avenida.

Elza Soares

A cantora Elza Soares é uma das precursoras quanto o tema é mulher puxando samba-enredo — uma área que até hoje é predominantemente masculina. Em 1969, Já com uma carreira consagrada na música, Elza aceitou o convite da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro e foi a intérprete da agremiação no enredo "Bahia De Todos Os Deuses".

Elza começou a carreira de intérprete com o pé direito, já que a agremiação vermelha e branca do morro do Salgueiro foi a grande campeã do carnaval naquele ano. Embora o resultado tenha sido positivo, Elza não seguiu no Salgueiro. Após a estreia no ofício, em 1973, ela foi cantar na escola do seu coração, a Mocidade Independente de Padre Miguel, que fica no bairro onde Elza nasceu.

Na agremiação, Elza cantou em quatro carnavais, de 1973 a 1976, defendendo os enredos "Rio Zé Pereira", "A Festa do Divino", "O Mundo Fantástico do Uirapurú" e "Mãe Menininha do Gantois".

Na escola de Padre Miguel, Elza ainda foi rainha da bateria e em 2020 teve a sua vida contada no enredo "Elza Deusa Soares". Como intérprete, a última experiência da cantora foi no desfile do Acadêmicos do Cubango no carnaval 2000, com o enredo "Por Uma Independência de Fato".

Elza Soares na concentração da Mocidade Independente de Padre Miguel na Sapucaí - Lucas Landau/UOL - Lucas Landau/UOL
Elza Soares na concentração da Mocidade Independente no ano em que foi enredo
Imagem: Lucas Landau/UOL

Beth Carvalho

A sambista Beth Carvalho também já foi intérprete no carnaval. Em 1971, a artista cantou no seu LP o samba-enredo da Unidos de São Carlos "Rio Grande do Sul na festa do preto forro".

Em 1974, por sua vez, a 'Madrinha do Samba' foi a voz da Mangueira, escola do seu coração, no LP oficial das escolas de samba no carnaval daquele ano. Ao lado de Jamelão, intérprete oficial da Mangueira, Beth Carvalho cantou o enredo "Mangueira em tempo de folclore".

Beth Carvalho em ensaio fotográfico feito em seu apartamento, em São Conrado, no Rio de Janeiro, em 2013 - Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo - Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo
Beth Carvalho em ensaio fotográfico feito em seu apartamento, em São Conrado, no Rio de Janeiro, em 2013
Imagem: Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo

Simone

Em 1989, a cantora Simone também foi o destaque feminino em um carro de som de escola de samba. A artista foi convidada pela Tradição para conduzir, ao lado de Candanda, intérprete da escola, o samba-enredo "Rio, samba, amor e tradição".

Na avenida, essa foi a primeira e única vez de Simone. Entretanto, a cantora se mostra entusiasta do gênero. No seu disco "Delírios e delícias" (1983), Simone regravou o samba "O Amanhã", de João Sérgio, cantado pela União da Ilha do Governador em 1978. A regravação fez com que esse samba rompesse a bolha carnavalesca e caísse nas graças do grande público até hoje.

Leci Brandão

Leci Brandão é uma sambista respeitada em todas as escolas de samba do Brasil. Ela começou a carreira por volta de 1960 e foi uma das primeiras mulheres a integrar a ala de compositores da Mangueira nos anos 70. Leci foi comentarista de carnaval pela TV Globo por mais de 10 anos e foi uma das homenageadas no carnaval campeão da Mangueira de 2019, "História Para Ninar Gente Grande".

Embora a carreira de sucesso na música e a afinidade com as escolas de samba, somente uma vez a cantora assumiu o microfone de uma agremiação durante o desfile de carnaval. Em 1995, Leci foi a voz oficial da Acadêmicos de Santa Cruz para o enredo "Deuses e Costumes Nas Terras de Santa Cruz".

Leci Brandão anima avenida no último ensaio técnico do Acadêmicos do Tatuapé antes do Carnaval - Nelson Antoine/UOL - Nelson Antoine/UOL
Leci Brandão anima avenida no último ensaio técnico do Acadêmicos do Tatuapé antes do Carnaval
Imagem: Nelson Antoine/UOL

Eliana de Lima

Em São Paulo, quem fez história puxando samba-enredo foi a cantora e compositora Eliana de Lima. A sambista ficou nacionalmente famosa no início dos anos 90 com a música "Desejo de Amar", eternizada com o verso "undererê".

No carnaval, Eliana foi a voz de escolas de samba paulistanas tradicionais como Unidos do Peruche e Leandro de Itaquera. "Babalotim - A História dos Afoxés", da Leandro de Itaquera 1989 e "Filhos de Mãe Preta", que Eliana cantou ao lado de Jamelão, na Unidos do Peruche em 1988, são os sambas mais conhecidos.

Sandra de Sá

Também em São Paulo, a cantora Sandra de Sá esteve no carro de som da Leandro de Itaquera, ao lado do intérprete oficial Beto Muniz, em 2010. Naquele carnaval, a escola tinha como enredo "Sob Um Manto de Amor e Paz, Sou Leandro de Itaquera".

Essa foi a primeira vez da cantora puxando samba-enredo e ela não seguiu no carro de som no ano seguinte. Já como compositora, Sandra de Sá fez parte do time que escreveu o samba da Mocidade Independente de Padre Miguel em 2020, ano em que a escola homenageou a cantora Elza Soares.

Sandra de Sá escreveu o samba em homenagem a Elza Soares - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Sandra de Sá escreveu o samba em homenagem a Elza Soares
Imagem: Reprodução/Instagram

Clara Nunes

Até hoje, na Portela, Clara Nunes é uma das personalidades mais lembradas pela comunidade. A vida de Clara já foi contada pela escola em 2019, com o enredo "Na Madureira Moderníssima Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá" e em vários outros anos a artista já foi citada nos carnavais da Portela. Isso porque, Clara foi uma torcedora assumida que levou o nome da escola pelo Brasil nos anos altos da carreira.

Em 1975, quando a Portela cantava o anti-herói Macunaíma, com o enredo "Macunaíma (Herói de Nossa Gente)", Clara foi uma das intérpretes da agremiação, ao lado de Silvinho da Portela, Candeia e pelo compositor do samba, David Correa.

A cantora Clara Nunes - Reprodução - Reprodução
A cantora Clara Nunes
Imagem: Reprodução

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