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Baixo Augusta faz desfile ativista e leva multidão ao som de Gal e Marília

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13/02/2023 04h00

O bloco de rua Acadêmicos do Baixo Augusta arrastou uma multidão na tarde deste domingo (12) em São Paulo.

O fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) foi comemorado pelos puxadores do bloco por diversas vezes e deu o tom político do desfile. Entre o público, o grito de "Olê Olê Olá Lula, Lula" foi ouvido em muitos momentos no decorrer da folia.

O "bloco ativista", como é chamado pelos próprios integrantes, já é conhecido pelos posicionamentos políticos.

Um dos idealizadores do cordão, o gestor cultural Alê Youssef destacou essa função em conversa com o UOL:

"Nossa vocação é ocupar as ruas. Também temos uma expectativa muito grande de representar esse novo momento do Brasil. É um momento de esperança depois de todo o ataque que a cultura sofreu e da tragédia do governo anterior", disse.

O bloco, que neste ano desfilou com o tema "Atentos e Fortes", fez uma homenagem a Gal Costa, que morreu em novembro de 2022.

Ao longo da tarde, Sophie Charlotte cantou músicas do repertório da artista e emocionou o público. A atriz também interpretou a cantora no filme "Meu Nome é Gal", que tem estreia prevista para este ano.

O produtor musical Marcus Preto, que era amigo pessoal de Gal, comentou sobre a homenageada e destacou a necessidade de manter a memória da artista viva.

"Quanto mais coisa for feita para que essa memória dela seja reavivada e reanimada, melhor. O artista tem um legado, uma construção que fez em vida, e depois que morre, fica no ar. Nosso trabalho é, com esse tipo de festa, deixar isso vivo; cuidar de longe", analisou.

Outra cantora homenageada, dessa vez pelos próprios foliões, foi Marília Mendonça. A música "Eu Sei de Cor" foi entoada pelo público debaixo de forte chuva.

O cortejo, que desceu a Rua da Consolação sentido centro da capital paulista, contou com as participações do grupo Olodum e das cantoras Marina Sena, Tulipa Ruiz e Céu.

Nem a chuva, presente ao longo de quase todo o desfile, foi suficiente para espantar os foliões, que cantavam e vibravam junto aos artistas.

Bloco Baixo Augusta anima domingo de pré-Carnaval

Alessandra Negrini, 52, brilhou mais uma vez como a rainha do bloco, e sua chegada foi muito comemorada pelos fãs. A artista desfila no Baixo Augusta desde 2013 e se transformou em um dos símbolos do Carnaval de rua da cidade.

Leandra Leal, que está de volta ao bloco, ressaltou a importância do Carnaval para a democracia e a vida em sociedade. A artista estava com uma fantasia que remete à natureza, que "se regenera".

"É uma oportunidade para estarmos juntos, convivendo com pessoas que, não só pela pandemia, mas por outros motivos, não conseguimos conviver. No Carnaval você dança a mesma música com pessoas que você não convive na sua timeline. É um convite para as pessoas saírem desse lugar e se relacionarem de forma livre e democrática", disse a atriz ao UOL.

O desfile começou às 14h e o público começou a se dispersar somente por volta das 19h. A falta de banheiros foi um dos pontos mais criticados por foliões ouvidos pela reportagem. "É muito difícil chegar aos banheiros. E quando chega, é fila atrás de fila", relatou Maria Eduarda Silva, 29.

Os organizadores dessa edição do bloco ainda não divulgaram estimativas de público.

Em 2020, com o tema "Viva a Resistência", o cortejo levou mais de 1 milhão de pessoas para as ruas da região, de acordo com os organizadores. Na época, o desfile contou com a participação de Elza Soares, que morreu em janeiro de 2022.

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