Ventos fortes danificam carros alegóricos das escolas de samba de São Paulo
Os ventos fortes que atingiram a zona norte de São Paulo na tarde desta quarta-feira (15) causaram danos em carros alegóricos de algumas escolas de samba da capital paulista. As alegorias que desfilam nesse fim de semana estavam em processo de montagem e finalização.
Costumeiramente, as agremiações paulistanas levam seus carros alegóricos para o Sambódromo do Anhembi e para um terreno que também fica na avenida Olavo Fontoura (zona norte) de 10 a 15 dias antes dos desfiles. O objetivo é garantir que os carros possam ganhar a altura com a qual vão desfilar na pista, já que as dimensões dos barracões e as ruas do entorno são menores do que as do palco de desfiles.
A Mocidade Unida da Mooca (MUM), escola do Grupo de Acesso que cruza a passarela no domingo (20), afirmou em publicação feita em sua conta oficial do Instagram que teve dois de seus três carros danificados pela força da chuva e do vento.
Em nota, a agremiação informou que já trabalha para reparar as alegorias a tempo do desfile. "Tudo será restaurado a tempo."
Em entrevista ao UOL, o presidente da MUM Rafael Falanga explicou que o vento derrubou todas as estruturas acima de 4 metros de altura. Na queda, as peças comprometeram outras esculturas e partes da ferragem, forração de madeira e decoração das alegorias.
"Está tudo muito danificado, não consigo nem ter uma noção do prejuízo total disso", afirmou Falanga.
A MUM convocou um mutirão em suas redes sociais para que os componentes da escola ajudem a reconstruir o desfile a tempo de a escola entrar na avenida. A agremiação será a última a desfilar na segunda-feira de Carnaval e canta o enredo "O Santo negro da Liberdade".
Falanga informou ainda que outras agremiações ofereceram ajuda à MUM e a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga SP) disponibilizou maquinário extra para que a escola consiga refazer os carros a tempo.
"Precisamos transformar esses 4 dias em tempo suficiente para gente colocar o desfile dignamente na avenida", declarou o presidente.
Além dos ventos, um raio também atingiu uma peça da Império de Casa Verde —escola do Grupo Especial de São Paulo. O carnavalesco da agremiação, Leandro Barboza, mostrou os leves estragos causados em um pedaço da coroa, que é símbolo da agremiação da zona norte. "Os raios caem sobre os montes mais elevados. Seguimos!", escreveu o artista.
Pessoas que presenciaram o vendaval relatam que também houve danos nas alegorias da Pérola Negra, Morro da Casa Verde e Colorado do Brás.
O UOL entrou em contato com a Liga SP para entender se haverá flexibilização no julgamento das escolas atingidas pelos ventos. A entidade informou que vai se pronunciar em breve.
Falanga afirmou que espera que o julgamento do quesito alegoria seja alterado, seja só para a MUM, seja para todas as escolas do Grupo de Acesso.
"Tem precedente. É bem provável que caminhe para isso [flexibilização]", disse.
Em 2020, por exemplo, algumas alas da Pérola Negra foram isentas de julgamento no devido a um alagamento que danificou parte das fantasias da escola. No mesmo ano, Independente Tricolor também não foram julgadas porque tinha seu barracão havia passado por um incêndio - da mesma forma que aconteceu com o Acadêmicos do Tucuruvi em 2018.
Tristeza demais.
-- Yasuke bebendo uma brahma (@jantoniosal) February 15, 2023
A forte ventania derrubou, literalmente, duas alegorias inteiras da MUM e da Pérola Negra no terreno de alegorias.
Não foram esculturas quebradas, foram duas alegorias inteiras tombadas pic.twitter.com/J7YKS4g8MZ
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