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Grade, vigia, cobrança: comércio de Pinheiros se protege de foliões e xixi

Pré-Carnaval levou multidão às ruas de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo - Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo
Pré-Carnaval levou multidão às ruas de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo Imagem: Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo

Camila Corsini

Do UOL, em São Paulo

17/02/2023 04h00

O Carnaval de rua já começou e nem todos estão animados com os blocos. Na capital paulista, comerciantes da região de Pinheiros, na zona oste, se mobilizam contra os impactos.

Seguranças, grades e até cobrança de entrada estão entre as estratégias para conter os foliões mal-educados.

Os relatos dos comerciantes sobre o pré-Carnaval vão de queda no faturamento a confusões com funcionários — passando por xixi na fachada de lojas. Parte dos foliões não usou os banheiros químicos colocados pela Prefeitura.

"Nunca precisamos contratar seguranças antes, porque os blocos não passam na frente da nossa loja", diz Maria Fernanda Romeiro, dona de um comércio do ramo alimentício próximo à Rua dos Pinheiros — região que recebeu blocos de rua no último fim de semana e onde estão previstos novos desfiles.

Tudo mudou no último sábado, quando ela viu a fachada do seu comércio ser usada como banheiro.

Maria Fernanda conta que recebeu, no meio da tarde de sábado, uma ligação da funcionária relatando que falsos clientes entravam na loja fazendo perguntas e pedindo para usar o banheiro.

No fim do atendimento, saíam sem comprar nada. Naquele dia, com as portas abertas desde as 11 horas, ela só teve uma venda.

Pedi para ela [funcionária] fechar a loja mais cedo e aí as pessoas perderam a noção. Ela fechou a grade e, mesmo com o vidro aberto e as luzes acesas, quatro mulheres agacharam e fizeram xixi
Maria Fernanda Romeiro

Maria Fernanda diz que chamou um segurança para guardar o local até o bloco acabar. No domingo, a loja nem abriu — mas o segurança permaneceu de plantão. Vai ser assim durante o feriado também.

Nos quatro dias de Carnaval, a decisão da empresária é não abrir o espaço.

O movimento está fraco, ninguém vai fazer compras no meio da multidão. Então, decidimos fechar. Vamos encarar o prejuízo e correr atrás depois
Maria Fernanda Romeiro

Segundo ela, os finais de semana costumam ser o ponto alto da loja. "São os nossos dias de movimento. Vem muita gente de fora porque atendemos restaurantes, fazemos degustação. Tudo isso não aconteceu neste sábado e não vai acontecer no próximo."

A empresária diz não ser contra o Carnaval. "Mas tem que ter um mínimo de decência." Para ela, a sensação é de que os foliões estão "querendo tirar o atraso da pandemia".

Nos carnavais passados a gente não sofreu tanto quanto no último final de semana. Neste ano, parece ter muito mais bloco nas ruas
Maria Fernanda Romeiro

Mais de 500 desfiles estão confirmados para o Carnaval de rua de São Paulo — de megablocos a cortejos de bairros. O movimento da folia também incomoda os moradores, que buscaram autoridades para discutir o problema.

Bloco - Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo - Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo
Movimento incomoda comerciantes da região, que veem queda no faturamento no Carnaval
Imagem: Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo

Grades de ferro

Já o sócio de um restaurante na Rua dos Pinheiros contratou quatro seguranças, que trabalham em dois turnos, e reforçou a fachada com uma grade dupla de ferro.

No último Carnaval, Fernando Malutta ainda não era administrador do estabelecimento. Então, se preparou com base no depoimento de funcionários que trabalham lá há anos.

"Em 2020, o restaurante teve bastante problema de invadirem sem vestimenta apropriada, pessoas sem camiseta e com roupas íntimas de fantasia, e causarem confusões com clientes da casa."

Neste ano, estamos cobrando entrada, com valor revertido em consumação, para evitar pessoas entrando apenas para ir ao banheiro
Fernando Malutta

Como as ações foram efetivas no pré-Carnaval, a previsão de Fernando é abrir as portas da casa nos quatro dias de folia.

"Só teve um caso de foliões que entraram e consumiram já alcoolizados e discutiram com um funcionário. A segurança teve de intervir. Mas o pré-Carnaval foi muito fraco, choveu bastante, não teve o público que deve atingir no próximo final de semana."

A intenção é aproveitar a movimentação dos blocos, mesmo sabendo que o público do restaurante e dos bloquinhos não é exatamente o mesmo, para tentar aumentar o faturamento. Houve queda de 50% no primeiro fim de semana de folia.

O que diz a Prefeitura

A Prefeitura de São Paulo informou na segunda-feira que nenhuma multa por urinar em público foi aplicada no fim de semana do pré-Carnaval. Quem fizer xixi em público está sujeito a multa de R$ 668,43.

Em nota, a Prefeitura também disse que está realizando reuniões e encontros com lideranças, associações de moradores, comerciantes e Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança), para dialogar sobre o retorno do Carnaval de rua.

E disse que vai fiscalizar o cumprimento da lei sobre o xixi em via pública. Serão, segundo a Prefeitura, cem equipes de fiscalização que somam 1,2 mil pessoas nessa vistoria.

A gestão municipal também reforçou que a limpeza das vias é realizada em cerca de 40 minutos — tempo em que são lavadas e entregues para a circulação de pessoas e veículos.

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