Cordeiros de Carnaval na Bahia reclamam de discriminação e baixo pagamento
Uma das figuras frequentes no Carnaval de Salvador é a do cordeiro. Presentes nos trios elétricos que percorrem a cidade, eles são os trabalhadores que seguram as cordas que separam as pessoas que estão com o bloco (de abadá) dos "pipoca", aqueles que acompanham livremente a folia.
Segundo informações do sindicato dos cordeiros (Sindicordas), o valor mínimo a ser recebido por esses trabalhadores é de R$ 60, sendo o transporte já incluso nesse valor. No entanto, alguns blocos, como o Camaleão, Nana Banana e As Muquiranas pagam mais.
Os trabalhadores devem ter também seguro —individual ou coletivo— de vida e de invalidez contra danos pessoais. É previsto ainda que eles recebam luvas e protetores auriculares para evitar perda auditiva ou surdez, bem como lanches e água durante o trajeto.
Matias Silva, o presidente do sindicato dos cordeiros, diz que é proibido o trabalho de menores de 18 anos e idosos, ou seja, aqueles com mais de 59 anos. Ao UOL, ele afirma que há muitas reclamações em relação aos tratamentos que recebem da organização e à falta de equipamentos para o trabalho, além da falta de banheiro.
Essa é a primeira vez no cargo para Celeste Machado, 24. "[Recebemos] Um dinheiro muito pouco, uma merenda pouca, mas o tratamento é normal. Ganhamos R$ 65 mais água, dois biscoitos e um suco. Chegamos aqui às 13h e ficamos até o trio sair, 19h. Devo ir pra casa umas 2h. Normalmente trabalho na praia vendendo cerveja".
"É o segundo ano que eu trabalho. Sempre foi esse valor e, na hora de receber é um sacrifício. É R$ 60 mesmo; queríamos que aumentasse mas sempre foi esse. Tem um pouco de discriminação com a gente, e o pagamento é demorado, mas é tranquilo de modo geral", confirma Thamires Santos Souza, 35, que está desempregada e vive em um albergue com o filho de 9 anos. Ela trabalhou como cordeira no bloco de Anitta que aconteceu nesta sexta-feira (17) em Salvador.
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