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Acadêmicos do Tucuruvi canta Bezerra da Silva para retratar a periferia

Acadêmicos do Tucuruvi conta a história de Bezerra da Silva no Carnaval 2023

Do UOL, em São Paulo

19/02/2023 01h05

Com o samba-enredo "Da Silva, Bezerra. A Voz do Povo!", a Acadêmicos do Tucuruvi foi a segunda escola a passar hoje no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo.

O desfile falou do povo brasileiro por meio da obra e história do sambista pernambucano Bezerra da Silva.

A comissão de frente já trouxe um toque pessoal do artista: um dos integrantes usou a boina e os óculos originais de Bezerra, cedidos por Ítalo, filho do músico, que também participou do desfile.

A bateria dos "Zaca" veio vestida com o traje tradicional dos "malandros", em homenagem ao estilo de vida do sambista, tido como um dos reis da "malandragem".

"Tem que ter fé pra viver nesse país/Brasileiro não desiste, nunca vai desistir/A esperança tá em cada um de nós, ôôô/A voz do Bezerra é a nossa voz", canta o samba, puxado por Carlos Júnior.

As alas trouxeram elementos das comunidades, trabalhadores, da boemia e da periferia. Uma delas se referiu de forma crítica à política do país: chamada de "ladrão legalizado", apresentou os integrantes usando uma placa escrita "político". A desigualdade social também foi abordada, com fantasias que faziam referência à fome e ao preconceito.

A religiosidade marcou presença: um dos carros alegóricos fez referência à umbanda, religião praticada pelo músico.

Em outro carro, a figura de Bezerra da Silva veio em uma cruz, como no disco "Eu Não Sou Santo", mas carregando uma faixa com os dizeres "Salve o povo da favela". Na alegoria, personagens da comunidade, como mototaxistas e borracheiros, sambaram em frente a estabelecimentos comuns na periferia, como loja de geladinho, salão de beleza e templos religiosos: uma igreja evangélica e um centro de umbanda, lado a lado.

Carla Prata, rainha da bateria, contou ao UOL que enfrenta uma doença autoimune para desfilar no Carnaval. Ela trata a miastenia gravis, que ataca o sistema imunológico e provoca fraqueza e dores musculares.

"Vou na minha médica toda semana e atualizo meus exames mensalmente. Tomo muitos comprimidos por dia para conseguir estar bem aqui. Entrego muito mais do que poderia", disse.

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