O que Milton Cunha, comentarista da Globo, faz quando não tem Carnaval?
Há 10 anos, Milton Cunha, 60, rouba a cena na Globo durante a transmissão do Carnaval carioca.
O comentarista fala do Carnaval com propriedade: além de ter trabalhado como carnavalesco por 16 anos, é pesquisador e professor universitário com mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Nas horas vagas, leva uma vida tranquila ao lado do marido, o preparador físico Eduardo Costa, com quem vive em Copacabana. Milton, aliás, não é carioca: é natural de Belém do Pará e foi para o Rio nos anos 1980.
Saiba mais sobre Milton Cunha:
Juventude humilde e início na Globo
Em entrevista a TAB, Milton disse que apanhava dos pais e dos irmãos na infância, em uma casa humilde em Belém do Pará.
"Meus dois irmãos mais velhos, héteros, iam pro jogo de futebol com meu pai. O mais novo não era assumido, ao contrário de mim, que sempre fui para a porrada, com pé na porta. Por isso apanhei muito, era castigo físico todo dia", contou.
Só tinha medo de morrer, medo deles [meus pais] me matarem antes de eu conseguir ir embora. Mata-se muito menino gay no interior, criança viada é um problema para certas famílias. [...] Todo dia era uma porrada dos irmãos ou do meu pai. [...] Foi uma clausura que enfrentei com deboche. Até porque a outra opção era morrer, não tinha negociação. Milton Cunha, ao UOL
Aos 19 anos, decidiu sair de casa e se mudar de vez para o Rio de Janeiro, em 1982. Depois disso, nunca mais voltou a ver os pais.
"Minha mãe ficou me ligando seis anos depois pra falar: 'Eu te perdoo'. 'Louca, quem não te perdoa sou eu! Não espero seu perdão!'. Aí eu já era carnavalesco famoso do Rio. Morreu ela, morreu meu pai, abriu-se um buraco oceânico de dor. Não sei o que é amor de mãe. Falam que é fabuloso, mas nem toda mulher ama seu filho", disse.
Depois de trabalhar como produtor de eventos, passar por outras emissoras, pelo jornal O Dia e ainda receber alguns "nãos" de diretores da Globo, Milton Cunha estreou no canal em 2013.
"Para entrar lá, tive que encontrar um homem corajoso como Miguel Athayde, a quem rendo toda minha gratidão, pela coragem que ele teve. Porque não é fácil dar a chance para um 'maluco', né? Tem que ter colhão", disse ao UOL, em 2020.
Vida acadêmica
Milton voltou a estudar em 2004, quando se especializou em moda e indumentária pela Universidade Estácio de Sá. Depois, se tornou mestre e doutor em letras pela UFRJ, onde também fez pós-doutorado e se dedicou a estudar as obras de Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães e o Festival de Parintins.
Sempre acreditei no estudo. Em sentar e escutar grandes mestres. Se você tiver essa abertura, seu leque se diversifica. Estudar é fundamental. O estudo foi o que me salvou. O que me trouxe ao Rio. A intelectualidade e a erudição são ferramentas de liberdade.
O que Milton Cunha faz depois do Carnaval?
Ao longo do ano, Milton dá palestras, presta consultorias técnicas e faz presença VIP em eventos diversos.
O comentarista é autor de dois livros: "Viva e Aproveite", produzido durante a pandemia e que inclui, além de pensamentos de Milton, textos de personalidades como padre Fábio de Melo, Fátima Bernardes e Miguel Falabella; e "Carnaval é Cultura", que reúne imagens da festa e detalhes da preparação dos desfiles.
Minha personalidade é multifacetada. Mas esse ator, esse artista emplumado, colorido, é um personagem que montei e que ganha dinheiro, que é amado pelo público. Com ele, faço o Carnaval, eventos. Mas minha vida mesmo é supernormal.
"Eu e o Du [marido] adoramos filmes, cinema, teatro. Conversamos e lemos muito. Temos um circuito pequeno de amigos e ficamos muito em casa. Minha rotina é regrada. Quem pensa que eu acordo às 8h na segunda vestindo plumas está f******", completou.
Sucesso na internet
Milton também mantém uma presença nas redes sociais, onde costuma publicar reflexões e mensagens para mais de 950 mil seguidores no Instagram e 46 mil seguidores no Twitter.
No ano passado, ele ganhou um fã-clube no Twitter, que costuma compartilhar as "pérolas" do comentarista nas transmissões e fora delas.
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