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Por que os megablocos de artistas LGBTQIA+ atraíram tanto público em SP?

Pabllo Vittar em trio elétrico do Bloco da Pabllo - Denilson Santos/João Dias/AgNews
Pabllo Vittar em trio elétrico do Bloco da Pabllo Imagem: Denilson Santos/João Dias/AgNews

Do UOL, em São Paulo

26/02/2023 04h00

Os blocos de artistas LGBTQIA+, como Pabllo Vittar e Gloria Groove, arrastaram multidões ao longo do Carnaval em São Paulo. As duas cantoras, inclusive, precisaram antecipar o fim dos desfiles por causa da superlotação.

Mas, afinal, o que explica as lotações? Para encontrar o caminho para uma resposta é preciso, no entanto, entender o contexto. Pabllo e Gloria lideram um movimento que colocou as drag queens em posição de protagonismo na música pop brasileiro ao longo dos últimos anos.

Pabllo foi longe demais. A artista, que lançou o primeiro álbum em 2017, viu a agenda de shows se transformar. Hoje, a artista é uma das mais requisitadas do mercado. Só no Carnaval, ela passou por São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Aracati.

Em 2019, vale lembrar, a cantora foi incluída na lista dos Líderes da Próxima Geração da revista Time - uma das mais importantes do mundo. Ela também aparece como a "drag queen mais popular do mundo" em texto da Forbes.

Os números nas plataformas digitais ajudam a explicar o fenômeno. Pabllo conta com mais de 5 milhões de ouvintes mensais só no Spotify. No YouTube, o canal da artista tem mais de 7 milhões de inscritos e 2 bilhões de visualizações no total.

Gloria Groove  - Ricardo Pedro Cruz/UOL - Ricardo Pedro Cruz/UOL
Empurra-empurra no Bloco da Pabllo Vittar, em SP
Imagem: Ricardo Pedro Cruz/UOL

Gloria Groove também estourou nos últimos anos e hoje é um dos principais nomes da música nacional. A artista, que é da zona leste da capital paulista, começou a se apresentar como drag em 2015, quando lançou o primeiro single, "Dona".

Desde então, a cantora se transformou em um dos nomes mais populares do pop brasileiro. Ela soma mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube, onde o canal dela conta com 3,5 milhões de inscritos. No Spotify o sucesso se repete, com 5,6 milhões de ouvintes mensais.

Se por um lado os números por si só justificam o crescimento de público dos blocos, por outro, a identificação dos fãs também contribui para o sucesso dos eventos. As duas, vale lembrar, dialogam diretamente com o público LGBTQIA+ - embora elas também consigam estabelecer ligações com outros públicos.

De acordo com pesquisa do Orgulho, do Datafolha (2022), pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade. O número, no entanto, pode ser ainda maior, já que 8% dos entrevistados não quiseram responder.

Minutos antes de subir no trio, em entrevista à reportagem do UOL, Gloria falou sobre a relação com os fãs e a "magia" da identificação. "Eu sei exatamente como é sentir isso porque eu também vivi muito como o Daniel fã de diva pop. Então eu sei exatamente qual é a sensação de se ver através do trabalho, do brilho de uma pessoa que tá aí", disse.

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