'Hoje seria impossível': como Fátima mediou debate com bicheiros na Globo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
15/12/2023 04h00Atualizada em 15/12/2023 13h06
Uma roda de debate com Miro Garcia, Anísio Abrãao David, capitão Guimarães, Castor de Andrade, talvez seja o sonho de todos que acompanharam a série "Vale o Escrito". O que seria inimaginável nos dias de hoje aconteceu nos anos 1990. Parte dessa história é contada em outro documentário "Doutor Castor", também do Globoplay.
Quem colocou os maiores bicheiros da história do Brasil, responsáveis pela cúpula do jogo do bicho, foi a Globo, mas é claro que o assunto era outro: o debate principal tinha como assunto o Carnaval.
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O ano era 1990, e a condutora do debate, Fátima Bernardes.
"Eu não sou juiz, nem fui delegado. Para mim, jogo do bicho era contravenção. Criminosos eram as pessoas que estavam no governo. Enquanto no jogo do bicho, valia o que tava escrito, no governo, valia o que tava na cueca", disse Boni, vice-presidente da Globo na época e responsável pelo debate.
"Nós resolvemos fazer mesa redonda na Globo para que ela fosse proveitosa para o desfile. Hoje, seria impossível fazer por causa da baboseira do politicamente correto. Nada pior que a censura do politicamente correto", completou Boni, que ainda citou que programas como "Os Trapalhões" não teria espaço na TV.
Ali Kamel, que deixou a direção de jornalismo da Globo neste ano, também falou sobre o episódio.
"Naquela época, era meio que aceitável esse tipo de relação. Eram bicheiros, mas a polícia não prendia, nada transitou em julgado. É presidente de escola de samba, eu entrevisto numa boa. Nós somos escravos do momento em que a gente vive. Aquela época, era possível, hoje já não seria feito", afirmou.