Tarado Ni Você: será que é o fim do bloco paulistano?

No ano em que completa seu aniversário de uma década, o bloco Tarado Ni Você sofre um racha antes do desfile de Carnaval 2024: Dominique Vieira, Mari Santos e Zé Ed, músicos e cofundadores do bloco, e praticamente todos os integrantes deixaram a banda na semana passada.

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Thiago Borba, Raphaela Barcalla e Rodrigo Guima, fundadores do bloco, e Heloise Gildemeister, cofundadora, seguem com o projeto e garantem lindo desfile de Carnaval com o tema "A Grande Cobra Coral Encantada".

"Cobra coral simboliza o recomeço e é um ser encantado nas canções de Caetano. No Carnaval a gente troca de pele. E todos dizem que a vida começa depois do Carnaval", explica Guima, que apresenta o músico Diego Moraes como nova voz principal na banda, no lugar de Zé Ed.

O que aconteceu

Faltando menos de um mês para o Carnaval, uma postagem no perfil do Instagram do músico Zé Ed assustou os fãs do Tarado Ni Você. O texto dava a entender que o bloco havia chegado ao fim.

O post foi assinado por Zé Ed, Mari Santos e Dominique Vieira. Parte do posicionamento dizia: "Depois de 10 anos construindo ativamente toda a identidade do Bloco Tarado Ni Você, hoje não iremos falar sobre o tema carnaval; hoje viemos nos despedir e anunciar a nossa saída".

Já no feed oficial do bloco somente um texto sobre o tema do Carnaval 2024, sem explicações sobre a mudança - e nenhuma foto dos carnavais anteriores.

Divergências internas

Guima diz que Zé Ed e os outros cofundadores já sabiam da saída desde o final de 2023, mas Zé Ed diz que levou um susto: "Recebemos um e-mail deslogando a gente. E apagaram tudo da timeline do bloco".

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Pelo fato de o bloco se identificar como coletivo, Zé Ed diz que esperava uma postura diferente. "Eles não souberam lidar com as divergências. Não disseram 'vamos conversar'. Não adianta só bradar que é um coletivo. Isso é grave pra mim. É o que há de pior, porque negligencia a massa pra favorecer o negócio a qualquer custo."

Do outro lado da confusão, Guima se defende em relação a um trecho do posicionamento do trio dissidente no Insta: "ao longo dessa década, lutamos contra a maior força que há - o capital - e, infelizmente, perdemos".

"Muito se fala de arte e Carnaval, mas também é preciso de dinheiro pra pagar cachê de banda, estúdio, ensaios, equipes de produção. A gente paga a ambulância, a luva do cordeiro, maquiagem. É uma matemática muito complexa. É ingênuo hoje não falar de capitalismo. Você sabe quanto custa colocar um bloco na rua?", questiona Guima, se justificando em seguida: "Gosto de provocar com esse questionamento porque é preciso, sim, de patrocinador e de dinheiro para pagar tudo isso".

O início do bloco aconteceu com financiamento coletivo, mas depois vieram os patrocínios. "Tudo veio junto com o crescimento do Carnaval de rua na cidade. Claro que existem blocos bem mais antigos e tradicionais em São Paulo, como o Agora Vai, por exemplo, mas podemos dizer que o Tarado reinventou o Carnaval de rua de São Paulo."

Parece que os Los Hermanos acertaram ao cantar "Todo Carnaval tem Seu Fim". Pelo menos para alguns do Tarado Ni Você. Mas vai ter bloco e vai ter também a segunda edição do Baile Duzé. Tudo para agradar os foliões de plantão.

Sobre o bloco

O Tarado Ni Você foi batizado com o nome de uma música de Caetano Veloso e leva para as ruas de São Paulo as canções do músico baiano em diferentes ritmos.

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O músico Diego Moraes é uma das novas vozes principais da banda do bloco.

O desfile do Tarado Ni Você acontece no dia 10/2, às 10h, na esquina mais famosa de São Paulo e eternizada na voz de Caetano Veloso: Av. Ipiranga com a Av. São João.

2014 - Primeiro desfile com 2 mil foliões.

2023 - 100 mil pessoas seguiram o bloco.

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