Carnaval em Olinda: Eu Acho é Pouco arrasta multidão com festa e política

As ruas do Centro Histórico de Olinda foram tomadas por uma multidão vestida de vermelho e amarelo, neste domingo (28). A tradicional prévia do Eu Acho É Pouco reuniu seus foliões para uma celebração da coletividade e da potência política da festa, além da defesa dos povos originários.

Como aconteceu a festa

Em Olinda, tradicionalmente os blocos vão às ruas com suas orquestras de frevo. No caso do Eu Acho É Pouco, outra marca é a batucada.

O estandarte, outra tradição, é reverenciado junto ao famoso dragão, que serpenteia pelas ruas da cidade e abriga em seu interior vários foliões que disputam para passar um tempinho embaixo de um dos ícones da folia olindense.

Bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda
Bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda Imagem: Márcio Bastos/UOL

Mais do que fantasias, as camisas do bloco são a indumentária mais usada pelos foliões, além de outras peças em vermelho e amarelo, cores do Eu Acho É Pouco. Com isso, forma-se um mar de gente colorido que estende-se até perder de vista nas ladeiras da cidade.

A concentração começou de manhã cedo, em frente à sede, e o bloco saiu às 9h. O sol quente, as ruas estreitas e o grande volume de pessoas, que ia aumentando a cada novo trecho, não intimidam os participantes. Tudo isso faz parte da experiência coletiva de Olinda.

Quando passou em frente à sede da Pitombeira dos Quatro Cantos, o Eu Acho É Pouco parou e reverenciou o bloco tradicional, que retribuiu colocando seu estandarte na rua para frevar. É uma tradição do Carnaval de Olinda, que se renova tanto nas práticas quanto nos laços que os antigos e novos foliões estabelecem com os blocos.

Família curte bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda
Família curte bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda Imagem: Márcio Bastos/UOL
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Jackeline e George Teixeira, que acompanham o Eu Acho É Pouco há décadas, fizeram questão de passar o amor pelo bloco para o filho, Guilherme, hoje com 24 anos. Primeiro, quando ele era criança, iam para o Eu Acho É Pouquinho, mas agora curtem os carnavais junto ao bloco para adultos (mas a presença de crianças ainda é marcante nas prévias).

Adoramos a irreverência do Eu Acho É Pouco e como ele ressalta a força do Carnaval. É um bloco de resistência e, depois de tudo que a gente passou em termos políticos, é muito importante reforçar esses ideais
George Teixeira

O percurso do bloco passou por vários pontos do Sítio Histórico de Olinda e terminou no Largo do Bonsucesso, em frente à sede do Homem da Meia-Noite, outro símbolo da folia olindense. Lá, aconteceu o famoso banho de caminhão-pipa, com os foliões de refrescando com os jatos d'água enquanto caíam no frevo.

Bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda
Bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda Imagem: Márcio Bastos/UOL

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Sobre o bloco

Criado em 1977, o Grêmio Lítero Recreativo Cultural Misto Eu Acho É Pouco nasceu com um forte viés político, quando um grupo de amigos se uniu para manifestar seus protestos contra a ditadura militar em meio ao Carnaval. Desde então, o Eu Acho É Pouco ganhou proporções monumentais, com milhares de foliões seguindo-o nas prévias e também nos dias em que sai no Carnaval (sábado, pela manhã, e domingo, à tarde, além do Eu Acho É Pouquinho, bloco voltado para a infância, que acontece na segunda-feira). Mas, o teor político permanece presente.

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Este ano, o tema do bloco é "Carnaval é floresta". Uma alusão ao caráter agregador e democrático da festividade, sua capacidade de mobilização política e afetiva. A temática também é uma demonstração de apoio e respeito às lutas dos povos originários do Brasil, sua resistência e preservação do meio ambiente, como explicou Renata Magalhães, uma das integrantes do bloco.

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