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Ambulantes são barrados em blocos no Ibirapuera: "É um para cada meio m²"

Gilvan Marques e Martha Alves

Colaboração para Splash, em São Paulo

03/02/2024 19h00

Ambulantes foram barrados do local de apresentação dos blocos dos cantores Chico César e Alceu Valença na região do Ibirapuera, neste sábado (3), sob a alegação de que o espaço reservado para o pré-Carnaval já estava lotado de vendedores de bebidas.

Eles mostraram ao UOL que estavam credenciados para trabalhar, mas não conseguiram entrar. Desde a madrugada, uma longa fila de ambulantes se formou na entrada do local.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse: "A Secretaria Municipal das Subprefeituras esclarece que os vendedores recebem treinamento, orientação e apoio do patrocinador do Carnaval". O UOL pediu posicionamento da Ambev, patrocinadora do evento, e aguarda retorno.

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O que aconteceu

Trabalhadores disseram à reportagem que foram impedidos de entrar no local onde seria realizado, mais tarde, os desfile dos blocos Estado de Folia (Chico César) e Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença), na região do Obelisco, ao lado do Parque do Ibirapuera.

Ambulantes chegaram cedo para poderem entrar: alguns, às 2h, outros, às 5h. Houve fila e muita reclamação.

Ambulantes ficam de fora do local de desflles no Ibirapuera Imagem: Gilvan Marques/UOL

Os que chegaram mais tarde não conseguiram ter acesso ao local. A justificativa que deram a eles foi a de que havia superlotação de ambulantes, com o número máximo de 250. Todos confirmaram o credenciamento.

Eles montaram a barraquinha do lado de fora, mas reclamaram da desorganização e do prejuízo. "Está tendo uma fila para entrar no Ibira. Neste ano está diferente: não é chegando e entrando, não. Olha a fila, a fila do INSS para poder entrar no parque", diz um dos vendedores que em vídeo enviado ao grupo de WhatsApp dos ambulantes.

A vendedora ambulante Eliana Andrade Imagem: Gilvan Marques/UOL

Eliana Andrade, de 40 anos, em seu segundo ano de Carnaval como vendedora, citou prejuízo ao ser barrada na porta do evento. "Até às 16h, ela tinha vendido apenas R$ 30 em bebidas. "Faltou organização. Quem chegou depois do limite que eles dizem, não entra. A gente não pode ficar nem mais para baixo. E aqui (nesse trecho) não se vende nada. As vendas estão péssimas. Eu vendi só R$ 30. Só com o gelo, R$ 20, e a gasolina R$ 40. Hoje, para quem ficou do lado de fora, não tirou nem o gasto pessoal", disse a vendedora.

Outros trabalhadores, que conseguiram entrar, não economizaram nas críticas.

Tem bastante gente, mas a quantidade de vendedor é muito grande este ano. Até brecaram a gente lá na frente. Demoramos para entrar, porque a quantidade... falaram que a gente não poderia vender e teríamos que ir para outro lugar. Foi um pouquinho difícil para entrar. É um vendedor para cada metro quadrado. Carlos Eduardo, 29 anos, em seu terceiro ano no Carnaval.

Às vésperas do início do Carnaval, ainda em janeiro, a Ambev realizou o credenciamento de 20 mil ambulantes para trabalhar no período da folia. A maioria dos ambulantes vende cerveja (apenas das marcas Ambev), refrigerante, água ou energéticos.

Barrados na Faria Lima

Na Faria Lima, ambulantes cadastrados pela Prefeitura, para vender bebidas no pré-Carnaval, reclamam da falta de foliões e da desorganização do Carnaval, que não deixou vários entrarem na avenida nos desfiles, alegando que tinha ultrapassado o número permitido.

Segundo eles, outro fator que prejudicou as vendas foi o número menor de foliões e o fato dos trios elétricos se apresentarem simultaneamente durante um período e, com isso, ficarem parados na avenida. Muitos ambulantes usaram a estratégia de abordar os foliões oferendo bebidas para tentar aumentar as vendas.

A ambulante Raphaela Procópio Gonçalves, 24, que vende bebidas no Carnaval desde 2019, disse que chegou às 9h e quase não entrou com as mercadorias para vender. Ela, que está no final do circuito, reclama que, devido à desorganização, por volta das 17h, tinha conseguido vender apenas R$ 50 em bebidas. "O outros ambulantes correram com a mercadoria para o início da avenida e conseguiram vender. Eu estou no final e os trios começaram a chegar nesse trecho agora [17h]. Eu fiquei 4 horas sem vender nada", reclama Gonçalves.

Estreando na venda de bebidas no Carnaval, Ellen Felício, 34, ficou na metade do circuito e conseguiu vender R$ 100 em bebidas até às 16 horas. "Gosto de Carnaval e estou adorando. Cheguei às 9h e vou trabalhar até a hora que terminar [a folia]", disse.

A manicure Gabriela Oliveira, 32, que também começou a vender bebidas este ano, chegou às 11h e não conseguiu entrar no trecho fechado a avenida onde acontecia a apresentação dos blocos porque tinha excedido o número limite de ambulantes. "Eu fiquei ao lado dos bloqueios de acesso a avenida, mas não consegui vender muito porque as pessoas não podiam entrar com bebida mesmo a minha sendo a oficial do Carnaval", reclama Oliveira.

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