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Baixo Augusta terá valsa com Negrini para multidão: 'Virou coisa séria'

Alê Natacci e Alê Youssef em ensaio geral do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no Galpão Cultural do MST, em Santa Cecília, região central de SP Imagem: Marcelo Justo/UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

04/02/2024 04h00

Com direito a orquestra, valsa de debutante com Alessandra Negrini e grande público, o Acadêmicos do Baixo Augusta fará seu desfile neste domingo (4), na Consolação, em São Paulo.

Alê Youssef e Alê Natacci, dois dos criadores do bloco, conversaram com Splash e relembraram a trajetória de 15 anos do Baixo Augusta.

O que eles disseram

Com o tema "Resiste Amor em SP", eles dizem que a história do Baixo Augusta "mistura a alegria, o amor e o ativismo pelo direito à cidade". "A gente optou por um tema voltado à cidade. O tema 100% vinculado a essa história do Carnaval significa muita coisa, mas, na verdade, a resistência do próprio Carnaval, dessa construção que já dura 15 anos, mas que teve vários percalços no caminho", afirma Youssef.

Youssef também conta que o Carnaval aqui em São Paulo "virou coisa séria", por conta do faturamento e geração de empregos. Segundo o Observatório do Turismo, da prefeitura de São Paulo, 15 milhões de pessoas participaram da folia em 2023, o que gerou um faturamento de R$ 2,9 bilhões.

Aqui em São Paulo, o Carnaval já virou coisa muito séria, na geração de renda, na geração de emprego e oportunidade para muita gente. É um assunto de economia criativa. É um assunto cultural, mas, também, de economia criativa.
Alê Youssef, sobre as oportunidades que a folia traz para São Paulo

O bloco enfrentou os "percalços" mesmo quando o Carnaval já era coisa séria na capital, indo de autorização para desfilar apenas na calçada, em 2010, a proibição para sair na rua, em 2012. Em 2018, com o bloco já recebendo grande público, houve até mesmo uma proibição para usar a praça Roosevelt, no centro da capital.

Alessandra Negrini é a Rainha do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

Apesar dos problemas, Youssef e Natacci veem o saldo como positivo. Eles relembram com carinho quando Elza Soares participou do desfile, em 2020, e a vinda do Olodum, em 2023, transformando o Baixo Augusta "em um fenômeno" e "em um movimento cultural importante na cidade". O bloco conseguiu "catapultar" o Carnaval paulistano, segundo eles.

A vinda do Olodum para desfilar pela primeira vez no Carnaval de São Paulo representa uma espécie de chancela que o Baixo Augusta e o Carnaval de São Paulo receberam dos grandes centros carnavalescos. Antes faziam até piada: 'São Paulo não tem Carnaval de rua, como do Rio, como em Salvador e como Recife'. A gente não pisou no calo de ninguém. É que nem a música moleque atrevido, do Jorge Aragão: respeite quem pode chegar onde a gente chegou. A gente chegou sem desmerecer ninguém, sem se contrapor a ninguém e sem querer polarizar contra ninguém. A gente chegou fazendo nossa história com muito trabalho e com essa comunidade que está desde o dia zero de 2009 com a gente.
Alê Youssef, sobre a ascensão do bloco

Identificação pelo bloco

Para ambos, é uma "conquista" todos terem acesso à festa, já que o bloco não possui venda de abadá ou ingressos. "São Paulo conseguiu fazer um carnaval democrático, proibindo venda de abadá e venda de ingresso para você ir em bloco na rua. Isso é uma conquista nossa, de São Paulo", diz Natacci.

Eles contam que escolhem as pessoas para representar o bloco baseado em quem vive na região, e não em quem tem mais seguidores nas redes sociais. Alguns famosos são figurinhas carimbadas, como Alessandra Negrini, Thelminha, Marisa Orth e Tulipa.

Thelminha era uma foliã do Baixo Augusta e era apaixonada [pelo bloco]. Marido dela levou uma foto em tamanho real [durante o BBB 20] para ela curtir o bloco como se estivesse no Baixo Augusta. Thelminha vem porque era foliã do bloco, Alessandra e Tulipa vêm porque eram moradoras do bairro. São pessoas que conversam com o Baixo Augusta, não é à toa. Essa pessoa tem a ver com a gente e se une a nós.
Alê Natacci, ao falar sobre a identificação que o bloco gera nos foliões e moradores

"Por que a gente não faz uma valsa?"

Completando 15 anos, a valsa de debutante não pode ficar de fora da festa e, portanto, uma pessoa dançará com a musa do bloco, Alessandra Negrini. A "brincadeira" surgiu com a fantasia dela, que queria desfilar de debutante, segundo Youssef e Natacci.

O bloco contará com a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, que interpretará "Valsa das Flores", de Tchaikovsky. "Quando a gente foi falar com Edilson Ventureli, da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, ele topou na hora. É uma coisa inédita", diz Youssef.

Espero que a gente possa fazer um drone lindo, com todo mundo dançando valsa, e mandar lá para Viena: 'Olha o que a gente fez com a valsa'.
Alê Youssef, sobre a valsa durante o desfile

Além da valsa, a orquestra também tocará repertório carnavalesco junto da bateria do bloco e Simoninha.

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