Independente conta história de 1º exército feminino e enaltece mulher preta
A escola de samba Independente Tricolor foi a quarta a desfilar pelo Anhembi nesta sexta-feira (9).
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A Independente entrou na avenida com o enredo "Agojie, a lâmina da liberdade". O samba celebra a força da mulher preta e destaca a história das agojie, único exército feminino já existente no mundo, símbolo de resistência e eficiência, que defendeu o Reino do Daomé, atual Benim, entre os séculos 17 e 19. Todas eram pretas. As guerreiras foram retratadas na avenida como símbolo de força e inspiração para as mulheres pretas que seguem lutando nos dias de hoje.
A escola apostou em grandes esculturas nos carros alegóricos e coreografias elaboradas no chão. Sem esconder a inspiração, a escola retratou em um carro alegórico as agojie hollywoodianas de "A Mulher Rei", estrelado por Viola Davis, e "Pantera Negra", que traz as Dora Milaje como defensoras de Wakanda. Outras alas mostraram mulheres poderosas da África, marfins e elefantes, representando a caça dos animais feita pelas agojie. A religiosidade também esteve presente, abordando o vodum. A escola também levou cores vivas à avenida em alas como "A Devoção de Agotime" e "Candaces e o Reino de Meroé". O último carro trouxe o afrofuturismo, representando as mulheres pretas de hoje e amanhã.
A influenciadora e ex-Fazenda Mileide Mihaile foi a rainha de bateria da escola pelo segundo ano consecutivo. "Quando estamos na avenida é com um propósito, tanto de mostrar essa cultura tão bonita do nosso carnaval, como dos enredos escolhidos, que trazem mensagens tão bonitas ao público. E se deparar com uma história tão cheia de significados é uma responsabilidade ainda maior", disse Mileide, em entrevista ao UOL. A escola também trouxe como destaque surpresa Marcia Garcia, de 55 anos, que desfila há anos no Carnaval de São Paulo e promete quebrar mais um recorde pessoal. A ex-atleta do heptatlo pretende desfilar por cinco escolas diferentes no Carnaval paulistano.
Na cor da pele o clamor da igualdade / Toda ancestralidade / Que mãe África nos entregou / Esse encanto ronca em meu tambor / Na essência de guerreiras, anciãs e feiticeiras / Guardiãs da nossa gente / Voz que nunca se calou (ô, ô, ô) / Feito o canto Independente. Trecho do samba cantado pelos intérpretes Chitão Martins e Rafael Pinah
A escola encerrou o desfile faltando pouco para o fim do tempo limite. A Independente Tricolor fechou o portão aos 64 minutos e 16 segundos — o tempo limite para os desfiles é de 65 minutos e 59 segundos.
A Independente Tricolor passou por algumas dificuldades nos últimos anos e tenta conquistar seu título inédito na elite. A escola, considerada a caçula entre todas que desfilam no Grupo Especial, é a segunda ligada à torcida organizada do São Paulo e tem sede na Vila Guilherme. A Independente enfrentou o rebaixamento em 2018, após inúmeros problemas durante o desfile. No ano seguinte, houve um incêndio no barracão da escola. Retornou para a primeira divisão em 2023. Diante de tantos desafios, a agremiação tenta agora dar a volta por cima para conquistar o título pela primeira vez.
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