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Vai-Vai se redime com homenagem ao hip-hop e pede: Preconceito nunca mais!

Desfile da Vai Vai na primeira noite de carnaval no sambódromo do Anhembi Imagem: Simon Plestenjak/UOL
Fernanda Talarico e Julio Costa Barros

Do UOL e colabração para o UOL, em São Paulo

10/02/2024 23h39

De volta à elite do Carnaval de São Paulo, a Vai-Vai foi a primeira a desfilar, neste sábado (10). Ela levou ao sambódromo do Anhembi o enredo "Capítulo 4. Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano".

A agremiação foi a campeã do Grupo de Acesso 1, a segunda divisão do Carnaval local, no ano passado, e, por isso, retorna agora ao Grupo Especial. Com 94 anos, a escola fundada em 1930, no Bixiga, está em busca da redenção e do seu 16º campeonato.

No sambódromo, a Vai-Vai mostrou a rua como espaço em constante disputa pela arte na capital paulista e exaltou ainda os 40 anos da cultura Hip Hop no Brasil, utilizando a linguagem popular dos MCs e DJs, por meio do Rap. O tema é assinado pelo carnavalesco Sidnei França.

A escola fez um manifesto, um protesto, em forma de samba, e pede: preconceito nunca mais. Ela canta os locais ocupados por pessoas negras e a sua importância na criação e manutenção do rap e no hip-hop. Na avenida, Mano Brown também marcou presença. Como destaque, estava Gloria Groove.

Laroyê, axé | Me dê licença, saravá, seu Tranca-Rua | Eu não ando só | O papo é reto e a ideia não faz curva | Renegados da moderna arte | Não faço parte da elite que insiste em boicotar | Acharam que eu estava derrotado | Quem achou estava errado | Corpo fechado, sou cultura popular | Meu verso é a arma que dispara | E a palavra é a bala pra salvar.
Trecho do samba puxado pelo intérprete Luiz Felipe, o LF

Comissão de frente traz o Largo São bento do metro e mostra que "O hip-hop é imortal". No destaque, Exu Tranca-Rua conduz o desfile.

O carro abre-alas fez referência ao filme "Beat Street". A produção mostra a força do hip-hop.

Exu Tranca-Rua abriu o caminho da Vai-Vai na avenida Imagem: Simon Plestenjank/UOL

Ainda sobre os protestos feitos na avenida, houve a ala Sobrevivendo no Inferno, álbum de denúncia dos Racionais MC's. A escola representa o batalhão de choque como demônios.

O rapper Sabotage também foi homenageado em uma ala. Ele morreu em janeiro de 2003 e é um dos grandes nomes do rap nacional.

Maria Eduarda Fraga de Mata, ou simplesmente Madu, fez a sua estreia como rainha de bateria da escola diante dos ritmistas da "Pegada de Macaco", comandados pelos mestres Tadeu, que está há mais de 50 anos à frente da bateria, e Beto. Os músicos homenageiam Nelson Triunfo, o Homem Árvore, pelo tamanho de seu cabelo. Ela foi acompanhada de perto pela madrinha, a cantora Negra Li.

O cantor e compositor Nelson triunfo — ícone do hip hop paulistano — declarou todo o seu amor à Vai-Vai após participar do desfile da escola na noite deste sábado. O artista pernambucano revelou ter frequentado muitos sambas na agremiação antes de começar a ir aos bailes black.

A cabeleira black power de Triunfo é inconfundível e, somando à sua atitude, não deixa dúvida que é do rolê hip hop. Mas o artista contou à reportagem do UOL que o seu amor pelo samba vem de muito tempo.

Sou Vai-Vai antes mesmo de ser do Hip Hop. Imagina isso, eu sempre fui samba e sempre fui Vai-Vai. Dos 15 títulos da escola, participei de 10 aqui na Avenida, com muito orgulho.

O cantor e compositor Nelson Triunfo Imagem: Julio Costa Barros/ UOL

Renatinho Trindade e Fabíola Pereira, casal de mestre-sala e porta-bandeira, em sua segunda passagem pela escola, foram os responsáveis por levar a bandeira ao longo do desfile. Clarício Gonçalves é o presidente.

Os últimos minutos do desfile da Vai-Vai foram tomados por momentos de tensão à medida que o cronômetro chegava ao tempo de 60 minutos — as escolas têm 65 minutos para desfilar. Isso porque ainda faltavam algumas alas e o passo precisou ser acelerado.

Negra Li é a madrinha da bateria da Vai-Vai Imagem: Simon Plestenjank/UOL

Componentes da escola que já haviam encerrado suas apresentações passaram a olhar o relógio e duvidar. "Será que dá tempo? Tem muita gente", disse uma pessoa não identificada na multidão fantasiada.

A escola de samba da Bela Vista apresentou carros alegóricos grandes, complexos e pesados.Também chamou a atenção o número de componentes e alas da agremiação.

A Vai-Vai é considerada a maior campeã do Carnaval paulistano: são 15 títulos do Grupo Especial e 10 vice-campeonatos. Apesar da história vitoriosa, a escola de samba tradicional passou por dificuldades nos últimos anos. Foi rebaixada no Carnaval de 2019, quando ficou em último lugar com 268,8 pontos. A escola voltou à elite, mas caiu novamente, desta vez, em 2022.

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