Na 2ª noite do Especial paulistano, Império, Mocidade e Tucuruvi brilham
Reforçando a boa impressão da noite anterior, as sete escolas que desfilaram neste sábado no Anhembi apresentaram ótimos desfiles e tornaram bastante ingrata a tarefa dos jurados que apontarão a escola campeã do Grupo Especial paulistano. Em uma noite de ótimos desfiles, os destaques foram a Império de Casa Verde, a Mocidade Alegre e os Acadêmicos do Tucuruvi.
De volta ao convívio das grandes escolas, a Vai-Vai levou para o Anhembi uma homenagem aos 50 anos do hip hop, enfatizando sua importância como forma de expressão das periferias paulistanas. O carnavalesco Sidney França elaborou um desfile extremamente ousado, com uma estética moderna. No abre-alas, a Semana de 22 foi contestada ter tido um olhar elitista sobre a cultura. No último carro, uma gigantesca escultura de Borba Gato foi "incendiada". Com um samba valente, os componentes cantaram com entusiasmo ao longo da pista. Muitas alas passaram com coreografias, o que atrasou um tanto a evolução e obrigou a escola a ter que apertar o passo para não ultrapassar o limite máximo de tempo, que é de 65 minutos.
A Tom Maior desfilou em seguida e trouxe um tema indígena, "Aysú: uma história de amor", que trouxe uma releitura para a narrativa mitológica de Orfeu e Eurídice dentro do universo dos povos originários brasileiros. O trabalho do carnavalesco Flávio Campello impressionou pela beleza do seu visual, com alegorias muito bem acabadas, com movimentos e efeitos especiais. As fantasias mantiveram o padrão luxuoso e também foram um ponto positivo. A bateria do mestre Carlão arrebatou o público com suas coreografias. O ponto fraco do desfile foi a evolução, com alguns momentos de correria dos componentes.
Terceira escola a desfilar, a Mocidade Alegre entrou na avenida defendendo o título de campeã do Carnaval paulistano. Com um enredo inspirado na obra de Mário de Andrade, a vermelho e branca fez um desfile imponente. O carnavalesco Jorge Silveira elaborou alegorias e fantasias de grande impacto e beleza, com destaque absoluto para a ala das baianas, que representou a obra de Aleijadinho com extrema fidelidade e com uma estética inovadora para este segmento, sempre tão tradicional. O samba, muito bem interpretado por Igor Sorriso, propiciou uma evolução vigorosa e solta dos componentes.
Os Gaviões da Fiel entraram na avenida com uma comissão de frente com visual futurista e coreografia arrojada, que impressionou o público. O enredo, elaborado pelos carnavalescos Júlio Poloni, Ranyer Pereira e Rodrigo Meiners, foi "Vou te levar pro infinito". Inspirada no verso do samba-enredo campeão de 1995, a narrativa dos Gaviões propôs fazer uma viagem pelas mais diversas nuances da infinitude. Porém, o enredo se mostrou um tanto quanto confuso. Apesar de ter sido recebida com muito carinho pela arquibancada, a escola fez um desfile morno e com evolução inconstante, tendo que apertar o passo nos minutos finais.
A história do rádio no Brasil foi o enredo do Águia de Ouro. Um de seus destaques foi a comissão de frente, onde um casal sintonizava um aparelho gigantesco e, por meio de uma porta giratória, apareciam personagens marcantes deste meio de comunicação. A bateria de mestre Juca também chamou a atenção por sua ousadia e entrosamento. O enredo foi apresentado de forma linear e correta em alegorias e fantasias, mas sem grandes arroubos de criatividade. A escola fez um desfile frio, que não mexeu com as arquibancadas do Anhembi.
Com um enredo em homenagem a Fafá de Belém, a Império de Casa Verde trouxe um visual imponente e colorido. O carnavalesco Leandro Barbosa representou em alegorias e fantasias toda a riqueza cultural da Amazônia e como ela se refletiu na carreira da cantora - que, além de ter desfilado na última alegoria, teve seu rosto reproduzido em esculturas ao longo do desfile. O samba-enredo, tido como um dos melhores do ano, teve um ótimo rendimento e impulsionou um desfile quente e solto, em que os componentes evoluíram com muita alegria pela pista. Terceira colocada nos dois últimos carnavais, a azul e branca se credencia fortemente à disputa pelas primeiras colocações.
Com o enredo "Ifá", refletindo a religiosidade de matriz africana, os Acadêmicos do Tucuruvi encerraram o Grupo Especial de 2024 de São Paulo fazendo um desfile imponente, de belas alegorias e fantasias leves e com ótimas soluções. O samba foi sustentado pela segura atuação da bateria de mestre Serginho. A comissão de frente, que representou o oráculo de consulta aos búzios, foi um dos destaques da apresentação da escola, com uma coreografia muito bem ensaiada e momentos de impacto. Vindos de um décimo-primeiro lugar no último Carnaval, os componentes da escola saíram da avenida com a certeza de que a briga em 2024 será na parte de cima da tabela.
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